

Em 1981, o primeiro título na
Fórmula 1 com o Brabham após grandes disputas; a briga com Salazar no
ano seguinte foi um momento infeliz


Mais campeonatos em 1983 (em
cima), pela mesma equipe, e em 1987 pela Williams com motor Honda, numa
época de rivalidade com Mansell



Depois de dois anos fracos pela
Lotus (em cima), Piquet era terceiro em 1990 com o Benetton (centro); em
1992 acidentava-se em Indianápolis |
Nelson ganhava seu
primeiro mundial com muita alegria e comemoração. Segundo brasileiro a conseguir o feito, sabia de suas responsabilidades
futuras. O carro do projetista Gordon Murray provava ser o melhor.
Infelizmente, em 1982 as corridas de Nelson não foram como ele esperava.
Ele estava pilotando o novo Brabham-BMW com motor turbo e em alguns
traçados seu companheiro de equipe, Riccardo Patrese, chegava a virar
mais rápido com o Brabham-Cosworth. No GP do Brasil, em Jacarepaguá,
chegava em primeiro e, exausto no pódio, quase caiu devido ao calor
carioca e a má ventilação do capacete. Foi apoiado por Prost, Keke
Rosberg e autoridades que estavam por perto. Mas nem ele nem Keke
pontuaram devido a irregularidades no carro. No caso do Brabham-BMW,
tratava-se de uma caixa preta com água que em princípio seria usada para
a refrigeração do motor, mas aos poucos ia liberando o líquido e
deixando o carro mais leve do que o mínimo exigido, portanto mais veloz.
Também não foi bela a cena em agosto no traçado de Hockenheim após o
acidente com Eliseo Salazar. Chegaram a discutir e quase a brigar. A
culpa foi do chileno, mas não foi proposital, pois era um piloto
inexperiente. Piquet já mostrava suas garras e a irreverência para o
mundo do esporte — e chegava a incomodar muita gente. Foi um momento
infeliz em que o brasileiro perdeu a cabeça. Mas no Canadá, em Montreal,
Nelson dava a primeira vitória à BMW. Foi sua única no campeonato, muito
disputado por Rosberg, Didier Pironi, John Watson e Prost. Em 1983 o ano
começava muito bem em Jacarepaguá. O calor em março ainda era intenso,
mas o Brabham BT52 foi impecável — desta vez dentro das normas — e
Piquet ganhou em sua cidade natal seu primeiro GP do Brasil. Era sua
oitava vitória na Fórmula 1. O ano não foi fácil, pois duelou com
pilotos arrojados, de ponta e com bons carros como Prost da Renault,
René Arnoux e Patrick Tambay na Ferrari e Rosberg na Williams. Nelson
ganhou em Monza, na Itália, e em Brands-Hatch no GP da Europa. Ficou
apenas dois pontos à frente de Alain, o suficiente para ser bicampeão
mundial.
O ano seguinte foi muito bom para Lauda com a McLaren, que ganhou o
campeonato, e apenas razoável para Piquet, que só obteria boas vitórias
em Montreal e em Detroit, Estados Unidos. O carro com motor BMW estava
cercado de ótimos concorrentes e havia quebrado muito na temporada. Mais
um grande nome entrava nas pistas em 1985 com muita garra: Ayrton Senna,
que era tão determinado quanto Nelson. Piquet mostraria mais uma vez sua
competência na França em Paul Ricard num ano fraco para a equipe.
Trocava de equipe em 1986, passando a pilotar o Williams FW11 com motor
Honda. Seu companheiro era Mansell e os dois não se afinavam. Piquet
chegava a acertar o carro na última hora para não passar os segredos
para o companheiro. Começava bem o ano dividindo o pódio com Senna — os
dois levantaram a bandeira do Brasil num belo e histórico momento em
Jacarepaguá.
Só em julho cruzava à frente de todos na Alemanha e em agosto na
Hungria. Travou um duelo com Senna e fez uma ultrapassagem histórica que
foi elogiada por muitos, colocando o carro de lado como se estivesse
pilotando num rali. Em Monza dava outro show. No campeonato repleto de
emoções, o palco do pódio era reservado a Senna, Mansell e Prost — o
francês ganhava o campeonato, o inglês ficava em segundo e Nelson em
terceiro. A Williams-Honda levava a taça para casa. Nelson estava ainda
mais afiado em 1987, quando contava com os desacertos de seu
companheiro. Tornou a ganhar na Alemanha e na Hungria e fez sua vigésima
vitória em Monza. Obteve quatro poles na temporada e nas pistas mais
rápidas do mundo na época: Silverstone, já bem conhecida desde os tempos
da Fórmula Três; Monza e Zeltweg, na Áustria. Era o primeiro brasileiro
tricampeão mundial, sendo que Mansell ficava em segundo. Frank Williams
agradecia a competência de seus rapazes.
Num ato pouco feliz para um piloto de ótimo raciocínio, Nelson trocou de
equipe e foi para a Lotus, que também usava o motor Honda. O chassi do
carro não era bom e o motor dificílimo de acertar. Foi um ano dominado
por Senna e Prost, sendo que o brasileiro ganhava seu primeiro
campeonato mundial e Piquet ficava apenas em sexto. Nelson estava na
Benetton com motor Ford em 1990, ano apenas regular, mas com final
feliz. Terminava a temporada em terceiro, ganhando no Japão em Suzuka e
depois na Austrália em Adelaide. Esta vitória foi muito especial por
estar ao lado de seu grande amigo Roberto Pupo Moreno, que chegava em
segundo e era da mesma equipe. No ano seguinte Nelson, já com 39 anos,
era um piloto maduro, feliz com suas conquistas e muito rico. E fez sua
última vitória na Fórmula 1 no Canadá, em junho, de uma forma pouco
comum. Faltando menos de um quilômetro para a bandeirada ser dada a
Mansell, o carro do inglês parou por problemas técnicos. Piquet venceu
divertindo-se muito. Era um adeus que nem ele imaginava após 204 grandes
prêmios, 23 vitórias, 24 poles e 23 melhores voltas.
Tentou fazer provas nos EUA em 1992, mas teve um grave acidente na 500
Milhas de Indianápolis, devido a um pneu furado, que deixou sequelas. Voltou à
prova no ano seguinte, mas abandonou por quebra do motor. Ainda disputou
provas de longa duração com BMW, no Brasil e lá fora, e correu de
McLaren F1 em Le Mans em 1996. Hoje administra a carreira do filho,
corre em algumas categorias por pura diversão e adora gozar a vida. É um
grande e bem-sucedido empresário, tem amigos dentro e fora da
Fórmula 1 e, naturalmente, também aqueles que não o apreciam tanto. Jamais será esquecido, seja pela grande habilidade ou pelo
humor às vezes muito sarcástico.
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