O leão das pistas

Nigel Mansell, o inglês de bigode, obteve grandes resultados nos
anos 80 e 90 e foi campeão tanto na Fórmula 1 quanto na Indy

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

Mansell chegou à concorrida Fórmula Ford em 1976 e no ano seguinte sofria sério acidente, que não tirou sua sede por mais vitórias e títulos

O período na Lotus, de 1981 a 1984, trouxe poucos resultados ao Leão

Na Williams-Honda, de 1985 a 1987, a boa fase: 13 vitórias, dois vices

Nos anos 60 e 70 a televisão mostrava o divertido desenho animado O Leão da Montanha, dos estúdios Hanna-Barbera. O felino cor de rosa sempre que estava em perigo soltava seu preferido bordão: "Saída, pela esquerda!". No mundo do automobilismo, um piloto excepcional também ganhou o apelido de Leão, dado pelos italianos em sua passagem pela Ferrari. E esse leão mordeu as pistas de vários continentes por um bom tempo e com muita vontade.

A Inglaterra nos brindou desde o começo da década de 1950 com pilotos de grande quilate. John Michael Hawthorn, que infelizmente teve carreira curta por causa de um acidente mortal numa estrada em seu país, foi campeão mundial em 1958 e também vencedor da 24 Horas de Le Mans. Stirling Moss, apesar de não ter se sagrado campeão, chegou perto várias vezes e fez carreira brilhante. Nos anos 60, nomes como Graham Hill, Jim Clark e John Surtees figuraram como estrelas de primeira grandeza. Na década seguinte, James Hunt foi campeão mundial em 1976 e houve outras promessas como Roger Williamson, que morreu num grave acidente em Zandvoort.

Nigel Ernest James Mansell, mais conhecido por Nigel Mansell, nasceu em Upon-on-Severn, no condado de Worcestershire, a noroeste de Londres, em 8 de agosto de 1953. Estudou na cidade de Birmingham e no tradicional Matthew Boulton College. O ensino era segmentado em química, física, engenharia elétrica e mecânica, matemática e metalurgia. Na época Nigel já se interessava muito pela mecânica, por aviões e pelos carros de corrida. Com pouco dinheiro e a desaprovação total do pai, começou a correr de kart em 1968, mostrando muito talento e garra. Em 1976, aos 23 anos, estreava na disputada Fórmula Ford inglesa e vencia seis corridas em nove disputadas. O motor de quatro cilindros desses monopostos, chamado de Kent, equipava versões especiais dos Fords Cortina e Capri de produção.

No ano seguinte já era campeão da categoria, vencendo 80% das provas. Um evento grave o fez interromper a carreira em 1977: um sério acidente em que quebrou o pescoço, nos testes de qualificação no famoso circuito de Brands Hatch. Os médicos que o trataram na época suspeitaram que ele ficaria paraplégico. Deveria permanecer no hospital durante seis meses. Mostrando muita vontade de viver e tenacidade, Mansell voltou às pistas depois de apenas três meses e no mesmo ano e ganhou o campeonato de seu país. Correu apenas uma corrida com um Lola T570; no restante da temporada pilotou o Javelin JL5 e o Crossle 25F. No ano seguinte participou de várias categorias, entre elas as Fórmulas 2 e 3 e o campeonato inglês de turismo com um BMW 320i, ganhando em Donington.

Em 1979 fincava o pé na Fórmula 3 com a ajuda de sua esposa Rosanne. Casados havia três anos, venderam a casa onde moravam para que Nigel pudesse sustentar a temporada. Foram 15 corridas com um March 793 e apenas uma vitória em Silverstone. Graças a sua combatividade, era observado por grandes mandatários da Fórmula 1. E um dos principais homens na época era o genial Colin Chapman, dono da Lotus, que usava o excelente motor Cosworth. Nigel tornou-se piloto de testes da equipe, que na época contava com o italiano Elio de Angelis e o ítalo-americano Mario Andretti. A temporada tinha pesos-pesados como Alan Jones, Nelson Piquet, Carlos Reutemann, Jacques Laffite, Didier Pironi, René Arnoux, Riccardo Patrese, Keke Rosberg, Gilles Villeneuve, Emerson Fittipaldi, Alain Prost e Jody Scheckter. Alguns, novatos como ele, seriam grandes rivais de Mansell. Infelizmente a Lotus não estava muito bem.

Em 1981 Nigel estreava na Fórmula 1, tendo como companheiro de equipe o também jovem De Angelis. Foi uma temporada muito fraca para a Lotus — o melhor resultado do inglês seria um terceiro lugar na Bélgica em Zolder. No ano seguinte as coisas não mudaram muito. Seu companheiro ganhava na Áustria, em Zeltweg, e no fim do ano Chapman falecia. Em 1983 a Lotus estava enfraquecida. Trocava o motor Cosworth pelo Renault, mas ainda não apareciam bons resultados. Nigel chegou em terceiro no GP da Europa em Brands Hatch. Pelo menos seu público pode vê-lo em seu primeiro pódio. No ano seguinte estreava o Lotus-Renault 95T, com motor V6 turbo, e conseguia outra vez dois terceiros lugares — na França em Dijon e na Holanda em Zandvoort. Em Mônaco, debaixo de um pé d’água, mostrou pela primeira vez as garras e no GP dos Estados Unidos, em Dallas, fez a primeira pole position. Era seu último ano na Lotus. Em 1985 estava em nova equipe, a Williams-Honda, e tinha como companheiro o finlandês Keke Rosberg, também muito rápido e audaz. Continua

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Data de publicação: 22/9/09

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