Senna, Prost, Mansell e Piquet formavam um quarteto que marcou os anos 80; embaixo Nigel e Nelson na Williams, em tempos de rivalidade

Mansell na Ferrari em 1989, antes do conflito com Prost dentro da equipe, e em 1991 "dando carona" a Senna após vencer o GP inglês

O ano do Leão foi 1992, em que levou o título da F-1 com quase o dobro de pontos de Patrese; nas fotos, vitórias no Brasil (em cima) e Espanha

Nigel com os filhos Leo e Greg em foto recente: boas lembranças da F-1

Frank Willians estava bem ancorado com seus rapazes e nosso querido Ayrton Senna havia assumido seu posto na Lotus. Em junho, Keke vencia em Detroit, EUA e mostrava que o motor Honda era competente. Nigel vencia em casa na pista de Brands Hatch e na seguinte em Kyalami, na África do Sul. Ficou em sexto no campeonato vencido por Alain Prost com o McLaren-TAG. Em 1986, ano dos motores turbo limitados a 1,5 litro, a disputa foi duríssima. Seu novo companheiro, Nelson Piquet, ganhou a primeira prova no Brasil. Mansell mostrou que estava ali para trabalhar muito e venceu em Spa-Francorchamps, Bélgica; em Montreal, Canadá; em Paul Ricard, França; novamente em Brands Hatch e em Estoril, Portugal. Fechou o ano como vice-campeão com diferença de apenas dois pontos. No ano seguinte o Williams FW11B branco, azul e amarelo não teve concorrentes à altura. Nigel vencia em Imola, Paul Ricard, Silverstone, Zeltweg, Jerez (Espanha) e também a prova mexicana. Piquet levava o campeonato e Nigel era o vice. A rivalidade entre os dois beirava a intolerância.

O clima na equipe não era bom — e piorava em 1988, quando a Willians perdia o motor Honda para a McLaren. Na carreira de Nigel, foi um ano a ser esquecido. O motor Judd era muito fraco perante a concorrência e irregular. Seu único trunfo foi a melhor volta e um segundo lugar em Silverstone debaixo de uma tempestade. A Ferrari recebia o inglês de braços abertos no ano seguinte e os fanáticos torcedores deram-lhe o apelido “Il Leone”. Estava com um motor V12 de 3,5 litros e 660 cv. No Brasil, em Jacarepaguá, vencia sua primeira prova pela escuderia italiana. Levou o boxe à loucura, mas muita coisa ainda estava por vir. Seu companheiro de equipe era o austríaco Gerhard Berger. A Ferrari só voltou a vencer em Budapeste, na Hungria. Nigel ficava em quarto no campeonato atrás de Prost, Senna e Patrese num ano muito tumultuado. O inglês também se mostrou indisciplinado em algumas ocasiões.

Em 1990 a Ferrari cometia um erro grave que outros times já haviam feito: ter uma dupla de primeira. Para fazer companhia a Nigel chamaram Prost, campeão da temporada anterior. Num ano disputado por Prost, Senna e Piquet, Nigel só ganhou em Estoril e ficou muito insatisfeito com a Ferrari. Era relegado a segundo plano, mas merecia tratamento igual. Em julho, em Silverstone, chegou a anunciar que abandonaria o esporte. Fez a pole com um tempo bem abaixo dos demais e na corrida, muito disputada nas primeiras 20 voltas, foi traído pelo câmbio. Mas o show dado por ele no México, no circuito Hermanos Rodriguez, foi inesquecível. Rodou e perdeu a posição para Berger, mas o ultrapassou num local dificílimo com o pé embaixo. Voltava para a Willians no ano seguinte vestindo o macacão azul, com o potente motor Renault e o experiente Patrese como colega. Ganhou três corridas seguidas no meio da temporada, esquentando o campeonato, em Magny-Cours (França), Silverstone e Hockenheim (Alemanha). Tornava a vencer em Monza e em Barcelona, na Espanha. Do GP inglês é memorável a cena em que "deu carona" de volta aos boxes para Senna, durante sua volta da vitória, pois o brasileiro havia ficado sem combustível. Terminou o ano em segundo atrás de Ayrton.

Se no horóscopo chinês 1992 era o ano do macaco, a Fórmula 1 mostrava que era também o ano do Leão. Em Kyalami a torcida viu a vitória de Mansell. O motor Renault RS4, um V10 de 3,5 litros, despejava a bagatela de 750 cv a espantosas 14.000 rpm. O Williams FW14B tinha suspensão ativa, freios com sistema antitravamento (ABS) e caixa semi-automática. O inglês ganhou outras oito corridas na África do Sul, México, Brasil, Espanha, San Marino, França, Inglaterra e Portugal. Fez o recorde de 14 poles e oito voltas mais rápidas, totalizando 108 pontos no ano — quase o dobro do segundo colocado Patrese. A glória e o sonho haviam chegado para o homem de bigode de 39 anos, que em vários momentos se comportava como um adolescente dentro e fora das pistas. Era um herói inglês e mundial. A equipe Williams-Renault também foi campeã e Nigel se retirou da categoria com cabeça erguida e com muita honra.

Em 1993 o Leão ia para os EUA correr para o time do grande ator Paul Newman, a equipe Newman/Haas Racing. Na Indy, fazia sua estreia sem nenhuma timidez já ganhando no circuito de rua de Surfers Paradise. Venceu ainda em Milwaukee, Michigan, New-Hampshire e Nazareth. Fez sete poles, totalizou 191 pontos e ganhou o campeonato vendo o público vibrar muito em cada vitória. Foi uma sensação para os norte-americanos e ganhou o título Estreante do Ano (Rookie of the Year) com causa. Em 1994, por causa da morte de Ayrton, foi chamado pela Williams para pilotar outra vez um F-1. Ganhou a última prova em Adelaide, Austrália. No ano seguinte teve um breve relacionamento com a McLaren e em 1996 com a Jordan-Peugeot. Preferiu se retirar.

Com o sangue felino ainda fervente, correu no Campeonato de Turismo Britânico com um Ford Mondeo sem maiores resultados. Recentemente, em 2005 e 2006, animou a festa no GP Masters, uma bela tentativa de fazer competir com carros quase idênticos pilotos com mais de 40 anos e experiência na Fórmula 1, como Emerson Fittipaldi, os franceses René Arnoux e Patrick Tambay, os italianos Andrea de Cesaris, Pierluigi Martini e Riccardo Patrese, o inglês Derek Warwick e o alemão Hans-Joachim Stuck. O Leão ganhou duas provas. Todos eram convidados e, por falta de patrocínio, a categoria infelizmente não passou de meados de 2007. Dois anos depois, Nigel ressurgia no automobilismo pilotando um Ginetta-Zytek GZ09S na Série Le Mans, em parceria com o filho Greg e Lawrence Tomlinson, vencedor da 24 Horas e presidente da fábrica de carros esporte Ginetta.

Mansell foi um exemplo de tenacidade e competitividade que deu muita alegria a quem o viu correr. As manhãs de domingo eram muito mais animadas e divertidas com ele e seus concorrentes de peso como não se vê mais. Hoje ele acompanha os filhos Leo e Greg na Fórmula Atlantic. Ambos, sua filha Chloe e a esposa Rosanne devem sentir muito orgulho do grande Leão.

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