
Além do grande talento ao
volante, Moco era muito leal a seus amigos


O começo da carreira europeia
foi na Fórmula 3, em 1970, ano em que se sagrou campeão inglês; na foto
inferior, em um bonito contra-esterço

Moco (no centro) também correu
de Fórmula 2 antes de chegar até a F-1 |
Em 1964 já era integrante da equipe de carros amarelos com uma pequena
faixa verde na parte superior. As berlinetas Interlagos, mais rápidas e
sofisticadas, eram entregues aos pilotos mais experientes e os
Gordinis ficavam com os
“aprendizes”. Moco não se intimidou e ganhou na classe até 850 cm³ a
Três Horas de Interlagos. Na prova seguinte, com as fábricas
participando com muito empenho, a Simca inscreveu o modelo
Abarth para fazer frente ao Interlagos. Já
com as mãos no volante da berlineta, numa disputa feroz, Moco chegou em
terceiro na 500 Quilômetros de Interlagos atrás do experiente Luis
Pereira Bueno, seu companheiro de equipe, e Ciro Cayres, vencedor com o
Abarth.
Ainda nesse ano, na Seis Horas de Curitiba, os Gordinis ganharam nas
mãos de Bird Clemente, Wilson Fittipaldi, Pace e Carol Figueiredo. No
Rio de Janeiro, na 500 Quilômetros da Guanabara, Moco tornou a chegar em
segundo junto com Vittorio Andreatta num Interlagos. O ano de 1965 não
seria bom para José Carlos por conta de várias indefinições nas equipes
brasileiras, mas 1966 traria grandes glórias e mudanças. A famosa equipe
Dacon se formava graças a seu amigo Paulo Goulart e outros de seu
círculo. Na época Moco já tinha um Porsche 911. Era simpático, simples e
modesto e nem todos sabiam que seu pai era dono de uma famosa tecelagem.
A primeira vitória da equipe paulista com Moco, ao volante de um
Volkswagen Karmann-Ghia,
aconteceu numa corrida disputada em três baterias no Autódromo de
Interlagos. Ele venceu as duas últimas disputando muito com o
GT Malzoni com motor DKW de Chico
Lameirão. Não ganhou a primeira pois a porta de seu Karmann-Ghia estava
abrindo a cada curva, atrapalhando muito a pilotagem. Também tirou o
segundo lugar na inauguração do Autódromo Internacional do Rio de
Janeiro. No fim do ano, na 1.000 Quilômetros da Guanabara, o show foi
mais completo: a dupla Wilson Fittipaldi/Ludovico Perez tirou o primeiro
lugar e Moco/Totó Porto o segundo. A cada prova Moco se mostrava mais
ousado e seguro de sua pilotagem.
Em maio de 1967, na 1.000 Quilômetros de Brasília, a Dacon levou os três
primeiros lugares. Moco e Wilsinho venceram de ponta a ponta, honrando a
última prova da equipe. Um ano depois ele estava de volta à equipe
Willys dirigindo o belo protótipo Bino Mk II, com motor Renault de 1,3
litro e 110 cv para um peso de 570 kg. Era mais uma prova de que os
brasileiros sabiam fazer um bom carro de corrida. Junto com Luis Pereira
Bueno, venceu a 1.000 Quilômetros de Brasília e outras duas provas no
Rio de Janeiro. Tornaram-se campeões brasileiros. Moco tinha muito
orgulho disso. Estreava a Fórmula Vê e Pace vencia a primeira etapa do
Campeonato Brasileiro. Provava que também era bom em monopostos.
O ano de 1969 seria de novos carros, vários importados e muito potentes,
e novas equipes no Brasil. Na Três Horas do Rio de Janeiro, Moco ganhava
com um dos mais belos e potentes protótipos da década, o Alfa Romeo P33.
Estava com um carro muito superior aos dos concorrentes, mas isso não
lhe tirava o mérito. Ainda no ano vencia com o Alfa a 500 Quilômetros de
Salvador, com Marivaldo Fernandes. A dupla também faturou a 1.000
Quilômetros de Brasília com um Alfa
GTA. O competente Marivaldo se tornaria um grande amigo seu. Outros
expoentes que o apoiavam muito eram os irmãos Alcides e Abílio Diniz.
Em 1970 partia para a Inglaterra, como fizeram os irmãos Fittipaldi. Na
época era o melhor país para os brasileiros aparecerem aos construtores
e empresários europeus. Na equipe de Fórmula 3 do renomado Jin Russel,
Moco ganhou quatro corridas, tirou cinco segundos lugares e cinco
terceiros, tornando-se campeão inglês. Foi o terceiro no importante
Lombank Trophy. Já era casado com Elda e moravam em Attleborough, não
muito longe da pista de Snetterton. No ano seguinte disputava as
Fórmulas 2 e 3 na Europa e no Brasil. Aqui teve adversários famosos como
David Walker, Wilson Fittipaldi Jr., David Purley, Fritz Jordan,
Marivaldo Fernandes, Alan Jones e Bueno.
Moco estava num Lotus 59 da equipe Bino e, na F-2, com um March
712 da equipe de Frank Williams, mas sem resultados expressivos.
Continua
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