A dupla milanesa de sucesso

As versões sedã e cupê do Giulia, incluindo o esportivo GTA,
foram um capítulo importante da história da Alfa Romeo

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

A Anonima Lombarda Fabrica Automobili, ou Alfa Romeo, sempre foi um tradicional fabricante de carros rápidos, bonitos e apaixonantes. E um orgulho para os italianos. Fundada em 1906 pelo francês Alexandre Darracq, um construtor de carros de corridas, em 1914 começou a ser dirigida por Nicola Romeo. No começo da década de 1950 iniciava-se a retomada para muitas empresas européias, que ou foram muito danificadas pela Segunda Guerra Mundial ou tiveram suas instalações destinadas a outros fins que não os automóveis. No caso da Alfa Romeo, nessa época sombria para o velho continente sua produção foi dedicada a motores de aviões e tanques de guerra.

Começava outra vez a produção de belos carros. Seus produtos principais eram o 6C 2500, que estava em fim de carreira, e o novo e atraente cupê 1900 SS. No final da década já havia o modelo 2000, que deu origem a nosso JK, e a famosa linha Giulietta, apresentada em 1954, que deu início à retomada de sucesso da empresa e à expansão das instalações em Milão. No começo dos anos 60 a Alfa já era a segunda empresa automobilística italiana em produção. Novos projetos estavam em andamento: começava a Operação Giulia, ou projeto Tipo 103, como era conhecido internamente.

O sedã quatro-portas foi o primeiro modelo da linha Giulia, aqui na versão TI de 1,3 litro: linhas equilibradas e tecnologia das pistas nos motores

Em 1959 já rodavam os primeiros protótipos, que denunciavam as futuras linhas. Maquetes na escala 1:18 eram trabalhadas em gesso e, no túnel de vento, serviam a testes aerodinâmicos. Nos laboratórios eram realizados diversos ensaios. No caso do motor, foi submetido à rotação máxima por longo tempo, como se fizesse uma viagem de Nápoles a Milão, cerca de 850 quilômetros. As rodas foram testadas simulando a curva de Lesmo, no autódromo de Monza, 20.000 vezes a 120 km/h. A carroceria era submetida, em câmeras especiais, a temperaturas que variavam de 30°C negativos a 60°C.

Vários componentes do motor eram originários de experiências adquiridas em competições ou de carros de série bem-sucedidos. As câmaras de combustão hemisféricas e o duplo comando de válvulas vinham do modelo 1900 SS. As válvulas refrigeradas a sódio, do Giulietta Sprint Veloce Mille Miglia de 1956. O dínamo e o motor de arranque eram de outro Giulietta Sprint Veloce, que havia participado da 24 Horas de Le Mans em 1958; o coletor de escapamento de alta resistência vinha do Disco Volante 3500. Elementos da suspensão dos Giuliettas TI e SZ, que correram a Targa Florio de 1958, eram usados. Na carroceria, no caso do futuro modelo sedã, a traseira ligeiramente truncada era baseada na segunda versão do Giulietta SZ 1300.

Quatro faróis circulares, o escudo na grade, motor de duplo comando, câmbio de cinco marchas: na versão TI, o Giulia mostrava-se um legítimo Alfa Romeo

Finalmente, em 1962, era iniciada a linha Giulia. O sedã de quatro portas tinha estilo interessante, moderno e equilibrado. Com três volumes bem definidos, media 4,14 metros de comprimento e pesava 980 kg em sua versão básica. Na frente a grade cromada tinha o famoso escudo identificador da marca e faróis circulares. Os limpadores de pára-brisa usavam hastes opostas (como em muitas minivans de hoje), de modo a obter boa varredura nas extremidades superiores do vidro. A traseira era levemente truncada. Familiar, transportava com relativo conforto cinco pessoas. Com correto acabamento e bom gosto nos materiais, a empresa fazia bela combinação de cores no interior, tornando-o muito aconchegante. Um exemplar de cor externa verde poderia vir com os revestimentos em marrom, por exemplo. Continua

Carros do Passado - Página principal - Escreva-nos - Envie por e-mail

Data de publicação: 4/3/06

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados - Política de privacidade