O modelo 1966 já trazia algumas
alterações, como as famosas rodas Fuchs e a versão 911 S (embaixo), com
160 cv e pouca força em baixa
O 912: versão mais simples e
barata com motor de 1,6 litro e 102 cv
Com ou sem o vidro traseiro
envolvente, o Targa evocava descontração com a parte dianteira do teto
removível, para um jeito de conversível
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Sua
carroceria em aço estampado tinha estrutura
monobloco. As medidas eram 4,16 metros de comprimento, 1,61 m de
largura, 1,32 m de altura e 2,21 m de entreeixos. O cupê seguia a
receita de seu antecessor, pois era leve — 1.080 kg — e a carroceria
trajava linhas fluidas.
Por dentro, os bancos dianteiros eram separados e confortáveis, com
desenho esportivo que se adequava bem ao interior. Quanto ao traseiro,
só em caso de emergência poderia transportar mais duas pessoas. O
volante de grande diâmetro, um gosto dos alemães presente também nos
Mercedes-Benz e BMWs, tinha dois raios e o aro podia receber acabamento
em madeira. Seu painel exibia cinco mostradores. O maior, ao centro, era
o conta-giros — característica esportiva que nunca seria descartada — e
ao lado trazia velocímetro, marcadores de temperatura e nível do tanque,
manômetro de óleo, voltímetro e relógio. Tinha desenho correto, com
instrumentos e botões bem posicionados, mas a chave de contato estava à
esquerda, posição incomum que facilitava dar partida de fora do carro.
O grupo propulsor ficava atrás, com seis cilindros opostos (boxer) e
arrefecimento a ar. Bloco e cabeçotes eram de ferro fundido. Com
cilindrada de 1.991 cm³ (diâmetro de 80 mm e curso de 66 mm), era
alimentado por dois carburadores da marca Solex e fornecia potência de
130 cv e torque máximo de 17,8 m.kgf. O desempenho agradava em cheio à
clientela: de 0 a 100 km/h precisava de apenas 7,5 segundos e sua
velocidade máxima era de 210 km/h. Uma novidade era a lubrificação por
cárter seco e com radiador de óleo.
O câmbio manual de cinco marchas tinha disposição interessante, com a
primeira para trás e à esquerda, a segunda para frente e assim por
diante. Embora prático no uso esportivo, por deixar as quatro marchas
mais usadas no "H" normal, causava certa estranheza aos iniciantes, que
não raro saíam em segunda. Com início de vendas marcado para maio de
1964, mas concretizado apenas em setembro, seus principais concorrentes
eram os conterrâneos
Mercedes-Benz 230 SL e BMW 2000
CS; os ingleses MG B, Triumph TR-4A e
Austin-Healey 3000; o sueco
Volvo P1800 S e os italianos
Lancia Flaminia GT e Alfa Romeo 2600 Sprint.
Comparado ao 356, era um esportivo com ótimo comportamento dinâmico,
graças a uma suspensão com novo desenho. Na frente era independente pelo
sistema McPherson, com barra de torção longitudinal, e atrás tinha
braços semi-arrastados e barra de torção transversal (saiba
mais sobre os tipos de suspensão). A direção leve e precisa tinha
caixa de pinhão e cremalheira e os quatro freios eram a disco, com maior
diâmetro na traseira por causa do peso concentrado ali. Detalhe
interessante eram os freios de estacionamento a tambor, incorporados aos
discos traseiros. Contava com pneus na medida 165-15, rodas com calotas
e sobre-aros cromados.
Opção
acessível
Em 1965 a Porsche descontinuava o 356 e precisava de uma opção
mais barata para uma clientela menos abastada. Essa opção chamou-se 912
e vinha com motor de quatro cilindros e 1.582 cm³, com dois
carburadores de corpo duplo, 102 cv e 12,4 m.kgf.
Seu desempenho estava longe de ser acanhado: de 0 a 100 km/h em 12
segundos e máxima de 185 km/h. Usava rodas com calota simples, pneus
165-14 e câmbio de quatro marchas em vez de cinco. Por dentro tinha
acabamento mais simples e painel com apenas três mostradores, ainda com
o conta-giros no centro. Seu peso era menor, 980 kg.
Ainda nesse ano surgia uma versão que seria copiada por várias empresas
por anos a fio. Não era um conversível completo, mas conferia charme e descontração semelhantes. Batizado de Targa
em homenagem à lendária prova italiana Targa Florio, disputada em terras
sicilianas, este belo Porsche tinha uma larga coluna central em aço
inoxidável. O teto à frente dessa coluna e o vidro traseiro podiam ser
removidos, deixando-o arejado, sem prejuízo da rigidez estrutural. Fez
muito sucesso desde seu lançamento, nas versões 911 e 912. Se um Porsche
já era prazeroso ao dirigir, o Targa era mais ainda.
Em 1966 já haviam saído da fábrica 12.820 exemplares da linha, sendo que
9.090 eram do 912. Este custava 34% a menos que o 911 e competia com o
italiano Alfa Romeo Giulia Sprint GT, os ingleses
Lotus Elan S2 e Triumph Spitfire e o francês
Alpine A 110.
Continua
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