Se o estilo da linha Passat
já não é a última palavra, a Variant continua a impressionar bem com seu
perfil baixo e curvas suaves da carroceria
Faróis de xenônio em ambos os
fachos, com sistema autodirecional, e belas lanternas, mas as rodas
parecem muito esportivas para o modelo |
Peruas são espaçosos e confortáveis veículos familiares, que trafegam
devagar pelas estradas com bagagem até o teto (às vezes também sobre o
teto) e fazem curvas ainda mais lentas para não enjoar as crianças no
banco traseiro, certo? Talvez sim, pois era assim que nós, nossos pais
ou nossos avós viajavam com suas Caravans, Belinas, Variants ou mesmo
Quantuns num passado não muito distante. Mas talvez não mais. Como todos
os automóveis, as peruas deram grandes passos evolutivos e hoje, para
quem tiver o que elas custam, há opções capazes de acompanhar um bom
sedã — quem sabe um bom esportivo — nas retas e nas curvas.
E uma delas, curiosamente, atende por um nome que relembra dois modelos
históricos da Volkswagen: a Passat Variant.
A fábrica alemã é hoje uma das poucas a apostar, no Brasil, nesse
segmento tão forte no mercado europeu com dois modelos, sendo o outro a
Jetta Variant trazida do México. Audi (com A4 e A6 Avant) e Volvo (com
V50 e XC70) também oferecem uma dupla de peruas nas categorias de luxo,
enquanto marcas como Citroën, Mercedes-Benz, Peugeot e Subaru apresentam
uma só, e alguns fabricantes, nenhuma. Nesta versão V6 4Motion, que tem preço sugerido de R$ 167.100, a
Passat concorre com a A4 Avant de 2,0 litros (com 183 cv, tração
dianteira e caixa automática de variação contínua Multitronic) por R$
152.000, a Subaru Legacy Outback de 3,6 litros (com 280 cv, tração integral
e caixa automática) a R$ 165.000 e, com preço bem menor, a
Peugeot 407 SW
V6 (3,0 litros, 211 cv, tração dianteira e caixa automática) por R$
138.600.
Mas dizíamos que a Variant em nada se parece com as peruas de outros
tempos. De fato, ela já se diferenciava claramente delas quando
avaliamos sua geração anterior, em 1999, época em que usava plataforma
Audi, motor V6 de 2,8 litros e 193 cv, tração dianteira e caixa automática
Tiptronic. Se então sua aptidão para ser dirigida com entusiasmo já
havia cativado, não poderia ser menor agora que o motor passou para 3,2
litros e 250 cv, a tração é integral e a versão conta com a
prestigiada caixa manual automatizada DSG de
dupla embreagem e seis
marchas.
De fato, a Variant V6 impressiona bem desde o primeiro contato. A
silhueta de carro longo, largo e baixo conquista quem não é apreciador
de utilitários esporte e prefere colocar a família mais perto do solo,
onde os movimentos da carroceria no percurso são bem menos percebidos. A
frente típica da marca, com faróis que usam lâmpadas de xenônio em
ambos os fachos (com sistema autodirecional)
e ampla grade cromada, forma um conjunto harmonioso com as laterais
simples e a traseira elegante, em que as lanternas horizontais fogem à
tradição de peças verticais do modelo. O único ponto dissonante, a
nosso ver, é o desenho esportivo das rodas de 17 pol: um modelo mais
tradicional seria mais condizente com o jeito da perua.
De porta aberta, o aspecto interno agrada de imediato. Os plásticos
mostram alta qualidade e, em um país saturado de revestimentos negros, o
couro cinza claro da Passat (pode ser também bege) traz a sensação de arejamento e de espaço
ainda mais amplo. Os excelentes bancos dianteiros, com espuma firme e
amplos apoios laterais como num bom carro alemão, trazem aquecimento e ajuste
elétrico em todas as direções — distância, altura e inclinação do
assento, inclinação do encosto, intensidade e altura do apoio lombar —
para motorista e passageiro ao lado. O condutor ainda dispõe de três
memórias de posição. O banco traseiro acomoda muito bem dois adultos,
com farto espaço lateral e para pernas, embora o encosto incomode um
terceiro passageiro.
O painel deixa de lado a sobriedade alemã com o desenho envolvente, em
que o acabamento junto ao para-brisa parece ligar as molduras superiores
dos forros de porta de um lado e de outro. O posto do motorista, no
entanto, é sério e funcional, com todos os comandos e instrumentos bem
localizados e de fácil operação. O quadro de instrumentos tem leitura
simples, iluminação eficaz em branco e vermelho e um mostrador central
que serve ao computador de bordo, a mensagens de aviso, ao
configurador
de funções, ao repetidor digital do velocímetro e até a um termômetro
do óleo do motor. O pé esquerdo encontra um apoio bem definido, também
uma marca germânica.
Continua |