Nadando contra a corrente

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Em um mercado escasso em peruas médias, a Volkswagen renova
a Jetta Variant de olho em quem não quer minivans ou utilitários

Texto: Roberto Agresti - Fotos: divulgação

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Na frente, faróis e grade com perfil mais alongado e o fim da moldura cromada; atrás, mudanças muito tímidas onde poderiam ser maiores

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O interior está mais moderno com o painel bem integrado, o volante do Passat CC e os principais mostradores em módulos que os destacam

Ao contrário de modelos com produção local como o Golf, que se dão ao luxo de ficar duas gerações para trás do equivalente europeu, carros importados estão necessariamente atualizados com os que são vendidos no Primeiro Mundo. Isso explica por que a Volkswagen apresenta agora no Brasil uma nova Jetta Variant, com aspecto frontal similar à do Golf de sexta geração (o nacional permanece na quarta), antes mesmo da estreia internacional do Jetta sedã remodelado — é mais provável que esse modelo ganhe carroceria toda nova, inspirada na do New Compact Coupe revelado em janeiro no Salão de Detroit.

Com a mudança, a Variant importada do México (onde se chama Golf Sportwagen e não está vinculada ao sedã da linha, denominado Bora por lá) assume os novos padrões de estilo da marca de Wolfsburg, caracterizado por linhas mais horizontais na parte dianteira. Os faróis estão maiores e mais alongados e trazem luzes de direção circulares dentro do conjunto, em vez da faixa na parte inferior usada antes. O acabamento cromado que ligava a grade superior à entrada de ar do para-choque desaparece, assim como os frisos também cromados abaixo dos faróis, e o emblema VW passa a recortar mais a extremidade do novo capô. As rodas de 17 pol têm outro desenho, a antena de teto lembra uma barbatana de tubarão e, na traseira, a seção branca das lanternas ganha tom mais escuro. Por fora, isso é tudo. A VW bem poderia ter aproveitado para remodelar a seção posterior, de gosto discutível.

No interior as mudanças estão no painel redesenhado e com maior integração entre os elementos. A seção central, que parecia desconectada do restante no anterior, agora flui para o console central e se liga melhor à região do quadro de instrumentos, que também foi refeita com velocímetro e conta-giros em dois módulos destacados do restante. O volante mais esportivo, semelhante ao do Passat CC (mas também disponível nos simples Gol e Voyage com câmbio automatizado...), continua com três raios e comandos de áudio e telefone celular. O sistema de áudio conta com novo rádio/CD com MP3 e tela de 6,5 pol sensível ao toque, a qual comanda também o ar-condicionado com duas zonas de ajuste de temperatura.

Ao preço sugerido de R$ 84 mil, a Jetta vem com farto equipamento de série, em que se destacam controles de estabilidade e tração, seis bolsas infláveis (duas frontais, duas laterais dianteiras e duas cortinas para a área envidraçada das quatro portas), revestimento dos bancos em couro, computador de bordo, ar-condicionado automático de duas zonas, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro com indicação gráfica no painel, controlador de velocidade e caixa automática de seis marchas com operação manual sequencial. Com os opcionais disponíveis — teto solar de grandes dimensões, faróis com lâmpadas de xenônio em ambos os fachos, limpador de para-brisa automático e retrovisor interno fotocrômico —, some cerca de R$ 11 mil à conta. Vale?

Vale. Mas é preciso verificar para quem tudo isso vale. No ano passado a Jetta Variant seduziu pouco mais de 1.000 compradores, número pífio em um mercado como o nosso, mas que vive dias de preferências diversas. Hoje a moda é o utilitário esporte ou a minivan. O balaio é grande: cabem desde modernidades como Citroën C4 Picasso e Grand Picasso até queridinhos da classe média-alta, como Hyundai Tucson e Honda CR-V. Todavia, sendo uma perua, a Variant (assim como a Renault Mégane Grand Tour, única remanescente nacional), sofre aos olhos de muitos por não oferecer a posição de dirigir elevada que a ala feminina tanto aprecia ou o amplo ambiente interno tão valorizado nas minivans. E isso para não citar as pouco usadas — mas muito admiradas — capacidades fora-de-estrada dos utilitários que povoam cada vez mais nossas ruas. Com isso, perua em nosso mercado não está com a bola toda.

E por que razão a VW traz do México uma versão refrescada da Variant? Por acreditar que há gente que não está tão encantada assim com os atuais líderes do mercado na faixa de R$ 80 mil a R$ 100 mil — como vários de nós aqui no Best Cars, o autor incluso. Por se tratar de apenas uma leve evolução sobre um veículo já avaliado, fica fácil concluir que sim, que continuamos a gostar muito da Jetta Variant — sobretudo por ela custar, agora, R$ 1.200 a menos, possível pela queda do dólar nos últimos meses. E ser ainda um excitante carro de família. Continua

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Data de publicação: 24/3/10

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