Na frente, faróis e grade com
perfil mais alongado e o fim da moldura cromada; atrás, mudanças muito
tímidas onde poderiam ser maiores
O interior está mais moderno com
o painel bem integrado, o volante do Passat CC e os principais
mostradores em módulos que os destacam |
Ao contrário de modelos com produção local como o Golf, que se dão ao
luxo de ficar duas gerações para trás do equivalente europeu, carros
importados estão necessariamente atualizados com os que são vendidos no
Primeiro Mundo. Isso explica por que a Volkswagen apresenta agora no
Brasil uma nova Jetta Variant, com aspecto frontal similar à do
Golf de sexta geração (o
nacional permanece na quarta), antes mesmo da estreia internacional do
Jetta sedã remodelado — é mais provável que esse modelo ganhe carroceria
toda nova, inspirada na do
New Compact Coupe
revelado em janeiro no Salão de Detroit.
Com a mudança, a Variant importada do México (onde se chama Golf
Sportwagen e não está vinculada ao sedã da linha, denominado Bora por
lá) assume os novos padrões de estilo da marca de Wolfsburg,
caracterizado por linhas mais horizontais na parte dianteira. Os faróis
estão maiores e mais alongados e trazem luzes de direção circulares
dentro do conjunto, em vez da faixa na parte inferior usada antes. O
acabamento cromado que ligava a grade superior à entrada de ar do
para-choque desaparece, assim como os frisos também cromados abaixo dos
faróis, e o emblema VW passa a recortar mais a extremidade do novo capô.
As rodas de 17 pol têm outro desenho, a antena de teto lembra uma
barbatana de tubarão e, na traseira, a seção branca das lanternas ganha
tom mais escuro. Por fora, isso é tudo. A VW bem poderia ter aproveitado
para remodelar a seção posterior, de gosto discutível.
No interior as mudanças estão no painel redesenhado e com maior
integração entre os elementos. A seção central, que parecia desconectada
do restante no anterior, agora flui para o console central e se liga
melhor à região do quadro de instrumentos, que também foi refeita com
velocímetro e conta-giros em dois módulos destacados do restante. O
volante mais esportivo, semelhante ao do Passat CC (mas também
disponível nos simples Gol e Voyage com câmbio
automatizado...), continua com três
raios e comandos de áudio e telefone celular. O sistema de áudio conta
com novo rádio/CD com MP3 e tela de 6,5 pol sensível ao toque, a qual
comanda também o ar-condicionado com duas zonas de ajuste de
temperatura.
Ao preço sugerido de R$ 84 mil, a Jetta vem com farto equipamento de
série, em que se destacam controles de
estabilidade e tração, seis bolsas infláveis (duas frontais, duas
laterais dianteiras e duas cortinas para a área envidraçada das quatro
portas), revestimento dos bancos em couro, computador de bordo,
ar-condicionado automático de duas zonas,
sensores de estacionamento dianteiro e traseiro com indicação
gráfica no painel, controlador de velocidade
e caixa automática de seis marchas com operação manual sequencial. Com
os opcionais disponíveis — teto solar de grandes dimensões, faróis com
lâmpadas de xenônio em ambos os fachos,
limpador de para-brisa automático e retrovisor interno
fotocrômico —, some cerca de R$ 11 mil à
conta. Vale?
Vale. Mas é preciso verificar para quem tudo isso vale. No ano passado a
Jetta Variant seduziu pouco mais de 1.000 compradores, número pífio em
um mercado como o nosso, mas que vive dias de preferências diversas.
Hoje a moda é o utilitário esporte ou a minivan. O balaio é grande:
cabem desde modernidades como
Citroën C4
Picasso e Grand Picasso até queridinhos da classe média-alta, como
Hyundai Tucson e Honda CR-V. Todavia, sendo uma perua, a Variant (assim
como a Renault Mégane
Grand Tour, única remanescente nacional), sofre aos olhos de muitos
por não oferecer a posição de dirigir elevada que a ala feminina tanto
aprecia ou o amplo ambiente interno tão valorizado nas minivans. E isso
para não citar as pouco usadas — mas muito admiradas — capacidades
fora-de-estrada dos utilitários que povoam cada vez mais nossas ruas.
Com isso, perua em nosso mercado não está com a bola toda.
E por que razão a VW traz do México uma versão refrescada da Variant?
Por acreditar que há gente que não está tão encantada assim com os
atuais líderes do mercado na faixa de R$ 80 mil a R$ 100 mil — como
vários de nós aqui no Best Cars, o autor incluso. Por se tratar
de apenas uma leve evolução sobre um veículo já
avaliado, fica fácil concluir que
sim, que continuamos a gostar muito da Jetta Variant — sobretudo por ela
custar, agora, R$ 1.200 a menos, possível pela queda do dólar nos
últimos meses. E ser ainda um excitante carro de família.
Continua |