
O Lima tornava mais acessível a
proposta nostálgica dos anteriores; usava carroceria de plástico e motor
de 2,3 litros originário da Vauxhall


Com quatro rodas de 13 pol à
frente e duas de 16 pol atrás, o Six trouxe fama à Panther; tinha
interior luxuoso, com TV, e um motor V8 de 600 cv


Os Mercedes 500 SEL e SEC
serviram a personalizações discutíveis, como o Daytona (em cima), e o
Range Rover podia vir com três eixos


Já da fase sul-coreana, o
Kallista mantinha o jeito retrô e adotava motor Ford; o Solo (embaixo)
teve versões com motores Cosworth e Mercedes |
Em 1977 a Panther lançava seu mais extravagante carro: o Six. O nome não
se referia ao número de cilindros, mas sim ao de rodas. Inspirado no Tyrrell P34
da Fórmula 1 da época, o carro tinha dois eixos dianteiros e um traseiro. As
quatro rodas da frente eram menores que as de trás e as vantagens divulgadas
eram melhor frenagem devido a uma maior área de discos, maior estabilidade e
frente bem baixa e aerodinâmica. De resto, as rodas mais à frente serviam para
limpar a água em pistas molhadas. O Six tinha circuito triplo de freios e um
inovador sistema de extinção de incêndio.
Ele usava motor V8 Cadillac de 8,2 litros com dois turbos e 600 cv, suficientes
para 322 km/h. O câmbio era automático de três marchas, pois objetivo principal
era o conforto. Isso também levou a um ar-condicionado originário de enormes
cabines de caminhões com leito, muitos comandos elétricos, painel digital e TV
no painel. Os pneus de tamanhos diferentes exigiam dois estepes, um na medida
dos da frente (205/40 R 13) e outro na dos de trás (265/50 R 16), alojados na
enorme parte traseira. Grade cromada e faróis escamoteáveis davam um toque
esportivo ao enorme roadster de 4,88 m de comprimento e 2,03 m de largura. O
peso era de pouco mais de 1.300 kg e havia dois tanques de 70 litros.
Apenas dois Six foram feitos, o primeiro com carroceria de alumínio e o segundo
de fibra-de-vidro. No ano seguinte era apresentado o Equus, um conversível de
dois lugares com linhas modernas e mecânica Vauxhall. Foi planejado para ser
produzido na Irlanda do Norte, mas problemas financeiros impediram seu
lançamento. No período a empresa fazia ótimas réplicas do
AC Shelby Cobra com carrocerias de
alumínio. Em 1979 vinha a segunda série do Lima, a MKII, também produzida por
três anos. Além do motor básico, havia as opções de preparação pela DTV e de
turbo, esta com 200 cv 0-96 km/h em 6 segundos.
Os problemas financeiros cresciam e em 1980 a empresa foi vendida para o grupo
sul-coreano Jindo Industries, fabricante de contêineres. Após a venda, a empresa
passou por uma reestruturação de produtos. Houve o Lima com motor 1,8-litro e o
J72 renomeado como Brooklands, com um V8 norte-americano de 255 cv, Concluída
sua produção em 1982, com 422 carros entre Brooklands e J72, a empresa
aproveitou as instalações para personalizar carros.
Foi dessa fase o Harrod's Jaguar, em parceria com a famosa loja de departamentos
londrina Harrod's, em 1983. O carro, baseado no sedã Jaguar XJ, tinha acabamento
de alto luxo, televisão e videocassete. Mercedes-Benz também eram modificados
sob nomes como Typhoon, Daytona e Tornado. O mais extraordinário era o Typhoon,
derivado do cupê 500 SEC, disponível tanto em versão fechada como em
conversível, com enormes aerofólios traseiros, duas televisões e dois
videocassetes. Outro SEC modificado era o 1000 SEC, com portas do tipo asa de
gaivota. Sedãs da Mercedes também recebiam frentes semelhantes à do
Aston Martin Lagonda.
O utilitário Range Rover era personalizado em versões de duas e quatro portas,
limusines e landauletes. Chegava a receber um eixo traseiro extra, ficando com
seis rodas, e motores de 6,9 litros. O Range atraiu a atenção até do ditador da
Líbia, Muamar Khadafi, que encomendou 50 unidades. Outros carros personalizados
no período foram da Vauxhall: o VX 4/90 e o Chevette, que
recebia turbo.
Em 1982 o Lima teve seu sucessor, o Kallista, com desenho semelhante. Para
baratear o carro, o chassi e a carroceria de alumínio eram produzidos na Coreia
do Sul. Os motores eram da Ford inglesa: 1,6 de
Escort ou V6 2,8 de
Capri, que logo ganhava injeção. Mais
dois anos e surgia a versão de exportação para os EUA, com motor 2,3 de
Mustang. Variações especiais também
foram lançadas, como Brooklands, Roadster e as de prêmios de concursos
promocionais das batatas Smiths Crisps e da revista Penthouse.
O primeiro novo projeto após a aquisição pelo Jindo foi o Solo, em 1984. O carro
esporte de dois lugares dispunha de linhas modernas e motor entre-eixos de 106
cv. Depois que Kim dirigiu um Toyota MR2
recém-lançado, achou que o Solo não estava à altura e mandou iniciar um novo
projeto, pronto em três anos: o Solo 2, com motor Ford Cosworth de 204 cv e
tração nas quatro rodas. Lançado em 1989, teve apenas 13 unidades feitas — uma
delas, o Solo 3, recebeu motor Rover V8 de 3,9 litros.
Em 1988 a Dong-A-Motor, também da Coreia do Sul, comprou a Panther, mas foi logo
depois adquirida pela SsangYong, que planejou usar as instalações inglesas para
produzir o Panther Stampede, um jipe de luxo inspirado no Isuzu Trooper. A
dificuldade de produção levou a empresa a fechar a fábrica inglesa e transferir
a produção do Kallista para seu país, enquanto a do Solo foi cancelada. Em 1992
era lançado o Kallista sul-coreano, agora com carroceria de fibra-de-vidro. A
produção só durou até 1995, quando foi exposto o CRS, enorme neoclássico de 5,33
metros com a marca SsangYong
— era o fim da
Panther. Foram produzidos 1.600 Kallistas.
Também aparecia à época o SsangYong Solo 3, derivado do Solo 2, com traseira
alongada para caber o motor Mercedes de 220 cv, o mesmo do CRS. Nenhum chegou à
produção. Após a venda da Panther, Jankel formou a Le Marquis, empresa que
produzia versões especiais de carros de alto luxo, como Aston Lagonda,
Ferrari 400 GT com quatro portas e
Mercedes 190E de seis. Mais
tarde, com a marca RJD — de Robert Jankel Design —, surgiram o Golden Label,
conversível dois-lugares de alto luxo com mecânica Bentley Turbo, e o Tempest,
um Corvette todo modificado, com motor
V8 de 6,7 litros para ir de 0 a 96 km/h em 3,9 segundos.
Jaguar, Rolls-Royce e Bentley alongados e Rolls-Royces com seis portas também
faziam parte da linha RJD, assim como a perua Val D'Isere, baseada no Bentley,
com tração integral. Por último, Jankel criou a Jankel Special Vehicles que
—
além de executar blindagens e alongamentos
—
produziu o Aigis, um utilitário esporte blindado, com foco de vendas no
Oriente Médio. Jankel faleceu em 2005. |