O outro felino inglês

De modelos nostálgicos a um carro com seis rodas, a Panther
teve sua carreira marcada por criatividade e extravagância

Texto: José Geraldo Fonseca - Fotos: divulgação

O J72, com carroceria de alumínio inspirada na do SS 100 Jaguar dos anos 30, foi o primeiro Panther; no alto o modelo Six, com seis rodas

O De Ville lembrava o Bugatti Royale até mesmo na grade; feito como sedã e conversível, oferecia motores Jaguar de seis e de 12 cilindros

O Panther FF (em cima) copiava o Ferrari 125 S Barchetta com motor do 330 GTC; o Rio, com mecânica Triumph, buscava mercado mais amplo

A marca inglesa Panther, embora de vida curta, teve seus “15 minutos” de fama global graças à extravagância de um de seus carros. Fabricante de modelos cobiçados em seu auge, a empresa foi fundada por Robert Jankel, que, quando jovem, resolvera construir um carro com linhas esportivas como as do Lotus VI sobre o chassi do Austin Seven. Pegando gosto pelo que fez, passou a construir carros em seu tempo livre.

Sua qualidade construtiva atraiu interesse de compradores, sendo uma das primeiras encomendas para um sobrinho do Rei Farouk do Egito. Logo fez um cupê com motor V8, inspirado em um carro no qual o inglês Stirling Moss correu a Mille Miglia. Mais tarde participou de competições e montou a empresa de preparação Superspeed. Para uma viagem à Espanha com a família, construiu a réplica de um Rolls-Royce Phantom II com carroceria Brewster, pronta em 1971. Como diversas encomendas de cópias surgiram, Robert passou a se dedicar apenas à construção de carros.

Um SS 100 Jaguar da década de 1930 serviu de modelo para o Panther J72 (J de Jankel e 72 do ano), em que o nome (pantera) era uma brincadeira com Jaguar. O interior de dois lugares era luxuoso, com forração de couro e painel em nogueira. O roadster tinha carroceria de alumínio e o motor seis-cilindros do Jaguar XJ6, com 3,8 litros e 220 cv; havia opção pelo de 4,2 litros. A aceleração era fantástica: de 0 a 96 km/h em 6,4 segundos. Os pedidos de compra do J72 foram tantos que Jankel montou a empresa Panther Westwinds Ltd., com sede em Weybridge. Logo surgia o J72 V12 com motor de 12 cilindros da Jaguar. Agora, de 0 a 96 km/h ele levava 5,7 segundos.
 
Um novo modelo, também nostálgico, surgia em 1974: o Panther De Ville, que tinha como fonte de inspiração o Bugatti Royale até na grade em forma de ferradura. O luxo estava no painel de nogueira, revestimento em couro, teto solar elétrico, telefone, frigobar, televisão e videocassete. Os motores eram o seis-em-linha e o V12 da Jaguar. Sua primeira versão foi um sedã de quatro portas com proporções dos clássicos da década de 1930, mas logo surgiu um conversível de duas portas.

Uma versão superalongada foi feita para o Sultão de Omã. Um dos últimos exemplares, de 1983, era uma limusine de seis portas em exemplar único para o príncipe Suliaman da Malásia. Além de 92 cm maior, estava 32 cm mais largo. O ornamento sobre o radiador era um pássaro de ouro 24-quilates da bicentenária joalheria Garrard. Os dois últimos De Villes foram construídos em 1984 para o rei Fahd da Arábia Saudita, um cupê e um conversível. No total foram feitos 62.
 
Willi Felber, revendedor de carros de luxo na Suíça, encomendava à Panther também em 1974 um carro esporte dois lugares inspirado no Ferrari 125 S Barchetta dos anos 50. A empresa então produziu o FF, com motor V12 de Ferrari 330 GTC com 350 cv em uma carroceria bastante leve, para acelerar de 0 a 96 km/h em 4,5 segundos com máxima de 257 km/h. Sete unidades do FF foram feitas, uma delas com o V12 do 365 GTB/4 Daytona. Devido a problemas comerciais, a produção passou à italiana Michelotti. Uma réplica do Lancia D24 também foi construída, em 1975, para o empresário suíço.

Outro Panther com motor Ferrari foi o NART, sob encomenda de Luigi Chinetti Jr., proprietário da North American Racing Team. Por baixo de uma carroceria de perua luxuosa, com painel de nogueira e ar-condicionado, existia um motor dianteiro de Daytona com dois turbos e 600 cv, para a estonteante máxima de 370 km/h. Embora a frente lembrasse a do 365 GTB/4, a traseira arredondada com um amplo vidro era diferente de quase tudo o que existia. Também da época foi o Panther Lazer, um bugue com carroceria de alumínio, linhas angulosas, três lugares lado a lado e motor Jaguar de 4,2 litros. Foi encomendado por um canadense que acabou desistindo do carro, por fim vendido a um príncipe iraniano de apenas 14 anos.  
  
Ainda em 1975 surgiu o Panther Rio. Era uma tentativa de entrar em um mercado mais amplo com um sedã de prestígio com linhas atuais, que usava o Triumph Dolomite como base. Apenas a parte central da carroceria era a mesma. No interior vinham painel de nogueira, couro e muitos equipamentos. O motor era o Triumph de 2,0 litros e 16 válvulas, com 127 cv. Entre 1975 e 1976 foram feitas apenas 36 unidades, pois o carro apresentava um problema: pequeno espaço interno.
 
O Panther seguinte, ainda em estilo nostálgico, mas também com pretensões de alavancar as vendas, aparecia em 1976. O Lima, mais simples que o J72 ou o De Ville, tinha desenho original com traços de diversos carros dos anos 30 a 50. Como o objetivo era ser mais popular, a carroceria era de plástico e fibra-de-vidro com portas vindas do MG Midget. A pintura usava duas cores e o motor também era menos oneroso, um Vauxhall de 2,3 litros e 108 cv. Compacto, ele media 3,61 m de comprimento. Vendeu cerca de 600 unidades em três anos. Continua

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Data de publicação: 16/8/11

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