A marca inglesa Panther, embora de vida curta, teve seus “15 minutos” de
fama global graças à extravagância de um de seus carros. Fabricante de
modelos cobiçados em seu auge, a empresa foi fundada por Robert Jankel,
que, quando jovem, resolvera construir um carro com linhas esportivas
como as do Lotus VI sobre o chassi do Austin Seven. Pegando gosto pelo
que fez, passou a construir carros em seu tempo livre.
Sua qualidade construtiva atraiu interesse de compradores, sendo uma das
primeiras encomendas para um sobrinho do Rei Farouk do Egito. Logo fez
um cupê com motor V8, inspirado em um carro no qual o inglês
Stirling Moss correu a Mille
Miglia. Mais tarde participou de competições e montou a empresa de
preparação Superspeed. Para uma viagem à Espanha com a família,
construiu a réplica de um
Rolls-Royce Phantom II com carroceria Brewster, pronta em 1971. Como
diversas encomendas de cópias surgiram, Robert passou a se dedicar
apenas à construção de carros.
Um SS 100 Jaguar da década de 1930 serviu de modelo para o Panther J72 (J de Jankel e 72 do ano), em
que o nome (pantera) era uma brincadeira com Jaguar. O
interior de dois lugares era luxuoso, com forração de couro e painel em
nogueira. O roadster tinha carroceria de alumínio e o motor
seis-cilindros do Jaguar XJ6, com 3,8
litros e 220 cv; havia opção pelo de 4,2 litros. A aceleração era
fantástica: de 0 a 96 km/h em 6,4 segundos. Os pedidos de compra do J72
foram tantos que Jankel montou a empresa Panther Westwinds Ltd., com
sede em Weybridge. Logo surgia o J72 V12 com motor de 12
cilindros da Jaguar. Agora, de 0 a 96 km/h ele levava 5,7 segundos.
Um novo modelo, também nostálgico, surgia em 1974: o Panther De Ville,
que tinha como fonte de inspiração o
Bugatti Royale até na grade em forma de ferradura. O luxo estava no
painel de nogueira, revestimento em couro, teto solar elétrico,
telefone, frigobar, televisão e videocassete. Os motores eram o
seis-em-linha e o V12 da Jaguar. Sua primeira versão foi um sedã de
quatro portas com proporções dos clássicos da década de 1930, mas logo
surgiu um conversível de duas portas.
Uma versão superalongada foi feita para o Sultão de Omã.
Um dos últimos exemplares, de 1983, era uma limusine de seis portas em
exemplar único para o príncipe Suliaman da Malásia. Além de 92 cm maior,
estava 32 cm mais largo. O ornamento sobre o radiador era um pássaro de
ouro 24-quilates da bicentenária joalheria Garrard. Os dois últimos De
Villes foram construídos em 1984 para o rei Fahd da Arábia Saudita, um
cupê e um conversível. No total foram feitos 62.
Willi Felber, revendedor de carros de luxo na Suíça, encomendava à
Panther também em 1974 um carro esporte dois lugares inspirado no
Ferrari 125 S Barchetta dos anos 50. A empresa então produziu o FF, com
motor V12 de Ferrari 330 GTC com 350 cv em uma
carroceria bastante leve, para acelerar de 0 a 96 km/h em 4,5 segundos
com máxima de 257 km/h. Sete unidades do FF foram feitas, uma delas com
o V12 do 365 GTB/4 Daytona.
Devido a problemas comerciais, a produção passou à italiana Michelotti.
Uma réplica do Lancia D24 também foi construída, em 1975, para o
empresário suíço.
Outro Panther com motor Ferrari foi o NART, sob encomenda de Luigi
Chinetti Jr., proprietário da North American Racing Team. Por baixo de
uma carroceria de perua luxuosa, com painel de nogueira e
ar-condicionado, existia um motor dianteiro de Daytona com dois turbos e
600 cv, para a estonteante máxima de 370 km/h. Embora a frente lembrasse
a do 365 GTB/4, a traseira arredondada com um amplo vidro era diferente
de quase tudo o que existia. Também da época foi o Panther Lazer, um
bugue com carroceria de alumínio, linhas angulosas, três lugares lado a
lado e motor Jaguar de 4,2 litros. Foi encomendado por um canadense que
acabou desistindo do carro, por fim vendido a um príncipe iraniano de
apenas 14 anos.
Ainda em 1975 surgiu o Panther Rio. Era uma tentativa de entrar em um
mercado mais amplo com um sedã de prestígio com linhas atuais, que usava
o Triumph Dolomite como base. Apenas a
parte central da carroceria era a mesma. No interior vinham painel de
nogueira, couro e muitos equipamentos. O motor era o Triumph de 2,0
litros e 16 válvulas, com 127 cv. Entre 1975 e 1976 foram feitas apenas
36 unidades, pois o carro apresentava um problema: pequeno espaço
interno.
O Panther seguinte, ainda em estilo nostálgico, mas também com
pretensões de alavancar as vendas, aparecia em 1976. O Lima, mais
simples que o J72 ou o De Ville, tinha desenho original com traços de
diversos carros dos anos 30 a 50. Como o objetivo era ser mais popular,
a carroceria era de plástico e fibra-de-vidro com portas vindas do MG
Midget. A pintura usava duas cores e o motor também era menos oneroso,
um Vauxhall de 2,3 litros e 108 cv. Compacto, ele media 3,61 m de
comprimento. Vendeu cerca de 600 unidades em três anos. Continua |