
America, o primeiro da linha: um
250 GTE 2+2 com motor de 4,0 litros



No 330 GT 2+2 aparecia um novo
estilo, com polêmicos quatro faróis; nas fotos menores, o requinte
interno do America (à esquerda) e do GT |
A
fábrica de automóveis esporte fundada em 1947 por Enzo Ferrari sempre
usou formas de denominação as mais diversas. Um número, que podia
indicar desde a cilindrada unitária (por cilindro) do motor até seu
número de cilindros e a cilindrada total (caso de 512 para 5,0 litros e
12 cilindros), costumava vir acompanhado de uma sigla ou um nome que
identificava o modelo ou a família do carro.
Assim, dentro da série 250 era
possível encontrar de um sóbrio cupê 250 GT até um arisco 250 LM com
motor central e potência de 320 cv. Com a série 330 não foi diferente:
houve com tal número quatro modelos de rua e dois para competição na 24
Horas de Le Mans (além da linha 330 P/P2/P3/P4 de competição, que não
abordamos aqui), cada um com seu desenho de carroceria e configuração,
mas com algo em comum para justificar a denominação: o motor V12 com
cilindrada de 3.967 cm³ ou 330,5 cm³ por cilindro — a razão do número
330.
O primeiro Ferrari 330 foi o America, apresentado em 1963 como evolução
dos 250 GT 2+2 e GTE 2+2, que haviam sido os primeiros carros da marca
com capacidade para quatro pessoas. À parte o número no logotipo, era
difícil distinguir um 250 de um 330, pois ambos tinham a mesma
carroceria de três volumes bem definidos desenhada por Pinin Farina — a
grafia da época ainda não era Pininfarina — e distância entre eixos de
2,60 metros.
As linhas discretas e elegantes traziam faróis em destaque nos
pára-lamas, grade ovalada e lanternas traseiras verticais em pára-lamas
salientes em relação à tampa do porta-malas. Por dentro, exibiam
acabamento luxuoso em couro, painel completo, console elevado (que
deixava a alavanca de câmbio bem à mão) e o clássico volante dos
esportivos italianos, com três raios metálicos e aro de madeira.
Era sob o capô que eles se diferenciavam. Se o 250 usava o motor V12
"Colombo" (projetado por Gioacchino Colombo) de 2.953 cm³, com potência
de 240 cv, no 330 aparecia uma inédita unidade de 3.967 cm³, também com
comando de válvulas único nos cabeçotes e
três carburadores Weber, que fornecia 300 cv a 6.600 rpm. O motor era
igual ao do 400 Superamerica de 1960 (não confundir com o
410 Superamerica de 5,0 litros) nas dimensões de
diâmetro e curso, mas mostrava diferenças como o espaço entre os
cilindros — para permitir futuros aumentos de cilindrada —, a posição
das velas de ignição e o alternador no lugar do dínamo. Apenas 50
unidades do America chegaram às ruas, todas no mesmo ano.
Já em janeiro de 1964 aparecia o verdadeiro sucessor do 250 GTE 2+2,
denominado 330 GT 2+2. A carroceria de Pinin Farina originária do 250
recebera alterações na frente, com quatro faróis principais que não
agradaram a muita gente, e na traseira com lanternas horizontais e pára-lamas
mais baixos, além de se apoiar em um chassi 50 mm mais longo entre eixos
(agora com 2,65 m) a fim de acomodar melhor os passageiros do banco
traseiro.
Continua
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