Racionalidade em medidas compactas

Sem grande apelo estético, o Renault 6 atendeu aos europeus
e até aos argentinos com espaço, economia e robustez

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

Com cinco portas como o Renault 16, este pequeno francês ganhava versatilidade de uso; a frente com faróis circulares foi usada no início

Os carros pequenos sempre foram muito apreciados na Europa, por suas ruas estreitas nas cidades centenárias e alto custo dos combustíveis. Praticidade, economia e robustez eram pontos relevantes para seus compradores, mas por várias vezes a estética ficava em segundo plano. Na década de 1960, a Régie Renault francesa contava com os modelos R4, tremendo sucesso dentro e fora do território nacional; Dauphine, já em final de carreira; o pequeno sedã R8 e suas várias versões; o esportivo Caravelle e o topo de linha R16, lançado em 1965 com linhas modernas e atraentes. Apesar de uma linha completa, pensava em substituição para o R4 de 1961.

No país gaulês existe uma expressão muito comum, que é fazer o novo usando algo já velho. Partindo desta prática era apresentado em 1968 o Renault 6, que usava a plataforma do R4 alongada em 25 centímetros, mas com linhas inspiradas no R16, sobretudo nas laterais e na frente. Era o projeto 118, no qual a empresa trabalhou por seis anos. O pequeno hatch de cinco portas, apresentado no Salão de Paris, tinha medidas compactas e ótima área envidraçada. Media 3,85 metros de comprimento, 1,54 m de largura, 1,50 m de altura e 2,44 m de distância entre eixos e pesava 750 kg.

Uma de suas virtudes era a versatilidade. Podia ser usado como um carro comum e também como utilitário, pois o banco traseiro podia ser rebaixado e a abertura da quinta porta era ampla. A carroceria de aspecto simpático e moderno não despertava paixões, mas a racionalidade era apreciada. Na frente trazia faróis circulares em molduras cromadas e grade divida ao meio com frisos cromados e discretos. Visto de lado as linhas eram retas e angulosas. Fácil de estacionar, permitia malabarismos nas ruas.

Espaçoso, chegava a levar seis pessoas pelo fato de ter a alavanca de câmbio no painel e bancos largos na frente, apesar de separados. Por dentro tinha uma simplicidade ímpar, com volante de dois raios e instrumentação horizontal. Abaixo do painel havia espaço para pequenos objetos e, em vez de apoios de braço nas portas, havia um puxador de couro para ajudar a fechá-la.

Seu motor, dianteiro e longitudinal, era refrigerado a água e tinha quatro cilindros em linha, 845 cm³, potência de 38 cv e torque máximo de 5,8 m.kgf. Bloco e cabeçote eram em ferro fundido, com comando de válvulas no bloco. O vão do motor era amplo e o radiador recuado permitia fácil acesso para manutenção. Alimentado por um carburador de corpo simples de marca Solex ou Zenith, sua velocidade máxima era de 120 km/h e a aceleração de 0 a 100 km/h demorava longos 30 segundos. O desempenho foi criticado, embora o da concorrência não fosse muito melhor. A prioridade estava na economia — seu consumo chegava a 16 km/l. A tração era dianteira e o câmbio tinha quatro marchas, todas sincronizadas. Continua

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Data de publicação: 9/9/08

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