O sedã de Alejandro

Interessado em abonados clientes do segmento de luxo,
De Tomaso fez o Deauville, seu primeiro quatro-portas

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

Nos anos 50 e 60, estar dentro de um Jaguar, Mercedes-Benz, Bentley ou Cadillac era sinônimo de imponência. Alguns fabricantes de carros esportivos enxergaram um filão neste segmento, na forma de um sedã de alto luxo associado a grande desempenho. Foi nesta tendência que embarcou o argentino Alejandro De Tomaso, construtor de carros esporte.

Sua empresa, estabelecida num bairro de Modena, na Itália, terra também da Ferrari, já havia produzido modelos muito interessantes. O primeiro carro esportivo foi o Vallelunga. Em 1967 apresentou o Mangusta, com linhas muito arrojadas e belas, e em 1970 veio seu maior sucesso: o Pantera. Mas De Tomaso queria algo que fizesse concorrência ao Jaguar XJ, ao Mercedes-Benz 300, ao Lancia Flaminia e ao Maserati Quattroporte. E que fosse aos Estados Unidos buscar clientes desses modelos e da Cadillac.

A relação de Alejandro De Tomaso era muito boa com o todo-poderoso da Ford, Lee Iaccoca. O executivo da empresa americana, que já fornecia motores para a italiana, tinha muito interesse em tirar clientes da Ferrari e não escondia sua admiração pelos modelos da Jaguar. A partir de conversas, chegaram ao plano de produzir um sedã de alto gabarito para encantar os endinheirados da época. Passaram ao desenhista Tom Tjaarda (que havia trabalhado nos estúdios Ghia e Pininfarina e desenhado o Ferrari 365 California) a missão de fazer os primeiros esboços do novo automóvel.

Formas imponentes, perfil baixo, grandes dimensões: o Deauville surgia em 1970 como uma ramificação da linhagem de carros esporte da De Tomaso

A primeira apresentação foi feita a um grupo seleto de jornalistas em Modena, em novembro de 1970. Mas, quando chegaram lá, não encontraram o dono nem viram o carro. Subitamente Alejandro chegou em seu belo sedã de quatro portas, denominado Deauville. O nome vinha de um sofisticado balneário francês na região da Normandia. A pequena cidade tem hotéis e restaurantes de alto preço, cassinos, hipódromos e butiques de grife. Tudo para agradar à elite — assim como o carro.

O Deauville media 4,89 metros de comprimento, 1,88 m de largura, 1,37 m de altura e 2,77 m de distância entre eixos e pesava expressivos 1.810 kg. Tinha clara inspiração no Jaguar XJ, sobretudo de perfil e na parte traseira. Com boa área envidraçada, sua carroceria era realmente mais moderna que a da concorrência. Na frente vinham quatro faróis circulares em molduras quadradas. A grade em trapézio invertido tinha frisos horizontais. Os pára-choques discretos tinham luzes direcionais, que também estavam nos pára-lamas dianteiros. Mais ao estilo europeu, tinha poucos cromados. A visibilidade era ótima devido às estreitas colunas. Continua

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Data de publicação: 27/3/07

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