O pincel por trás das obras

Antes de abrir a própria empresa de projetos, Leonardo Fioravanti
desenhou Ferraris que estão entre os mais belos da história

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Fioravanti em uma foto recente: em 24 anos de trabalho na Pininfarina, saíram de suas pranchetas seis Ferraris de produção e três conceitos

O elegante Dino 206 GT, sem o nome Ferrari, foi seu primeiro desenho; nas fotos inferiores o estudo P5, com portas do tipo "asa de gaivota"

Costuma-se atribuir o desenho de automóveis a estúdios independentes ou departamentos de estilo de fabricantes, sem se atentar às pessoas que estão por trás daqueles traços. É comum, por exemplo, pensar-se em Bertone quando se fala no Lamborghini Miura (na verdade, desenhado por Marcello Gandini quando trabalhava para o estúdio) ou em Ghia quando se vê o De Tomaso Pantera (elaborado, de fato, por Giorgetto Giugiaro durante sua breve passagem pela empresa).

O mesmo aplica-se a diversos Ferraris que marcaram época, lançados entre as décadas de 1960 e 1980 e assinados com o clássico logotipo do estúdio Pininfarina. Diante das pranchetas nas quais suas linhas foram traçadas estava não Battista Pininfarina ou seu filho Sergio, mas sim Leonardo Fioravanti, que trabalhou por 24 anos para um dos estúdios de estilo mais famosos do mundo do automóvel antes de abrir a própria empresa.

Nascido em 1938, o italiano Fioravanti estudou engenharia mecânica na Politécnica de Milão, especializando-se em aerodinâmica. Pouco tempo após se formar, ingressava em 1964 no estúdio Pininfarina, onde desenharia nove modelos para a Ferrari, sendo seis para produção em série e três carros-conceito.

Seu primeiro trabalho para a fábrica de Maranello não levava o logotipo do cavalo empinado: era o Dino 206, apresentado no Salão de Turim de 1966, que dava início à série de carros mais acessíveis denominada com o apelido de Alfredo, o filho já falecido de Enzo Ferrari. Leonardo definiu formas curvilíneas e harmoniosas para o cupê, que não escondia seu parentesco aos Ferraris com a tomada de ar ovalada na frente e os faróis circulares em alojamentos recortados nos para-lamas.

Os passos seguintes eram dois carros-conceito. No Salão de Genebra de 1968 era revelado o Ferrari 250 P5 Berlinetta Speciale. Um chassi P4 foi "vestido" por uma ousada carroceria de linhas muito suaves, com as extremidades dos para-lamas dianteiros protuberantes em relação à parte central da frente, portas do tipo "asas de gaivota" e área envidraçada (somando-se o para-brisa às janelas laterais, que avançavam no teto) em forma de meia elipse. Um grande vidro deixava o motor à vista, solução que apareceria em vários Ferraris de produção mais tarde.

Menos radical, e mais voltado a propor ideias de estilo para os carros de série, era o Ferrari P6 do evento de Turim do mesmo ano. A frente baixa tinha os faróis encobertos por lentes lisas para melhor penetração aerodinâmica, enquanto a traseira alta e truncada parecia seguir os preceitos do suíço-alemão Wunibald Kamm. Recessos nas laterais precediam as tomadas de ar para o motor central-traseiro. Muitos elementos de estilo do P6 seriam aproveitados no 365 GT4 BB e no 308 GTB da década seguinte.

 

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Data de publicação: 31/1/12

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