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O Daytona de 1968 (fotos no alto) trazia os faróis atrás de lentes, como no conceito P6 (embaixo), mas eles mudariam para o tipo escamoteável

O 365 Berlinetta Boxer (em cima) mantinha a ligação visual com o P6; já os recessos das laterais do conceito apareceram no 308 GTB, embaixo

Foto: RM Auctions

Um sedã Ferrari de quatro portas? Certamente inesperado, mas o Pinin foi válido como proposta para homenagear o fundador da Pininfarina

Fechando com chave de ouro seu período com os Ferraris, Fioravanti remodelou o 308 GTB para fazer o 288 GTO, que também abre o artigo

Foto: RM Auctions

Mais tarde no mesmo 1968, outra obra de Fioravanti era o destaque de Maranello no Salão de Paris: dessa vez tratava-se de um legítimo Ferrari — e um dos mais memoráveis da história da marca. O 365 GTB/4, mais conhecido por Daytona, aparecia com uma frente de forte identidade com os faróis atrás de lentes, como no P6, e mostrava grande equilíbrio de proporções. A solução acabaria sendo alterada três anos mais tarde, em favor de faróis escamoteáveis, por não atender aos padrões dos Estados Unidos.

Se o Daytona mantinha o motor dianteiro, a Ferrari não demoraria a aderir à tendência pela posição central-traseira, lançada em 1966 pelo Lamborghini Miura entre os supercarros. O Salão de Turim de 1971 via a estreia de mais um grande desenho de Fioravanti: o 365 GT4 BB, ou Berlinetta Boxer, com um 12-cilindros opostos atrás da cabine, que em dois anos seria colocado em produção. Havia inegável influência do P6 em seu estilo, mas os faróis principais eram escamoteáveis — mesmo assim, as lentes transparentes vinham abaixo deles para manter a ligação com aquele conceito de 1968 e com o Daytona original.

Os anos 70 foram um período de traços mais retilíneos, tendência da qual a Ferrari não escapou. Claro exemplo é o do 365 GT 2+2, modelo mais familiar e luxuoso que a marca de Maranello lançava em setembro de 1972. Embora o perfil mais conservador do carro não permitisse a Fioravanti lançar mão de propostas ousadas, havia nele elementos de estilo em comum com os esportivos: como no 512 BB, os faróis de neblina lembravam os faróis principais do primeiro Daytona. Esse cupê seria produzido por 17 anos sem grandes alterações visuais, em uma série que incluiu os modelos 400 GT e 412 GT.

Das mãos de Leonardo Fioravanti saía também um dos Ferraris mais vendidos da história: o 308 GTB, em 1975. Dessa vez, a configuração de dois lugares e motor central-traseiro deu condições para um estilo muito bem-sucedido, referência em equilíbrio de linhas e proporções. Se a frente não mais trazia lentes nos para-lamas para faróis auxiliares — agora aplicados ao para-choque —, as tomadas de ar que "nasciam" nas portas faziam a ligação com o P6. As quatro lanternas circulares e a forma das extensões laterais na traseira seriam comuns na marca por muito tempo. A versão conversível GTS foi outra obra do projetista.

No Salão de Turim de 1980 surgia mais um trabalho de Fioravanti sob a forma de carro-conceito: o Ferrari Pinin, nome que homenageava o fundador do estúdio, Battista Pinin Farina (Pinin, um diminutivo em italiano, era seu apelido quando criança, tendo-se incorporado ao sobrenome apenas em 1961). O grande sedã de quatro portas, com linhas retas e poucos adornos, tinha motor dianteiro de 12 cilindros opostos e uma nova tecnologia da Lucas para os faróis que permitia usar unidades bem mais estreitas.

O último Ferrari desenhado por Fioravanti para o estúdio Pininfarina foi uma derivação de alto desempenho do 308, o 288 GTO de 1984. Embora tivesse mecânica bem mais refinada, com motor V8 biturbo de 400 cv e uso de materiais mais leves na carroceria, as formas básicas eram praticamente as mesmas do cupê de nove anos atrás, sem que isso tornasse o GTO antiquado ou menos atraente — prova inequívoca do êxito do trabalho de estilo.

Após 24 anos na Pininfarina, Fioravanti recebia em 1988 um convite de Enzo Ferrari para trabalhar como gerente geral assistente na empresa do cavalo empinado. Mais tarde tornava-se diretor de Engenharia na Ferrari. Como o controle acionário da marca de Maranello havia passado já em 1969 à Fiat, o projetista logo se via responsável pelo departamento de estilo da Alfa Romeo e, pouco depois, de todo o grupo italiano. Mas tinha um novo projeto: desenhar carros em sua própria empresa.

A Fioravanti Srl (sociedade de responsabilidade limitada na sigla em italiano), fundada em 1987 para projetos arquitetônicos no Japão, passava em 1991 a trabalhar com o estilo de automóveis. Desde então, já apresentou 14 propostas de carros-conceito com interessantes soluções de estilo e mecânica.

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