Com o Lancia 037, Röhrl teve um bom ano em 1983 e foi vice-campeão; o carro era "lindamente preciso, mas se você batesse, estava morto"

O piloto nos anos 80 e duas versões do Audi Quattro S1, a do Rali de San Remo de 1985 e a de Pikes Peak: "era como rodar sobre uma bala"

O Audi 90 Quattro de 1989, com que venceu nos EUA, e dois Porsches (911 Turbo e 935) em foto de 2009; ele ainda é piloto de testes da marca

Há pouco tempo Röhrl o definiu como um carro "assustador: lindamente preciso, mas com apenas alguns tubos finos e plásticos em frente de você. Se batesse, estava morto". Embora ele não fosse campeão, 1983 foi um ótimo ano. Venceu em Monte Carlo, no Acrópole e na Nova Zelândia, foi segundo em San Remo e no Tour de Corse francês e se fez vice-campeão no Mundial. A Lancia foi campeã de Construtores e o alemão provavelmente teria levado o título de pilotos, se a equipe não o mandasse reduzir o ritmo para favorecer Hannu Mikkola. No ano seguinte ele passou a correr pela Audi, pondo fim a uma negociação iniciada em 1979 — quando temia que o sistema Quattro não fosse confiável. Ferdinand Piëch, então à frente da empresa, teria insistido em consegui-lo para a equipe, alegando que "é mais barato correr com ele do que contra ele".

Com o cupê Quattro e Geistdörfer no banco da direita, Walter venceu Monte Carlo pela quarta vez; em 1985 foi segundo colocado no mesmo rali, venceu em San Remo — onde usou pela primeira vez o S1 de entre-eixos mais curto — e ficou em terceiro no campeonato. O piloto lembra do S1 como "o mais louco de todos os meus carros: eu parecia estar rodando sobre uma bala, ricocheteando de curva em curva". Não era para menos, pois com 530 cv o cupê acelerava de 0 a 40 km/h em um segundo, de 0 a 100 em 2,6 s e de 0 a 200 em 10 s! Com a extinção do perigoso Grupo B e o cancelamento do projeto de um supercarro de motor central pela Audi, ele teve de correr em 1987 com o grande e pesado 200 Quattro, sem chances diante do Lancia Delta de tração integral. Ainda assim, com o mesmo co-piloto, foi segundo em Monte Carlo e venceu o Rali das Três Cidades, sucessor do Rali da Bavária — onde obtivera sua primeira vitória —, decidindo encerrar por ali sua carreira nesse tipo de campeonato. Com o Quattro S1 ganhou a subida de montanha de Pikes Peak, nos Estados Unidos, apenas 7 s à frente de Ari Vatanen, e estabeleceu um recorde de tempo que levaria 10 anos para ser superado.

Dali em diante passou a se concentrar em provas de asfalto. Com um 200 Quattro muito potente (635 cv), correu na categoria Trans-Am norte-americana em 1988 e venceu em Niagara Falls e São Petersburgo. No ano seguinte, atuando sobretudo como piloto de testes, conduziu o 90 Quattro, que era na verdade um chassi tubular com carroceria de plástico, motor de 700 cv e 0-100 em 3 s. Na categoria IMSA GTO, venceu a 500 Quilômetros de Watkins Glen junto de Hans-Joachim Stuck. Em 1990 passou ao Campeonato Alemão de Turismo (DTM) com o Audi V8 Quattro e venceu em Nürburgring. Permaneceu com a marca até 1991 e correu por mais dois anos com a Porsche, em provas como a 24 Horas de Nürburgring e a de Le Mans. Tornou-se então piloto de testes da marca de Stuttgart, para a qual ainda presta serviços. No começo da década de 2000, teve participação importante no acerto do supercarro Carrera GT que seria lançado em 2003. E continua na ativa aos 62 anos: venceu em novembro o Rali Costa Brava Clássicos de 2009, com um 911 RSR, e vai pilotar o novo 911 GT3 RS na 24 Horas de Nürburgring em maio. Nos últimos anos, correu também provas de carros antigos com modelos tão diversos quanto Porsche 356 Carrera GT, 911, 959, Ford Escort e Austin Healey Mk II.

Walter Röhrl disputou 75 provas pelo Mundial de Rali, venceu 14 e esteve no pódio da categoria 31 vezes, mas costuma dizer que não gosta da competição homem a homem e sim da competição contra o relógio. É um perfeccionista, um apaixonado por superar as próprias metas, por aprimorar suas técnicas — ao volante ou jogando golfe, uma de suas recentes paixões. O piloto austríaco Niki Lauda o considerou "um gênio sobre rodas". Na Itália, uma eleição o colocou como melhor piloto de rali do século XX; na França, colegas o elegeram o piloto de rali do milênio em novembro de 2000. Um júri de 100 especialistas em automobilismo o considerou o melhor na modalidade em todos os tempos. Questionado sobre o momento mais marcante da carreira, ele relembra a primeira vitória em Monte Carlo: "Eu queria ser o mais rápido no asfalto e na neve. Em 1980 eu era!". E manteve sempre o jeito simples, a vida sem excessos: "Não preciso de helicóptero, de iate, de mansão na Flórida. Estou feliz com minha bicicleta de asfalto e uma viagem para a Floresta da Bavária".

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