O poder da atração

Há quase 20 anos o Subaru Impreza conquista os entusiastas pelo
desempenho das versões esportivas com turbo e tração integral

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

O estilo arredondado do primeiro Impreza era típico dos japoneses de seu tempo; motores boxer de 1,6, 1,8 e 2,0 litros estavam disponíveis

Como os demais, o cupê dispensava molduras nas janelas; a versão WRX (embaixo) trazia motor 2,0-litros turbo de 243 cv e tração integral

 

A japonesa Subaru, braço de fabricação de automóveis do grupo Fuji Heavy Industries, sempre se notabilizou por soluções técnicas peculiares. Bem antes que a Audi começasse a vencer ralis com o cupê Quattro, que deu origem a uma tradição de carros de rua com tração integral, a Subaru já vendia grande parte de seus automóveis com quatro rodas motrizes. Enquanto a arquitetura de cilindros em linha já estava consagrada mundo afora, seus modelos mantinham a disposição boxer, de cilindros opostos.

E foi com essas peculiaridades que a Subaru passou a desenvolver um sucessor para a linha Leone, produzida em três gerações de 1971 a 1994. Ao lado das razões de mercado, havia um objetivo competitivo para ele: as novas regras do Campeonato Mundial de Rali (WRC) não mais permitiriam usar o médio-grande Legacy, sendo necessário projetar um carro menor para seguir a linhagem Subaru na modalidade.

Dentro das tendências de estilo da época, o modelo trocaria as linhas muito retas pelas arredondadas, enquanto a tração dianteira seria oferecida em versões mais simples como alternativa à integral. Em março de 1992 era revelada a primeira foto oficial, ainda com a expectativa de se manter o nome Royale, usado pela última geração do Leone em alguns mercados. Ao chegar ao mercado em novembro, porém, o novo Subaru ganhava outro batismo: Impreza.

Era um típico modelo médio, com 4,37 metros de comprimento, 1,70 m de largura, 1,41 m de altura e 2,52 m de distância entre eixos, em que a plataforma do médio-grande Legacy foi reduzida para a nova aplicação. Seu estilo suave, orgânico, incluía superfícies com um mínimo de vincos, ampla área envidraçada, faróis de perfil baixo e maçanetas embutidas. As janelas das portas não tinham molduras, uma solução corriqueira na marca. Além do sedã de quatro portas, havia uma opção cupê e uma perua de cinco portas.

O motor de quatro cilindros opostos mantinha a tradição Subaru, amparada em vantagens como o baixo centro de gravidade e as menores vibrações pela posição dos pistões em seu movimento. De início havia versões de 1,6 litro (com potência de 99 cv e torque de 14,1 m.kgf, a única oferecida com tração dianteira, além da integral), 1,8 litro (113 cv e 15,7 m.kgf) e 2,0 litros (115 cv e 17,5 m.kgf) de aspiração natural, todas de quatro válvulas por cilindro, com câmbio manual de cinco marchas ou automático de quatro marchas. Mas havia algo especial para a versão esportiva WRX.

Nesse Impreza, o motor 2,0 recebia turbocompressor e resfriador de ar para desenvolver 243 cv e 31 m.kgf. Em mercados de exportação — em que a sigla não era usada, dando lugar a designações como Turbo e GT Turbo — a potência vinha reduzida a 218 cv e o torque a 27,8 m.kgf, ainda assim números expressivos para os padrões da época. A maior parte dos esportivos europeus de seu tamanho girava em torno de 150 cv, e apenas uns poucos modelos com turbo — como o Lancia Delta Integrale Evolution e o Ford Escort RS Cosworth — estavam no patamar acima de 200 cv.

A tração integral, baseada em acoplamento viscoso, operava com igual repartição de torque entre os eixos em condições normais — não se tratava de uma tração traseira suplementar, acionada apenas em situações de baixa aderência, como tem sido comum em carros que derivam de um projeto de tração dianteira. As versões não esportivas chegavam a ter caixa de transferência com redução, que por ser sincronizada permitia seu acionamento com o carro rodando, sem necessidade de dupla debreagem.

O WRX ou GT Turbo vinha ainda com câmbio de relações próximas entre si, rodas de 16 pol com pneus 205/55, faróis auxiliares circulares, tomada de ar no capô e aerofólio traseiro. Com peso de 1.213 kg, acelerava muito bem. Em 1993 passava a ser oferecido também como perua e com caixa automática. O Turbo de 218 cv foi testado pela revista inglesa Autocar  em 1994. "A Subaru entrega um Impreza com pose de rali e desempenho para ameaçar o Lancia Integrale", anunciava. Ao acelerar de 0 a 96 km/h em 5,8 segundos, o carro rivalizava com o modelo italiano, o Escort Cosworth e o até o Porsche 968.

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Data de publicação: 17/12/11

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