A tração em evidência

Em um tempo em que 4x4 era coisa de jipe, o pequeno Subaru
Leone já oferecia esse recurso em carros de passageiros

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Até o início da década de 1970, nos principais mercados do mundo, optar por um veículo de passageiros com tração nas quatro rodas significava quase sempre escolher um grande utilitário — segmento que ainda engatinhava com modelos como Jeep Wagoneer e Range Rover. Quem morasse em regiões de inverno rigoroso, com neve, ou trafegasse em caminhos mais difíceis vez ou outra não tinha à disposição um automóvel propriamente dito com tração integral. Até que os japoneses da Subaru resolveram ousar.

O Leone estreou em junho de 1971 nas versões sedã de duas e quatro portas, seguidas em setembro de 1972 pela perua e em junho de 1973 por um cupê hardtop. A perua levaria três anos para receber a tração integral, disponível desde o primeiro ano nos demais modelos. Seu desenho era típico da época, lembrando vagamente o de nosso Corcel I. Tinha faróis circulares incrustados na grade preta, linha de cintura ondulada ("garrafa de Coca-Cola") e pára-choques cromados. O Toyota Corolla e o Honda Civic estavam entre os concorrentes.

Com quatro metros de comprimento e linhas que lembram as de nosso Corcel, o Leone oferecia tração dianteira ou integral e motores de 1,1 e 1,4 litro nos primeiros anos

Compactos, os carros mediam em torno de quatro metros de comprimento, 1,5 m de largura, 1,35 a 1,46 m de altura (o mais baixo era o cupê, e o mais alto, a perua) e 2,45 m de distância entre eixos. O cupê pesava apenas 760 kg. Os motores de quatro cilindros seguiam a disposição boxer, de cilindros opostos, ainda hoje uma característica da Subaru. Com comando de válvulas no bloco, alimentação com carburador e cilindrada de 1.088 cm³, o menor deles desenvolvia a potência de 53 cv a 6.000 rpm. O outro, com 1.361 cm³, vinha em duas versões: 69 cv, com carburador de corpo único, e 80 cv, com carburador duplo, esta suficiente para a velocidade máxima de 160 km/h.

Nos Estados Unidos, por causa das restrições trazidas pelas normas de emissões poluentes, havia apenas o motor maior com 61 cv. Vale notar que o nome Leone nunca foi usado nesse mercado, onde os carros eram vendidos apenas com a sigla da versão — DL, GL, GLF. Já em 1973 o motor menor crescia para 1.176 cm³ no Japão, passando a 58 cv. Dois anos depois, o motor de 1.361 cm³ dava lugar a um de 1.595 cm³, o que aumentava a potência para 77 ou 89 cv, conforme a carburação. Os americanos ficavam outra vez com uma variação mais fraca, de 67 cv, e perdiam em estética pela adoção de grosseiros pára-choques reforçados, exigidos pela legislação.

A nova frente, com quatro faróis em algumas versões, era adotada em 1978 também na perua, cuja capacidade de tração era ideal para o inverno rigoroso e os terrenos difíceis

O Leone operava com tração dianteira até que o motorista, por um comando junto à alavanca de câmbio, engatasse o sistema para as rodas traseiras. Ganhava então uma capacidade motriz desconhecida em automóveis, que se tornou muito apreciada no uso em pisos de baixa aderência. Muitos o consideravam ideal para atividades de lazer, nas quais dava a tranqüilidade de ir e voltar, com mais conforto que um jipe e menor consumo que um grande utilitário. Não demorou a se tornar o carro de passageiros com tração integral mais vendido no mundo — segmento que demoraria anos para crescer, com modelos como o AMC Eagle e os Audis com tração Quattro. Continua

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Data de publicação: 31/10/06

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