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A inovadora tração integral permanente fez do Audi
Quattro um marco para o fabricante alemão

Texto: Fabrício Samahá e Felipe Cavalcante Bitu - Colaboração: Bob Sharp

A palavra italiana para o número quatro -- quattro -- foi escolhida, em 1980, para representar o sistema de tração integral da alemã Audi. Introduzida no modelo Coupé, baseado no sedã 80, foi a primeira vez em que um automóvel teve sucesso com as quatro rodas tracionando todo o tempo, antes um privilégio de utilitários.

Em 1966 a britânica Jensen havia oferecido, no modelo Interceptor (saiba mais), o sistema Formula Ferguson de tração integral, mas era caro demais para ser produzido em grande escala e foi abandonado já em 1971, depois de apenas 320 unidades produzidas. Já a Subaru tinha tração 4x4 em 1974 com o Leone série L, só que era um sistema de engate seletivo, com caixa de transferência para acionamento manual da tração auxiliar, enquanto a Audi introduziu a tração integral permanente com diferencial central.

Até a chegada do Audi Quattro, considerava-se a tração 4x4 tão desnecessária quanto prejudicial a um carro projetado para o asfalto, pois os sistemas disponíveis eram caros, pesados e pouco eficientes. Diz a história que Jorg Benzinger, engenheiro de chassi da Audi que começou sua carreira na Porsche e passou pela BMW e Mercedes-Benz, e Fritz Naumann, responsável pelo departamento de desenvolvimento da Audi, ex-engenheiro da Mercedes e famoso pelo carro-conceito C111 (saiba mais), começaram a mudar esses conceitos.

Com toda esta experiência acumulada, os dois haviam trabalhado com todos os sistemas de transmissão até então disponíveis: motor e tração traseiros, motor dianteiro com tração traseira, motor e tração dianteiros. De acordo com Benzinger, só restava uma opção ainda não experimentada: tração permanente nas quatro rodas, experiência que ele concretizou ao trabalhar na equipe de desenvolvimento do jipe Volkswagen Iltis.

Três diferenciais, sendo um central: a vantagem do Quattro sobre sistemas anteriores

Começou com um jipe Em 1976, com o cancelamento do projeto Europa Jeep -- em que França, Itália e Alemanha cooperavam entre si para o desenvolvimento de um 4x4 leve e "anfíbio" --, as Forças Armadas Alemãs (Bundeswehr) abriram uma licitação. VW e Mercedes-Benz apresentaram seus protótipos para um 4x4 leve, em 1977, e o modelo VW Typ 183 foi o escolhido, entrando em produção já em 1978. Curiosamente, na França os fabricantes locais participaram de concorrência semelhante e a Citroën apresentou o C44, um Iltis com mecânica da marca.

O Iltis era o sucessor do jipe DKW (Munga, na Alemanha, e Candango, no Brasil; saiba mais), com motor quatro-tempos Audi de 1,7 litro, similar ao VW AP, e ligeira modificação na extremidade dianteira, em que os faróis salientes deram lugar a unidades embutidas em cada pára-lama. Outra diferença do Iltis em relação ao Munga era a transmissão sem reduzida e as cinco marchas em vez de quatro, com primeira e ré bem curtas para situações difíceis.

Durante testes do Iltis na Suécia e na Finlândia, Benzinger e Naumann teriam ficado impressionados com a dirigibilidade do veículo, apesar do centro de gravidade alto e da distância entre eixos de apenas dois metros. Benzinger logo pensaria na idéia de um carro esportivo, com centro de gravidade mais baixo, entreeixos maior e um motor mais potente. Nascia ali a idéia do Audi Quattro. Continua

Os especiais

A Treser fez uma versão conversível do Quattro (ao lado), com teto automático semelhante ao dos Mercedes SL e SLK atuais. Uma vez fechado, o carro parecia um picape com a caçamba coberta. A Beutlich também fez seu cabriolet (acima).