Desenhado por Darrin, o primeiro
Clipper -- de 1941 -- vinha em versão única, mas seu êxito levou a
Packard a copiar o estilo para toda a linha
Depois do modelo 1942 e do
período da guerra, o Clipper retornava na linha 1946 (acima) com painel
simétrico e motores de 4,6 e 5,85 litros
Acima e no alto, os
reestilizados modelos 1948, que incluíam perua e conversíveis; de linhas
cheias, foram chamados de "elefanta grávida" |
|
A Packard surgiu em 1900 como Ohio Automobile Company, uma fábrica de
automóveis em Warren, no estado de Ohio, nos Estados Unidos. Fundada
pelos irmãos James Ward Packard e William Doud Packard e seu sócio
George Lewis Weiss, só dois anos mais tarde ela teve o nome alterado
para Packard Motor Car Company, embora tal marca fosse usada nos carros
desde o início. Logo notabilizou-se pela sofisticação, qualidade de
construção e inovações técnicas, como o primeiro
motor de 12 cilindros em "V" em um carro de produção.
Durante a Grande Depressão que se seguiu à quebra da bolsa de valores de
Nova York em 1929, a Packard buscou atingir camadas mais acessíveis do
mercado e lançou em 1935 o modelo One Twenty (120), que mantinha o
estilo da marca por um preço menor. O resultado foi grande crescimento
da empresa em vendas, que passaram de 6 mil carros em 1934 para 110 mil
após três anos. O êxito no novo segmento foi tal que a fabricação de
modelos de 12 cilindros, tão associados ao nome Packard, foi abandonada
para 1940.
Outro importante passo em sua história era dado na linha 1941 com a
estreia do Clipper. Com um desenho de
Howard "Dutch" Darrin
finalizado por Werner Gubitz, o modelo rompia tradições ao exibir
para-lamas de perfil suave, grade estreita, estribos bastante
incorporados ao estilo e traseira em queda fluida. Com uma única opção
de carroceria — sedã de quatro portas — e distância entre eixos de 3,22
metros, ele se posicionava entre o One Twenty e o One Sixty (160) na
linha.
O motor de oito cilindros em linha e 282 pol³ (4,6 litros) desenvolvia
potência bruta (padrão neste artigo) de
125 cv e era oferecido até ar-condicionado, item em que a marca obtivera
a primazia. O preço à altura desses refinamentos o colocava em um
segmento elevado, na mesma faixa de
Buick Roadmaster,
Cadillac Sixty-One,
Chrysler New Yorker e Lincoln Zephyr.
A aceitação ao estilo do Clipper foi tamanha que, para 1942, a Packard
adotou suas linhas a quase todos os modelos — à parte o One Twenty
conversível e algumas versões do One Eighty. Agora havia os Clippers One
Ten Special (sedã básico, sedã club e cupê business), One Ten Custom
(sedãs básico e club), One Ten Convertible, as mesmas opções para a
série One Twenty, o One Sixty (sedãs básico e club, cupê conversível,
limusine de sete lugares e sedã business de mesma capacidade) e ainda o
One Eighty (sedãs básico e club, conversível com carroceria Darrin,
Cabriolet, Town Car, limusine e sedã de sete lugares).
Com tantas versões, três motores eram oferecidos. Os 110 vinham com o
seis-cilindros em linha de 245 pol³ (4,0 litros) e 105 cv; os 120, com o
mesmo oito-em-linha de 4,6 litros e 125 cv do ano anterior; e os 160 e
180, com um oito-cilindros maior, de 356 pol³ (5,85 litros) e 165 cv —
na época o motor mais potente da indústria norte-americana, equiparado a
um da Buick. Mas, como para todas as fábricas dos EUA, esse foi seu
último ano-modelo da Packard até que a produção fosse paralisada em
favor do esforço de guerra. A empresa passou a fabricar motores
Rolls-Royce Merlin para aviões e outras unidades motrizes para barcos e
veículos militares.
Quando o conflito acabou, a Packard decidiu retomar a produção centrada
em modelos de categoria média, não mais no topo do mercado que ela vinha
ocupando no começo do século XX. Nesse período, o Clipper — relançado em
1946 da mesma forma como havia parado quatro anos antes — representou
seu carro-chefe, que continuava a oferecer numerosas versões: Six (sedã
básico de quatro portas e sedã club de duas), Eight (apenas
quatro-portas) e DeLuxe Eight (sedã e club), com entre-eixos de 3,05
metros, além dos sedãs básico e club da série Super, que tinham tal
medida ampliada para 3,22 m. No interior o painel seguia um desenho
simétrico, em que o relógio diante do passageiro tinha o mesmo formato
do velocímetro à frente do motorista, com comandos de aquecimento e
rádio no centro.
Continua |