"Nunca houve nada como a Ultramatic Drive da Packard", anunciava o fabricante para 1950 sobre sua caixa automática com duas velocidades

Depois do hiato de dois anos, o Clipper ressurgia para 1953 com estilo atualizado e motores conhecidos; em vermelho o cupê hardtop Panama


O visual era refeito para 1955, com para-brisa envolvente, e os motores V8 chegavam a 245 cv; outra novidade era a suspensão Torsion-Level

O Town Sedan de 1957 mostra as linhas controversas do carro baseado em um Studebaker, que fornecia o motor de 4,8 litros com compressor

A série Eight mantinha o motor 282 do pré-guerra, enquanto as versões Super tinham o 356. Entre os opcionais estavam caixa overdrive para o câmbio, que alongava as relações de marcha, e embreagem Electromatic com comando automático, que não dispensava a operação da alavanca de câmbio. Ampla reformulação de estilo era apresentada na gama 1948, mas dividiu opiniões: para integrar os para-lamas ao corpo do carro a Packard deixou o Clipper um tanto volumoso, o que justificava o apelido maldoso de "elefanta grávida" logo atribuído pelo mercado.

Ao lado dos conhecidos cupês e sedãs, havia a perua Station Sedan e dois conversíveis — todos com o entre-eixos longo, 3,22 m. A Station usava madeira nas laterais e na traseira, mas apenas atrás com fins estruturais, pois cabine e portas eram de aço. Os chassis vinham os mesmos de antes, mas havia novos motores nas séries Eight e Super: os oito-em-linha de 288 pol³ (4,75 litros), com 130 cv, e de 327 pol³ (5,4 litros) e 145 cv, na ordem.

Apesar da aparência, o Clipper vendeu muito bem em 1948, ano em que a marca colocou 92 mil carros nas ruas entre toda sua linha. Seriam ainda mais (116 mil) no ano seguinte com pequenas novidades visuais, aumento de potência (para 135 cv no Eight e 150 no Super) e a chegada do acabamento Super DeLuxe. No modelo 1950 o destaque era a estreia da caixa automática Ultramatic Drive, então a única desenvolvida por um fabricante independente
não uma grande corporação sem auxílio de uma fábrica de câmbios. Ela tinha duas faixas de uso, para baixa e alta velocidades, e usava um conversor de torque para colocar o carro em movimento, passando à transmissão direta de energia aos 24 km/h.

O nome Clipper esteve de fora do mercado por dois anos, já que a linha Packard 1951 adotava as designações 200, 250, 300 e 400. No ano seguinte a empresa tinha um novo presidente, James J. Nance, que chegava com o objetivo de revitalizá-la e ocupar a metade ociosa da capacidade de produção. Nance decidiu trazer de volta o Clipper, assim nomeando não apenas o modelo 200 para 1953, mas toda uma marca — o nome Packard, dali em diante, estaria apenas em modelos de alto luxo como os que a tornaram conhecida décadas atrás.

Esse novo-velho Clipper usava entre-eixos de 3,10 m e oferecia carrocerias de sedãs básico e club, as mesmas versões em acabamento DeLuxe e o cupê Sportster, que era o mais barato da linha. O estilo típico de seu tempo trazia linhas arredondadas, para-brisa já inteiriço, pequena área envidraçada e leves saliências nos para-lamas traseiros. Os motores 288 e 327 (com 150 e 160 cv, na ordem) eram bem conhecidos. Apenas alguns itens mudavam na estética para o ano seguinte.

Foi também em 1954 que a Packard adquiriu a Studebaker, sem saber dos graves problemas de produtividade da marca em sua unidade de South Bend, Indiana, que acabariam por levar a compradora a uma grave situação financeira. Outra má notícia para a empresa foi que a construtora de carrocerias Briggs, contratada pela Packard desde 1940 para esse fim, foi vendida à Chrysler e a nova dona anunciou o fim do contrato. Foi preciso recorrer a instalações próprias em Detroit, que resultaram em produção insuficiente em volume e insatisfatória em qualidade.

Em que pese os obstáculos, a linha Clipper 1955 vinha com boas novidades, como uma reestilização sobre a conhecida carroceria que incluía para-brisa envolvente, como ditavam as regras de então. Os antigos motores de oito cilindros em linha davam lugar aos mais modernos e compactos V8, com 320 pol³ (5,25 litros) e 225 cv para as séries DeLuxe e Super e 352 pol³ (5,8 litros) e 245 cv para a linha Custom. A gama incluía dois cupês em formato hardtop, forte tendência na época nos EUA, chamados de Panama (série Super) e Constellation (linha Custom).

A suspensão Torsion-Level, que usava barras de torção para interligar as quatro rodas e conferia um rodar confortável, incluía um sistema elétrico que compensava o acréscimo de peso a bordo para manter a altura livre do solo. O teste da revista Motor Trend  mostrava entusiasmo: "Que conforto fantástico! Toda a concorrência fica diminuída em comparação". A Car Life  acrescentava: "Não apenas o Packard está mais seguro que muitos de seus contemporâneos, mas também mais confortável".

Para o ano seguinte o Clipper era aprimorado em itens como a caixa automática, agora comandada por botões, e o diferencial autobloqueante, na época uma solução incomum. O motor 352 era estendido a toda a gama, com 240 cv no Super e no DeLuxe e 275 cv no Custom. Embora muitos dos problemas de qualidade dos modelos anteriores tivessem sido sanados, a má fama estava arraigada entre os norte-americanos e as vendas sofreram. No fim de 1956 a Studebaker-Packard passava às mãos da Curtiss-Wright Corporation e mudava-se de Detroit para South Bend.

O Clipper 1957, baseado em modelos da Stude, ganhava por esse motivo o apelido de "Packardbaker" — e a rejeição dos fãs de sua marca original. Oferecido como sedã e perua (chamada de Country Sedan), tentava lembrar um Packard na aparência, mas até o motor era Studebaker, um V8 de 289 pol³ (4,8 litros) com compressor e 275 cv. O público não se convenceu com a ideia e apenas 5 mil exemplares foram vendidos nesse único ano-modelo.

Para 1958, embora a Packard estivesse de volta com quatro produtos, o Clipper não mais era oferecido. A própria marca durou apenas mais esse ano.

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