O encarroçador das estrelas

Na Europa ou nos Estados Unidos, Howard "Dutch" Darrin desenhou
carrocerias ousadas que conquistaram muitas celebridades

Texto: José Geraldo Fonseca - Fotos: divulgação

Darrin com um modelo de projeto e ao volante do roadster Kaiser-Darrin de 1953 (no alto, o do ano seguinte): uma vida dedicada aos automóveis

No Minerva 1927 (em cima) e no Duesenberg 1930, os traços de Darrin, que na época estava associado ao norte-americano Thomas Hibbard

Howard "Dutch" Darrin, um dos mais talentosos encarroçadores norte-americanos, nasceu em 1897 em Cranford, Nova Jérsei. Com apenas 10 anos já trabalhava na revista de um amigo de seu pai, a Automobile Topics. Como sua família tinha uma fábrica de componentes elétricos, ele pretendia ser engenheiro eletricista. Quando estagiava no departamento de engenharia da Westinghouse, em 1916, foi abordado por John North Willys, proprietário do fabricante de automóveis que levava seu nome.

Willys lhe pediu o desenvolvimento de um câmbio com troca de marchas elétrica. Darrin desenvolveu um sistema no qual as marchas seriam trocadas por botões no volante, mas, por uma série de razões, a inovação acabou não sendo produzida. Na Primeira Guerra Mundial, Darrin foi para a França servir por dois anos.  Após o fim do conflito fundou a Aero Limited, uma das primeiras companhias aéreas dos Estados Unidos. A companhia fora bem-sucedida, até que quatro de seus pilotos morreram com a queda de um avião no mar.

Darrin e seus sócios venderam toda a operação e ele voltou a Nova York em 1921, entrando para os mercados de ações e de carros de luxo. Tendo comprado dois chassis Delage, pesquisava encarroçadores na cidade quando conheceu Thomas L. Hibbard, que ficou impressionado com o bom gosto do empresário. Logo se tornaram amigos.

No início de 1923, Paul Ostruk, distribuidor da marca belga Minerva, ordenou duas carrocerias para serem construídas por Van den Plas em Bruxelas — o custo na Europa era bem menor que nos EUA. Ele contatou Hibbard, que falava francês, para supervisionar a construção das carrocerias e este convidou o amigo Darrin para a viagem. Após a conclusão do trabalho, tendo constatado fortes oportunidades, os dois resolveram continuar na Europa. Estabeleceram-se em Paris no fim de 1923 com uma loja de automóveis de luxo.

Logo montaram um escritório de projeto de carrocerias em Paris, a Carrosserie Hibbard et Darrin. Aproveitavam o fato de que com os quatro anos de guerra, falta de capital e outros fatores, as encarroçadoras de automóveis passavam por dificuldades. Elas ainda mantinham velhas ideias que tornavam difíceis as exportações para alguns países, pois a madeira usada em alguns casos para os painéis da carroceria deteriorava-se facilmente sob certas condições climáticas.

Os sócios começaram desenhando algumas carrocerias impressionantes para chassis usados de Minervas que adquiriram, e que foram fabricadas pela Van den Plas. Logo começaram a desenhar sobre chassis de outras marcas como Excelsior, Rolls-Royce e Isotta Fraschini, com carrocerias agora construídas pelo encarroçador belga d'Ieteren. Em 1926 as carrocerias já ocupavam a maior parte dos negócios da empresa e os parceiros estabeleceram sua própria fábrica em Seine, subúrbio de Paris, chegando a empregar mais de 50 funcionários.

Construíam sobre chassis Hispano-Suiza, Maybach, Mercedes-Benz, Packard, Renault, Rolls-Royce e Stutz. Eles tornaram-se agentes da sofisticada marca inglesa, ficando conhecidos como os construtores oficiais da Rolls em Paris. Também encarroçaram 35 unidades de Springfield Rolls-Royce, como eram chamados os Rolls feitos na filial norte-americana. Ao contrário da maioria dos fabricantes de carrocerias, construíam todas as peças de madeira e estofados em sua própria fábrica. Continua

 

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Data de publicação: 1/3/11

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