O motor turbo de 2,0 litros, com 155 cv e 24 m.kgf, dava desempenho de carro esportivo ao Croma: 210 km/h e de 0 a 100 em oito segundos

A frente com perfil mais baixo e capô arredondado deixava seu aspecto mais atual em 1991; dois anos depois vinha o motor Alfa V6 de 2,5 litros

O topo da linha era o Croma Turbo i.e., com o mesmo motor de 2,0 litros dotado de turbocompressor e resfriador de ar para obter 155 cv e 24 m.kgf, suficientes para elevado desempenho: velocidade máxima de 210 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h em oito segundos. Em qualquer das versões a caixa de câmbio manual tinha cinco marchas e a suspensão independente usava colunas McPherson tanto à frente quanto atrás, esta última com opção de nivelamento automático de altura. Freios a disco estavam nas quatro rodas, com sistema antitravamento (ABS) no Turbo i.e. O peso variava entre 1.095 e 1.350 kg conforme o motor.

Havia ainda dois motores a diesel de cilindrada próxima a 2,5 litros, mas com diferentes características: um com aspiração natural, 75 cv e 16,5 m.kgf; outro com turbo, resfriador de ar, 100 cv e 22 m.kgf. Três anos mais tarde a Fiat introduzia o turbodiesel de 1,9 litro com 90 cv e 20,4 m.kgf, o primeiro da indústria com injeção eletrônica direta, tecnologia que representou novos padrões de nível de ruído e aumentou sua eficiência. Foi um grande avanço em relação aos antigos motores com funcionamento típico de veículo comercial. Receosa de qualquer problema técnico, porém, a Fiat preferiu oferecer o motor apenas no mercado italiano por algum tempo, o que se mostraria um erro do ponto de vista de imagem: a Audi, que trabalhava em sistema similar na mesma época e só o concluiu depois dos italianos, acabou levando a fama pela primazia em mercados importantes como o alemão. Mais novidades técnicas vinham em 1989: o aspirado a diesel era descartado, o 2,5 turbodiesel passava a 116 cv e 25,5 m.kgf e o 2,0 básico a gasolina subia de 90 para 98 cv.

A revista francesa L'Automobile comparou em 1988 o Croma CHT 2,0 ao então novo Passat, ao R21 e ao 405, todos com potência ao redor de 90 cv nos motores a gasolina. Embora fosse o mais caro, o Fiat sobressaiu em torque, retomadas de velocidade, nível de ruído, espaço interno e equipamentos, enquanto direção, estabilidade, comando de câmbio e porta-malas foram os piores do grupo. A colocação final não foi positiva: último lugar empatado com o Renault, sendo o Peugeot considerado o melhor. Na avaliação da inglesa Autocar, a versão i.e. de 120 cv agradou pela economia e a versatilidade, mas foi apontada a falta de refinamento.

O Croma passou por uma única remodelação de estilo, apenas na parte dianteira, na linha 1991. A forma de cunha acentuada do capô permitiu adotar faróis e grade com perfil mais baixo, enquanto as luzes de direção ganharam formato curvo. O capô já não aparecia nas laterais e a grade, pintada na cor do carro, tinha apenas dois vãos para admissão de ar e as barras do fabricante em tamanho menor. Para-choques, retrovisores e lanternas traseiras acompanhavam a renovação, que o deixou atualizado com os mais recentes Fiats, como Tipo, Tempra e o Uno renovado em 1990. Vinham também melhorias no desenho interno, ar-condicionado com controle automático, câmbio manual com marcha à ré sincronizada, opção de caixa automática de quatro marchas e mudanças nos motores: todos os 2,0 ganhavam árvores de balanceamento para anular vibrações, antes um ponto negativo desses motores (nosso Tempra nunca as recebeu, mas deveria); e o 1,9 a diesel adotava turbo de geometria variável, sem ganhar potência ou torque por atender a novas normas de emissões poluentes. O 1,6 deixava de ser oferecido.

O teste da revista italiana Quattroruote com o 1,9 turbodiesel expressou satisfação: "Tem capacidade de retomada comparável àquela de um turbodiesel de 2,5 litros e é muito progressivo na resposta ao acelerador". Elogios também ao conforto: "À parte o ruído a frio e quando se esticam as marchas além de 4.000 rpm, é de nível apreciável. A absorção das suspensões é muito boa, digna dos melhores topos de linha, mesmo sobre pisos difíceis. (...) A sensação de conforto é amplificada pela progressividade da resposta do motor e sua elasticidade, que permite viajar em quinta a partir de 60 km/h." Naturalmente, a economia era outro destaque: o teste indicou 15,9 km/l à velocidade constante de 120 km/h e, em uso rodoviário moderado, era comum obter de 22 a 23 km/l, afirmava a revista. Críticas? Sim, à estabilidade que exigia "correções rápidas do motorista nas mudanças bruscas de trajetória", à direção imprecisa e aos engates do câmbio.

A mesma L'Automobile impôs uma prova severa a um Croma de igual versão: enfrentar nove oponentes a diesel — Alfa 164, BMW Série 5, Citroën XM, Ford Scorpio, Lancia Thema, Opel Omega, Peugeot 605, Renault 25 e Volvo 940 —, sendo sete com motor mais potente que o seu, já que apenas R25 e Scorpio eram mais fracos. O Fiat obteve terceiro lugar em consumo, sexto em desempenho e comportamento e apenas nono em conforto e equipamentos. A revista elogiou estabilidade, freios, instrumentação e o baixo preço, já que ele estava em patamar de mercado inferior ao de vários modelos do grupo, embora fosse o topo de linha da Fiat. As últimas modificações, em 1993, trouxeram o motor 2,0 com 16 válvulas, 137 cv e 18,7 m.kgf (que tivemos aqui no Tipo) e a opção de seis cilindros em "V", 2,5 litros, duplo comando e duas válvulas por cilindro da Alfa Romeo, com 160 cv e 21,7 m.kgf, que conferia ao Croma máxima de 210 km/h e 0-100 km/h em 8,6 s. Apesar da maior suavidade na entrega de potência em relação à versão turbo e do ronco que fazia bem aos ouvidos dos entusiastas, o V6 era penalizado no próprio mercado italiano pelo imposto mais alto em função da cilindrada. Freios ABS, bancos de couro e rodas de 15 pol equipavam todas as versões e havia oferta de bolsa inflável para o motorista.

Sem ter brilhado em vendas — acumulou cerca de 450 mil unidades —, o Croma deixava o mercado em 1996 e não tinha um sucessor direto: a Fiat lançava o Marea, pouco maior que o Tempra, com a ambição de substituir ambos os modelos. Notava-se o maior interesse do grupo em promover os carros de luxo da Alfa (164 e depois 166) e Lancia (Kappa), o que não deixava espaço suficiente para um novo Fiat nesse segmento. Só em 2005 o nome Croma estaria de volta, mas uma perua luxuosa e de teto alto, que não lembrava o antigo sedã em qualquer aspecto.

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