"E não me quiseram..."

Clique para ampliar a imagem

A ascensão e a queda do Omega, um marco na
indústria nacional, como se contadas por ele mesmo

Texto: Bob Sharp - Edição: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Desta vez a história de um carro do passado será contada de maneira diferente. Por ser considerado pelo BCWS e por muitos como um dos melhores carros já produzidos no Brasil, foi elaborado um texto tipo narrativa, onde quem escreve é o próprio Omega. Foi a maneira que encontramos para reverenciar esse grande automóvel.


"Fui concebido em algum dia de 1981. Os dias de crise do petróleo e de recessão mundial haviam ficado para trás e o mundo respirava paz política e econômica. Michail Gorbachev ensaiava os primeiros passos das grandes mudanças no âmago da URSS. Por isso, Peter Hanenberger, que chefiou o time das pessoas que me criaram, anteviu uma época de tráfego veloz, principalmente no meu país, a Alemanha, conhecida tanto por seus castelos quanto por suas autobahnen, as auto-estradas nas quais o limite de velocidade é a potência dos motores.

Nascido na Europa em 1986, o Omega impressionou pelas linhas aerodinâmicas e o comportamento dinâmico, com destaque para a suspensão traseira independente

Havia também o fato de a casa onde nasci -- a Adam Opel AG -- fazer parte da maior empresa do mundo, a General Motors, não sendo admissível deixar esse segmento nas mãos da Mercedes e da BMW para sempre. Tanto que a Volkswagen, pela Audi, pensara a mesma coisa e havia acabado de lançar um modelo maior e veloz, um novo Audi 100.

Quando finalmente nasci, em 1986, surpreendi o mundo automobilístico. Minhas linhas fluidas, aerodinâmicas sugeriam movimento. Os vidros eram totalmente rentes à carroceria, correndo por canaletas externas, solução brilhante e um dos elementos responsáveis por meu baixo coeficiente aerodinâmico, o Cx, apenas 0,28 (no Brasil, 0,30). Fui feito para cortar o ar à frente com facilidade. Talvez por isso mesmo tenha sido batizado com o nome de Omega (ômega), a última letra do alfabeto grego, como que simbolizando a última palavra em estilo, conceito e tecnologia.

Em julho de 1990 a filial da GM em um belo país tropical, chamado Brasil, decidiu que iria me fabricar. À época, produziam um de meus antepassados na Europa, o Opel Rekord, com o nome de Opala e uma série infindável de cirurgias plásticas -- e ainda gostavam muito dele por lá. Denominaram-me Projeto 1700. Apenas 25 meses depois, em agosto de 1992 -- época em que começavam a chegar os carros importados em quantidades maciças --, eu já saía da linha de produção de São Caetano do Sul, SP. Um recorde de agilidade.

Chegou ao Brasil em agosto de 1992, com requisitos suficientes para enfrentar
os sedãs de luxo importados. As versões eram GLS 2,0 e CD 3,0, acima

Muito conforto   Minhas dimensões classificam-me como médio-grande para os padrões internacionais, embora no Brasil me considerassem grande. São 2,73 m de distância entre eixos e 4,74 m de comprimento total. Todos os ocupantes têm amplo espaço à disposição, um autêntico cinco-lugares. Por isso, quem exige conforto e liberdade de movimentos viu em mim o carro ideal.

Pelo mesmo motivo, os taxistas me adoraram, ao lado de minhas características excepcionais de durabilidade, economia de operação e muito prazer de dirigir, importante para quem passa horas ao volante todos os dias. Essas mesmas dimensões possibilitaram-me apresentar um porta-malas com 520 litros de capacidade e forma quadrangular, o que permite fácil arrumação da carga.
Continua

Carros do Passado - Página principal - e-mail

Data de publicação deste artigo: 18/5/02

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados