
O desempenho do Imperator
aumentou com o uso de motores AMG de até 420 cv; o modelo 1992 passava
por alterações técnicas e de estilo


Leve e com motor Volkswagen ou
Mercedes de até 170 cv, o Spyder levava duas pessoas com sensação de
moto, pois não havia para-brisa


Peculiar até no acesso à
mecânica, o Commendatore adotava o V12 de 6,0 litros do Classe S, os
faróis do Porsche 968 e controles eletrônicos


Sonho realizado: o
Autobahnkurier associa as linhas do Mercedes dos anos 30 a dois motores
V8 que somam 10 litros, 600 cv e 91,8 m.kgf |

O
Imperator tinha tração traseira, câmbio manual de cinco marchas e
suspensões independentes por braços sobrepostos, soluções comuns na
categoria, mas coerentes com sua proposta. Os freios eram a disco
ventilado nas quatro rodas com opção por sistema antitravamento (ABS) e
os aros de 15 pol (maiores eram raros àquele tempo) usavam pneus bem
largos: dianteiros 285/40 e traseiros 345/35. O peso de 1.350 kg era
modesto para os motores empregados. Em 1992 a Isdera adotava o V8 de 5,0
litros e 330 cv do novo Classe S, freios aprimorados, rodas de 17 pol e
alguns retoques visuais.
Outro modelo da marca na mesma época, o Spyder, seguia uma fórmula
diferente. Compacto e leve (920 kg), levava duas pessoas em uma cabine
aberta, sem para-brisa ou mesmo defletor de ar, o que exigia o uso de
capacete. O motor central-traseiro era de início o de 1,8 litro e 136 cv
do VW Golf GTI e mais tarde o de
2,3 litros do Mercedes
190 E 2.3-16, com 170 cv e 22,2 m.kgf — apto a levar o modelo a 230
km/h, com 0-100 em 7,5 segundos. Uma versão de seis cilindros em linha,
3,0 litros e 231 cv, também de origem Mercedes, foi lançada em 1987.
Como no Imperator, a carroceria era de plástico e a tração traseira. Sua
produção foi encerrada em 1990 após 200 unidades.
Apesar da combinação de desempenho elevado e a qualidade da mecânica
alemã, o Imperator vendeu muito pouco: só 30 deles chegaram às ruas até
1993. Nesse ano, Schulz apresentava no Salão de Frankfurt um novo Isdera
com o objetivo de recuperar o prestígio que o modelo anterior havia
perdido com a chegada de novos supercarros, como o
Ferrari F40 em 1987 e o
Lamborghini Diablo em 1990. Seu
nome: Commendatore 112i. Os elementos básicos de desenho do Imperator
permaneciam: perfil baixo, enorme para-brisa o mais perto possível da
horizontal, frente curta, traseira longa e larga (inspirada, ao que tudo
indica, nos Porsches 917 de Le Mans),
portas como asas de gaivota.
Todo o conjunto estava mais arredondado, em sintonia com os anos 90, mas
o chassi continuava tubular de aço. Grande diferença estava nos faróis ovalados e inclinados para trás,
cedidos pelo Porsche 968, que davam
um "olhar" estranho ao novo carro. Outra mudança era que a cobertura da
seção traseira, maior agora, se abria da mesma forma que as portas em
vez de bascular para trás. Como o
número 112 indicava, o Commendatore trocava o motor V8 por um V12, o de
6,0 litros, 32 válvulas, 408 cv e 59,2 m.kgf que vinha nos Mercedes 600
SE e SL. Com seis marchas no câmbio manual e tração ainda traseira,
podia acelerar de 0 a 100 em 4,7 segundos e chegar a 330 km/h, marcas de
respeito para a época. Bem maior que o antecessor, media 4,66 m de
comprimento, 1,88 m de largura, 1,04 m de altura — um dos carros mais
baixos já vistos — e 2,60 m entre eixos.
O novo Isdera trazia requintes técnicos como controle eletrônico da
suspensão, que reduzia a altura de rodagem em 7 cm em alta velocidade, e
aerofólio traseiro ativo para assumir a função de freio aerodinâmico. As
rodas dianteiras de 18 pol usavam pneus 225/35; as traseiras eram de 19
pol com 295/35 e os freios tinham discos da renomada marca italiana
Brembo. O peso chegava a 1.480 kg. Schulz pretendia fabricar uma pequena
série e vender seu supercarro a salgados 450 mil dólares, mas a empresa
entrou em concordata e passou às mãos de investidores suíços. Levou seis
anos para que se recuperasse e o primeiro Commendatore fosse entregue a
seu comprador. Algumas unidades saíram com o V8 ampliado para 6,9 litros
e 620 cv, potência suficiente para 370 km/h.
Transferida em 2005 para Hildesheim, cidade na Baixa Saxônia, mais ao
norte da Alemanha, a Isdera ressurgia um ano depois com algo grandioso.
O Autobahnkurier 116i, quase um cópia em plástico do
Mercedes 320 que recebeu o
mesmo apelido — "mensageiro da Autobahn" — nos anos 30, usava dois
motores V8 do antigo Classe S em um total de 16 cilindros, 10 litros de
cilindrada, 600 cv e 91,8 m.kgf! Um motor tracionava as rodas dianteiras
e outro as traseiras, podendo operar juntos ou em separado. Assim, havia
dois botões de partida e dois conta-giros para se acompanhar o
funcionamento de cada unidade. A caixa era automática de cinco marchas e
o peso impressionava: 2.270 kg distribuídos por 5,65 m com um
entre-eixos de 3,61 m.
"Sonho com esse carro há mais de 20 anos. Agora ele está pronto",
comemorava Schulz ao lado do Autobahnkurier. "Carros clássicos são
bonitos, mas é cruel dirigi-los", explicava, alegando que estabilidade,
direção e freios estão muito abaixo dos padrões atuais, o que justifica
associar seu belo desenho a uma mecânica atualizada. Uma explicação
racional para a criação de um carro que — fiel à tradição da Isdera —
passa longe de qualquer racionalidade.
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