


Amplo e com grandes janelas, o
T613 chamava atenção nos anos 70; o motor V8 de 3,0 litros na traseira
rendia 165 cv e o levava a 190 km/h


As primeiras mudanças visuais no
T613-3, de 1986, e o amplo interior |
Modelos amplos com motor traseiro e linhas aerodinâmicas foram a tônica
da Tatra desde o lançamento do inovador T77,
em 1934. A empresa sediada na antiga Tchecoslováquia (hoje República
Checa) havia surgido em 1850 como construtora de carruagens e passado já
em 1897 a produtora de automóveis. Depois da Segunda Guerra Mundial, os
conceitos do T77 tiveram seguimento nos modelos
T600 Tatraplan e T603.
Em meados da década de 1960, com o T603 já mostrando os sinais da idade,
a Tatra passou a desenvolver seu sucessor. O estúdio Vignale de Turim,
Itália foi encarregado de desenhar a carroceria, a primeira em um Tatra
do pós-guerra a não seguir formas fluidas e aerodinâmicas. Os novos
tempos favoreciam linhas mais retas e sóbrias e assim o T613 foi
elaborado. Para facilidade de manutenção, o motor continuaria arrefecido
a ar e montado na traseira junto da transmissão.
Ao ser revelado, em 1968, o T613 apresentava o novo padrão de estilo da
Tatra. De frente mostrava quatro faróis circulares, para-choque fino e
cromado e luzes de direção nas extremidades dos para-lamas. Uma
distinção era a ausência de grade — nem mesmo simulada como em outros
modelos de motor traseiro. As laterais traziam amplas portas e janelas
(três de cada lado, um padrão da marca). Embora o formato fosse de três
volumes com porta-malas saliente, as colunas de trás vinham mais
inclinadas que o próprio vidro, dando-lhe uma silhueta quase de
fastback. Ao contrário do antecessor,
que usava banco dianteiro inteiriço, o T613 adotava assentos individuais
na frente e a alavanca de câmbio entre eles.
Como o T77 ou o T603, o novo Tatra trazia motor de oito cilindros em
"V". Sua disposição era peculiar: longitudinal e montado entre as rodas
traseiras, ficava com quatro cilindros à frente da linha do eixo e os
demais atrás dessa linha, característica sem similar na produção mundial
— um motor meio central, meio traseiro. A caixa manual de quatro marchas
estava à frente do eixo, sob o banco, onde também foram instalados os
dois tanques de combustível, interligados e abastecidos por um único
bocal.
O compacto V8, com cilindrada de 3,5 litros, exibia atributos
sofisticados como duplo comando de válvulas nos cabeçotes e dois
carburadores de corpo duplo. A potência de 165 cv a 5.200 rpm e o torque
máximo de 27 m.kgf a 2.500 rpm estavam adequados a sua proposta — um
Mercedes-Benz 280 S da época tinha
160 cv com 2,8 litros, enquanto o 350 SE de 3,5 litros chegava a 200 cv.
Prejudicado pelo peso excessivo, o Tatra acelerava de 0 a 100 km/h em 13
segundos, mas tinha boa velocidade máxima de 190 km/h.
As suspensões independentes eram equivalentes em conceito às que a BMW
usava na época, McPherson à frente e de braços semi-arrastados atrás —
notável avanço sobre o sistema de semi-eixos oscilantes, similar ao do
Fusca, usado na traseira pelo T603. E havia grandes discos de freio nas
quatro rodas com servo-assistência. A carroceria básica media cinco
metros de comprimento, 1,80 m de largura, 1,44 m de altura e 2,99 m de
distância entre eixos, com peso de 1.600 kg, mas havia opção de
entre-eixos mais longo. A produção em série demorou a ser iniciada,
apenas em 1973.
Embora avançados em conceito, os Tatras sempre tiveram evolução lenta —
não se aplicava aos países comunistas a febre de rápidas renovações de
estilo comum em outros mercados, sobretudo o norte-americano. O T613 foi
o mesmo, salvo por melhorias internas, até 1980, quando apareceu a série
T613-2, ainda assim sem grandes mudanças visuais. Só em 1986, com a
estreia do T613-3, a aparência seria modificada. Vinham para-choques
envolventes em plástico preto, moldura frontal na cor da carroceria,
faróis externos maiores e todos sem aros cromados, luzes de direção
verticais e calotas também plásticas. As janelas dianteiras perdiam os
quebra-ventos e o interior, atualizado, ganhava materiais mais luxuosos.
Para conter custos, alguns itens eram compartilhados com modelos da
polonesa FSO e da também checa Skoda.
Continua
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