O T613-4 (no alto), que inaugurou o motor revisto de 200 cv, serviu de base para a versão Mobicom, um "escritório" com TV, vídeo e até fax

O T613 Spécial, com faróis retangulares e entre-eixos longo, e o carro de "assistência médica veloz" RZP, usado até como apoio em corridas

Apesar das atualizações de estilo, o T700 -- feito por encomenda do governo checo -- não teve sucesso e saiu de linha depois de três anos

Já com 17 anos de mercado, o T-613 passava por uma remodelação técnica em 1990. Tim Bishop, engenheiro que trabalhara na Jaguar, comandou a equipe responsável por atualizar o projeto. Para atender a novas normas de emissões poluentes e ganhar potência, o motor recebeu controle eletrônico de injeção (multiponto sequencial, ainda rara na época) e ignição, catalisador e novos comandos de válvulas. O resultado foi de 200 cv e 30,6 m.kgf. Era mais potência do que BMW, Mercedes e Jaguar obtinham de motores de 3,4 e 3,5 litros.

Sem deixar de oferecer farto torque em baixa rotação, o V8 do T613-4 levava o pesado sedã de 0 a 100 km/h em nove segundos e alcançava 230 km/h. O câmbio de cinco marchas permitia alta velocidade em cada uma, como 110 em segunda. Apesar do notável desempenho, sua aparência estava intocada, à exceção de um defletor no para-choque dianteiro e da opção de rodas de alumínio. Já o interior ganhava requinte e conforto com a oferta de revestimento em couro, ar-condicionado, controle elétrico dos vidros e travas e até de um computador de bordo capaz de emitir mensagens de voz. O carro também serviu para a versão Mobicom, um "escritório móvel" dotado de TV, vídeo, telefone, fax e suporte para computador portátil, além de banco dianteiro invertido para reuniões.

O motor havia chegado antes das demais alterações técnicas, que só apareceram em 1993 no T613-5. Para melhorar a distribuição de peso, alguns componentes foram realocados para a parte dianteira, como o compressor de ar-condicionado. Com opção de câmbio mais curto para os clientes que priorizassem a aceleração, era possível fazer de 0 a 100 em 7,5 segundos e manter boa velocidade máxima, 210 km/h. Para identificar a evolução, a Tatra aplicou nova moldura frontal em tom prata, que simulava uma grade entre os faróis menores, e adotou um requintado painel com aplique de madeira.

Apesar do envelhecimento do conjunto, o carro agradou em teste da revista inglesa Car naquele ano, tendo sido elogiado pelo conforto de marcha, estabilidade, interior e desempenho. O autor resumiu-o como "um carro interessante feito por uma empresa com fascinante histórico". Outra publicação do país, a Complete Car, destacava o sistema de aquecimento interno programável em até uma semana, para que a cada dia, no horário desejado, a cabine atingisse uma temperatura agradável antes mesmo que o carro fosse aberto. Contudo, o câmbio de engates pesados foi criticado.

O T613 manteve-se assim até 1996, quando deu lugar ao T700, nada mais que uma remodelação visual do mesmo carro. O governo checo, que vinha comprando Mercedes, acenou com uma encomenda de 100 unidades caso a Tatra oferecesse um carro modernizado. Agora havia dinheiro para modificar frente, portas, capô traseiro, para-brisa, interior e maquiar o restante da carroceria do T613 de entre-eixos longo. O motor de 200 cv permaneceu, mas o interior ganhava conexão para computador portátil e ar-condicionado com duas zonas de ajuste.

Se o resultado estético deixava claro ser um carro dos anos 70 à venda nos 90, foi o bastante para obter a encomenda oficial. Apesar desse emprego, o T700 teve pouco sucesso de público e saiu de linha em 1999. Foi um dos últimos carros de motor traseiro arrefecido a ar do mundo (o Porsche 911 estava adotando refrigeração líquida nas várias versões nessa época; o Fusca mexicano durou até 2003 e depois houve nossa Kombi até 2006) e o derradeiro da marca, que desde então produz apenas caminhões com quatro a 12 rodas e tração integral. No total, junto do T613, cerca de 11 mil unidades foram produzidas, volume modesto para 26 anos de mercado.

Além das versões para o público, o T613 teve aplicações especiais. Uma de alto luxo, a Spécial, foi feita nos anos 90 para o governo e clientes de alto padrão. Tinha entre-eixos 15 cm maior, frente própria com faróis retangulares, interior mais luxuoso e direção assistida. Para transportar autoridades em desfiles desenvolveu-se o T613 K ou Cabriolet. Ainda mais longo, mantinha a carroceria com teto até a região sobre o motorista. Dali para trás era todo aberto, com a capota conversível guardada atrás do banco traseiro. Foi um raro caso de aplicação de caixa automática ao modelo, embora ela aparecesse como opcional para a versão comum.

Outra interessante variação foi a ambulância T613 RTZ, com teto bastante elevado na parte de trás, entre-eixos ainda maior que o das demais versões e ampla porta na lateral direita. Como o motor estava atrás, o paciente era colocado pela porta traseira e acomodado sobre ele. Mesmo sem injeção e com todo o peso (2.230 kg) andava bem, com máxima de 160 km/h, a ponto de a Tatra ter usado algumas como veículos de apoio em competições. Para servir de carro-madrinha em corridas houve o T623, um sedã aliviado em peso e com motor de 3,7 litros e 174 cv. Já a polícia checa rodava com o T613 levemente alterado para maior desempenho. E um protótipo de cupê chegou a ser feito no início pela Vignale, mas a versão nunca chegou à produção.

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