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O primo maior do Fusca

Grande, luxuoso, mas de configuração similar à do VW, o
Tatra foi um ícone de tecnologia na Tchecoslováquia

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Ignác Sustala fundou a Tatra em 1850, em uma pequena cidade chamada Koprivnice, na antiga Tchecoslováquia, para construir carruagens. Obteve grande sucesso em diversos países da Europa, graças à qualidade e inovação técnica de seus produtos. Em 1897 começava a fabricação do Präsident, primeiro automóvel da Europa Central, e logo contratava como engenheiro chefe Hans Ledwinka, que seria responsável por arrojados projetos.

O protótipo V570, de 1933, já exibia algumas soluções do engenheiro Hans Ledwinka para uma aerodinâmica eficiente

Em março de 1934 a Tatra surpreendia o mundo com o T77, o primeiro carro europeu de produção em série com carroceria aerodinâmica -- primazia que nos EUA coube ao Chrysler Airflow, lançado na mesma época. Era uma evolução dos conceitos do protótipo V570, de 1933. Com um grande pára-brisa, linhas suaves e rodas traseiras quase totalmente encobertas, obtinha um notável coeficiente aerodinâmico (Cx) de apenas 0,212, graças à aplicação de conceitos aprendidos nos testes do Zeppelin alemão em túnel de vento. As portas dianteiras, "suicidas", abriam-se para trás.

O T77 trazia um motor V8 de 3,0 litros arrefecido a ar, com comando de válvulas no cabeçote, "pendurado" atrás do eixo traseiro. A disposição foi escolhida por evitar o túnel central de transmissão e reduzir a transmissão de vibrações e de ruído para o interior, sobretudo em alta velocidade. A eliminação do túnel possibilitava que os passageiros (de quatro a seis) ficassem mais baixos, evitando estribos e reduzindo a área frontal -- duplamente favorável à aerodinâmica.

Curiosa semelhança: além das similaridades técnicas, é evidente como o Tatra T77 e nosso conhecido Fusca tiveram algo em comum na origem das carrocerias

A potência era modesta, 60 cv a 3.500 rpm, transmitidos por um câmbio de quatro marchas. Sua carroceria monobloco, outra solução rara na época, atraía atenções com as formas tão diferentes dos carros de seu tempo. A tampa do motor ocupava uma área tão ampla da traseira que sobrava pouco espaço para o vidro posterior. Apesar das maiores dimensões, é difícil vê-lo sem se lembrar de outro projeto da época: o Volkswagen. A razão talvez sejam os regulares encontros entre Hans Ledwinka e Ferdinand Porsche, para discutir idéias, durante os anos 30.

A suspensão dianteira adotava braços sobrepostos, e a traseira, semi-eixos oscilantes, esta outra semelhança com o Fusca. Os freios eram a tambor e o tanque levava 80 litros, já que o consumo não era baixo: em torno de 7 km/l. Mas o pesado automóvel de 1.700 kg podia alcançar 150 km/h e, com sua aerodinâmica, manter mais de 100 km/h constantes sem esforços.

Quase não havia vidro traseiro no T77. Abaixo dele, o capô do motor V8 arrefecido a ar, de 3,0 litros e apenas 60 cv. A aerodinâmica era espantosa: Cx 0,212

Embora idealizado como protótipo, a empresa acabou colocando o T77 em produção limitada, visando a um segmento de luxo com seu acabamento sofisticado. Algumas unidades saíram com o volante em posição central, caso em que dois passageiros sentavam-se um de cada lado do motorista, um pouco recuados -- tal e qual no Panhard Dynamic da época e no recente McLaren F1. Os demais tinham o volante à direita, padrão checo antes da Segunda Guerra Mundial. Continua

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Data de publicação deste artigo: 29/10/02

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