À frente e no controle

Com chassi do Jeep CJ-5, o Forward Control uniu a proposta dos
caminhões com cabine sobre o motor à dos picapes 4x4

Texto: Fabiano Pereira - Fotos: divulgação

O modelo mais curto, FC-150, e as qualidades apregoadas pela Jeep: motor Hurricane, ampla visibilidade, painel de instrumentos "atraente"

Vendido também sem cabine, o Forward Control prestou-se a variadas aplicações, como este furgão destinado a entregas do serviço postal

Algumas das maiores inovações da história do automóvel consistiram em mesclar propostas de veículos de diferentes segmentos em um só. O hoje largamente empregado termo crossover é uma tradução atual de uma antiga prática. E um dos fabricantes pioneiros nessa estratégia é a americana Jeep, desde a fase em que a marca era um modelo de utilitário da Willys. A partir do veículo militar desenvolvido para a Segunda Guerra Mundial, surgiram peruas, picapes e a curiosa proposta esportiva do Jeepster. Outra inusitada solução foi introduzida em dezembro de 1956, o Jeep Forward Control.
 
Julgando-se pela aparência externa, ele não era novidade. O Forward Control (controle para frente), ou simplesmente FC, lembrava as versões picape de furgões alemães como Volkswagen Transporter (que originou nossa Kombi), Tempo Matador e DKW F89. Como nestes últimos dois, a cabine do FC vinha instalada sobre o motor, um estilo chamado de cab-forward. Diferente dos três modelos europeus e bem dentro da então recém-estabelecida tradição dos utilitários da Jeep, porém, a tração ia para as quatro rodas.
 
Logicamente, isso permitia tirar o FC do asfalto e manter boa parte de sua desenvoltura em terrenos acidentados, dependendo da quantidade de carga transportada. O chassi e a mecânica eram herdados do CJ-5, modelo civil do Jeep tradicional, lançado em 1954. Criado por Brooks Stevens, autor também da perua Jeep e do Jeepster, o FC parecia uma miniatura dos caminhões que adotavam essa configuração, o que era ressaltado em suas adaptações, como guincho, carro de bombeiro ou de reparos, às vezes até levando pequenas gruas na caçamba.
 
Havia duas versões disponíveis. Uma era o menor FC-150, lançado primeiro, e a outra o alongado FC-170, que seria introduzido um pouco depois, em 1957. Antes de chegar às lojas, a rede de concessionárias Jeep pôde conferir a novidade em circuito fechado de televisão em 29 de novembro de 1956. Ainda antes de ser distribuído, o FC-150 foi apresentado ao público no National Automobile Show em Nova York. Só então o modelo chegou aos saguões da Jeep em todo o país no dia 12 de dezembro.
 
Na versão picape, a caçamba de 1,98 metro de comprimento do FC-150 tinha espaço limitado por dois estreitamentos laterais que serviam de bancos e, à direita, uma elevação para caber o estepe, parcialmente visível. Mesmo assim, a capacidade para uma tonelada de carga era um destaque. A tampa era um trapézio, mais estreito na base. A exemplo dos caminhões, o FC-150 podia ser comprado só com chassi, chassi com dianteira (com bancos e uma divisória entre a cabine aberta e a parte posterior) ou ainda chassi e cabine fechada sem caçamba.
 
Além de espaço generoso para dois ocupantes em bancos individuais, a cabine tinha farta visibilidade graças às amplas janelas. O parabrisa era envolvente. Segundo a Jeep, a visibilidade dianteira era quase 200% maior que em um similar de cabine recuada, referindo-se à distância mínima em que um objeto no solo poderia ser visto pelo motorista. Abaixo do vidro havia o trapézio que englobava faróis e grade, elemento facilmente identificável como um Jeep da época. Uma cobertura de fibra-de-vidro isolava o motor, acessível entre os bancos. Continua

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Data de publicação: 3/3/09

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