O modelo mais curto, FC-150, e
as qualidades apregoadas pela Jeep: motor Hurricane, ampla visibilidade,
painel de instrumentos "atraente"
Vendido também sem cabine, o
Forward Control prestou-se a variadas aplicações, como este furgão
destinado a entregas do serviço postal |
Algumas das maiores inovações da história do automóvel consistiram em
mesclar propostas de veículos de diferentes segmentos em um só. O hoje
largamente empregado termo crossover é uma tradução atual de uma antiga
prática. E um dos fabricantes pioneiros nessa estratégia é a americana
Jeep, desde a fase em que a marca era um modelo de utilitário da Willys.
A partir do veículo militar
desenvolvido para a Segunda Guerra Mundial, surgiram peruas, picapes e a
curiosa proposta esportiva do Jeepster. Outra
inusitada solução foi introduzida em dezembro de 1956, o Jeep Forward
Control.
Julgando-se pela aparência externa, ele não era novidade. O Forward
Control (controle para frente), ou simplesmente FC, lembrava as versões
picape de furgões alemães como Volkswagen Transporter (que originou
nossa Kombi),
Tempo Matador e DKW F89. Como nestes últimos dois, a cabine do FC
vinha instalada sobre o motor, um estilo chamado de cab-forward.
Diferente dos três modelos europeus e bem dentro da então
recém-estabelecida tradição dos utilitários da Jeep, porém, a tração ia
para as quatro rodas.
Logicamente, isso permitia tirar o FC do asfalto e manter boa parte de
sua desenvoltura em terrenos acidentados, dependendo da quantidade de
carga transportada. O chassi e a mecânica eram herdados do CJ-5, modelo
civil do Jeep tradicional, lançado em 1954. Criado por Brooks Stevens,
autor também da perua Jeep e do
Jeepster, o FC parecia uma miniatura dos caminhões que adotavam essa
configuração, o que era ressaltado em suas adaptações, como guincho,
carro de bombeiro ou de reparos, às vezes até levando pequenas gruas na
caçamba.
Havia duas versões disponíveis. Uma era o menor FC-150, lançado
primeiro, e a outra o alongado FC-170, que seria introduzido um pouco
depois, em 1957. Antes de chegar às lojas, a rede de concessionárias
Jeep pôde conferir a novidade em circuito fechado de televisão em 29 de
novembro de 1956. Ainda antes de ser distribuído, o FC-150 foi
apresentado ao público no National Automobile Show em Nova York. Só
então o modelo chegou aos saguões da Jeep em todo o país no dia 12 de
dezembro.
Na versão picape, a caçamba de 1,98 metro de comprimento do FC-150 tinha
espaço limitado por dois estreitamentos laterais que serviam de bancos
e, à direita, uma elevação para caber o estepe, parcialmente visível.
Mesmo assim, a capacidade para uma tonelada de carga era um destaque. A
tampa era um trapézio, mais estreito na base. A exemplo dos caminhões, o
FC-150 podia ser comprado só com chassi, chassi com dianteira (com
bancos e uma divisória entre a cabine aberta e a parte posterior) ou
ainda chassi e cabine fechada sem caçamba.
Além de espaço generoso para dois ocupantes em bancos individuais, a
cabine tinha farta visibilidade graças às amplas janelas. O parabrisa
era envolvente. Segundo a Jeep, a visibilidade dianteira era quase 200%
maior que em um similar de cabine recuada, referindo-se à distância
mínima em que um objeto no solo poderia ser visto pelo motorista. Abaixo
do vidro havia o trapézio que englobava faróis e grade, elemento
facilmente identificável como um Jeep da época. Uma cobertura de
fibra-de-vidro isolava o motor, acessível entre os bancos.
Continua
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