A Kombi da concorrência

Construído por uma empresa de Hamburgo com motor VW, o
Tempo Matador tornou-se adversário de seu fornecedor

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Em novembro de 1949, antes mesmo que a Volkswagen colocasse nas ruas seu Typ 2 — nossa velha conhecida Kombi —, um fabricante hoje conhecido por poucos lançava na Alemanha um utilitário muito similar em proposta e com a mesma mecânica, embora diferente em concepção. A empresa Vidal und Sohn (Vidal e filhos), de Hamburgo, era líder de mercado entre os furgões comerciais de três rodas e, com o novo modelo, atendia a uma intensa demanda por veículos leves de trabalho, ideais para ajudar o país a se reconstruir depois da Segunda Guerra Mundial.

As versões furgão, acima, e picape (ao lado, em um evento de carros antigos no Brasil) do Matador: o tanque de combustível bem na frente da cabine justificava o nome...

Com o curioso nome de Tempo Matador 50, o utilitário foi o único modelo produzido em série com motorização Volkswagen arrefecida a ar e autorizado pelo gigante de Wolfsburg, mas não vendido por sua rede de concessionárias. Era oferecido como picape e furgão, este com teto normal ou mais elevado, sempre com duas portas articuladas na parte traseira, as chamadas "suicidas". Seu estilo era um tanto estranho, pois o volumoso tanque de combustível ficava bem na frente, sob o pára-brisa bipartido. A questão de segurança em caso de colisão cria uma inesperada explicação para o nome Matador... Os faróis alojados como se fossem olhos e a pequena área envidraçada contribuíam para o aspecto diferente.

Por dentro, era um veículo estritamente de trabalho — difícil imaginar algo mais simples. Sentados sobre o eixo dianteiro, motorista e passageiro ficam em posição semelhante à da própria Kombi. O "painel" resumia-se a um velocímetro, com utópica escala até 120 km/h, e a algumas luzes-piloto. O que não se parecia com o modelo da VW era a colocação do motor sob o banco dianteiro, que se basculava para acesso e manutenção. Era o mesmo quatro-cilindros boxer de 1.131 cm³ e potência máxima (líquida) de 25 cv então usado no Volkswagen sedã, o Fusca, com caixa de câmbio ZF de quatro marchas e tração dianteira.

Motor Volkswagen, mas com outra concepção: montagem e tração dianteiras, carroceria sobre chassi, suspensão traseira com duas molas helicoidais por lado

Também ao contrário da Kombi, o Matador não usava estrutura monobloco. A carroceria vinha sobre o chassi, composto de duas vigas de seção circular unidas nas extremidades. A suspensão dianteira usava um feixe de molas semi-elíticas transversal, e a traseira, duas molas helicoidais em cada lado. Os freios eram a tambor e as rodas mediam 16 pol de aro. Motor à parte, a própria empresa fabricava a maior parte dos componentes do veículo. Devido à distribuição de peso, retirando-se uma das rodas traseiras ele se mantinha nivelado e podia até rodar em pisos planos — sem carga na caçamba, é claro. A capacidade de carga era de 1.000 kg. Continua

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Data de publicação: 4/4/06

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