Mais longo e largo e dotado de motor de seis cilindros, o FC-170 podia receber dupla rodagem na traseira para levar mais carga: até 1.870 kg

Guindaste era outra aplicação possível para o valente Jeep FC, que deu origem até a um estudo de perua de passageiros, a Commuter, embaixo

O FC-150 tinha como argumento de vendas o máximo aproveitamento de espaço com dimensões bem mais enxutas. “Mais espaço para carga. Em um entre-eixos menor. E vai a qualquer lugar”, lia-se na publicidade da época. Compacto, o utilitário contava com 3,75 m de comprimento, 1,81 m de largura, 1,96 m de altura e 2,06 m de entre-eixos. Ele usava um motor de quatro cilindros com cabeçote em "F" (válvulas de admissão no cabeçote e de escapamento no bloco, onde também estava o comando de válvulas), cilindrada de 2,2 litros e taxa de compressão de 6,9:1 (ou 7,4:1 opcional). Produzia a modesta potência de 75 cv a 4.000 rpm e o torque de 15,9 m.kgf a 2.000 rpm.
 
De série havia um câmbio manual de três marchas sincronizadas, mas uma marcha extra podia ser pedida à parte. A tração nas quatro rodas era temporária e contava com redução. A suspensão por eixos rígidos com feixe de molas semi-elípticas atuava sobre rodas calçadas por pneus 7,00-15. Esse conjunto todo representava 1.318 kg. Como opcional, o dono ainda podia encomendar pintura em dois tons combinando com o interior, lavador de parabrisa, rádio, luzes de direção, diferencial traseiro com bloqueio, reforços na suspensão e uma variedade de tamanhos de pneus, entre outros itens.
 
Enquanto isso, o FC-170 era mais longo e potente. Com 4,57 m de comprimento, 1,94 m de largura, 2,01 m de altura e 2,63 m de entre-eixos, tinha ainda bitolas bem mais largas, evidentes a olhos nus. Ele vinha equipado com um motor de seis cilindros com válvulas no bloco, o conhecido Hurricane (furacão). Com 3,7 litros, este produzia 105 cv a 3.600 rpm e 26,2 m.kgf a 1.400 rpm, o que deixava o veículo mais vigoroso e apto a lidar com cargas pesadas. A taxa de compressão era de 6,86:1, mas podia ser elevada para 7,5:1. Na aparência a dianteira era igual. Mas a caçamba mais longa, de 2,70 m, exibia o estepe inteiro na lateral do passageiro. Os pneus mediam 7,00-16. A pouca altura desse compartimento era uma das principais vantagens dos dois FC, pois permitia carga e descarga com bem mais facilidade que os picapes convencionais. Pela primeira vez, uma caçamba era mais longa que o entreeixos do carro.
 
Os Jeeps Forward Control tinham como público-alvo, além de usuários de picapes, clientes corporativos, governamentais e militares. Para estes últimos havia o M677 com quatro portas e caçamba coberta, o furgão M678 e a ambulância M679. Várias das adaptações que substituíam a caçamba de picape vinham de fornecedores aprovados pela Jeep. O ano de 1957 foi o de melhores vendas, com 9.738 unidades. Para 1959, o FC-150 teve sua bitola alargada. Com capacidade para carregar até 1.870 kg, uma versão do FC-170 da linha 1960 trazia rodas traseiras duplas e assumia um caráter mais de caminhão leve que de picape. A caçamba chegava a três metros.

Produzidos até 1965, os FC passaram pouco de 30 mil exemplares, um resultado modesto para as expectativas do fabricante. Assim como no caso de modelos anteriores da linha, foram feitos em outros mercados por acordos firmados pela Willys Overland, Kaiser Jeep e American Motors, as empresas que controlaram a marca Jeep ao longo dos anos. Ao deixar a linha nos Estados Unidos, os FC passaram a ser fabricados na Índia pela Mahindra. Tinham até uma opção intermediária FC-160 com 2,33 m de entre-eixos. E há traços dos FC nos microônibus FJ-460 e 470 da marca indiana.
 
Na década seguinte, a espanhola Ebro herdou a licença da Vehículos Industriales y Agrícolas, S.A. para produzir modelos Jeep e lançou a linha SV sobre um chassi semelhante ao dos FC americanos. Entre eles estavam o Campeador (picape para uma tonelada), o Duplex (picape de cabine dupla), o Furgon (furgão para uma tonelada) e o Toledo (para nove pessoas). Além do motor Super Hurricane de seis cilindros, era oferecido um Perkins a diesel com quatro cilindros.

A ideia de um furgão de passageiros sobre os FC, cogitada nos EUA desde os anos 50, chegou a render o conceito Forward Control Commuter. Três unidades foram concluídas pela Reutter em Stuttgart, Alemanha, com a participação de Brooks Stevens. O Forward Control também adiantou o estilo do Chevrolet Corvair 95 Rampside, picape baseado dos furgões Corvair 95 Greenbrier e Corvan. Entretanto, o DNA da Jeep é o que traz um brilho de exclusividade a esse obscuro projeto. Nem antes nem depois, um furgão ou um picape dele derivado ofereceu o vigor da tração nas quatro rodas da primeira à última unidade fabricada.

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