Dos 3,93 metros de comprimento, 2,75 m ficavam entre os eixos. A largura era de 1,5 m, os pneus usavam a medida 140-40 e o peso ficava em 800 kg. A Lancia anunciava o compacto Aprilia como um veículo para cinco ocupantes. A versão sedã de quatro portas (as traseiras com abertura para trás, tipo conhecido por "suicida") era capaz de alcançar 125 km/h. Embora tivesse sido projetado como um modelo sem pretensões competitivas, era capaz de deixar boa parte dos carros esportivos contemporâneos comendo poeira.

Conhecido como Série 2, o Aprilia de 1939 em diante trazia evoluções como motor de maior cilindrada, pneus mais largos e melhor sinalização na traseira

De qualquer modo, a maior atração da engenharia que Vincenzo Lancia havia preparado para o Aprilia era mesmo a suspensão independente nas quatro rodas. A dianteira mantinha o sistema lançado com o Lambda, com pilares deslizantes. No eixo traseiro o carro trazia feixe transversal de molas semi-elíticas, barras de torção e braços de movimentação curta. Os freios tinham comando hidráulico nas quatro rodas.

Embora não fossem integrados ao capô, os pára-lamas dianteiros já eram suavemente unidos a ele e os faróis vinham montados junto a essas peças, em vez de presos à grade do radiador. As dobradiças das portas é que vinham embutidas, uma novidade nos Lancias. O Aprilia não se aventurava pelo desenho radical de modelos da época como o Chrysler Airflow, o Tatra T77 e o Peugeot 402, mas tinha janelas com cantos arredondados e traseira com caimento suave, bem ao estilo daqueles três inovadores modelos streamline dos anos 30. O coeficiente aerodinâmico, que seria medido só no fim dos anos 70, era de 0,47, excelente marca para seu tempo.

  O Pininfarina Aerodinamica: um ousado cupê de linhas suaves, feito pelo construtor italiano de carrocerias com base no entreeixos mais longo do Aprilia

A estréia do Aprilia ocorreu no Salão de Paris de 1936. Já foi apresentado com o nome que teria no mercado francês, Ardennes, onde seria feito sob licença. A produção teve início no primeiro semestre do ano seguinte. No dia 15 de fevereiro de 1937, porém, Vincenzo Lancia falecia de enfarte aos 56 anos de idade, antes de poder ver sua última criação ser reverenciada como um dos melhores automóveis do período pré-guerra.

A Lancia também vendia o chassi do Aprilia com toda a base mecânica para encarroçadores, procedimento comum na época. Este tinha entreeixos maior, de 2,85 m. O Aprilia sedã vinha em versões de acabamento básico e Lusso. Já em 1939 a Lancia apresentaria um motor um pouco maior, de 1.486 cm³, o que representou o acréscimo de mero 1 cv. O que era a versão Lusso passava a ser o único sedã oferecido na linha. Novos pneus adotavam a medida 165-40, a sinalização traseira era aprimorada (antes havia uma só lanterna, no lado esquerdo) e o carro estava quase 100 kg mais pesado (895 kg).

Diversas casas renomadas projetaram cupês e conversíveis de linhas interessantes para "vestir" o chassi fornecido pela Lancia, como este conversível de 1947 da Langenthal

Depois do fim da Segunda Guerra Mundial, o Aprilia voltou a constar no catálogo da Lancia e teve, entre outras customizações de luxo ou para as pistas, alguns conversíveis elegantes que lembravam o Alfa Romeo 6C e o 8C contemporâneos. Entre os construtores de carrocerias para a base do Aprilia estavam Ghia, Stabilimenti Farina, Zagato, Viotti, Bertone, Vignale, Touring e Castagna. A Pininfarina, em especial, construiu sedãs e conversíveis sobre o chassi alongado do Aprilia, além de curiosos cupês chamados Aerodinamica pela traseira bastante fluida, de grande ousadia.

O último Aprilia deixou a fábrica da Lancia em 22 de outubro de 1949, quando o Aurelia já estava prestes a começar sua destacada carreira. Desde os anos 90 a linha Lancia tem seu destaque no estilo, mas é uma sombra do que já foi no passado. Até o centenário da marca passou quase despercebido por muitos. Resta aos admiradores dos clássicos da Lancia torcer para que, a pretexto desse importante aniversário, seus carros voltem a ter o brilho de projetos como o Aprilia. Na época de Vincenzo Lancia a beleza e a ousadia estética vinham apenas coroar as duradouras inovações técnicas de seus automóveis.

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