Em ritmo de inovações

Original no desenho e no processo de fabricação, o Ritmo
levou a Fiat ao formato dois-volumes no segmento médio

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Em meio ao êxito do 127, modelo pequeno que aqui deu origem ao 147, a Fiat italiana iniciou o projeto de um sucessor para o sedã 128, lançado em 1969, seu primeiro carro com motor transversal. A fórmula de dois volumes e três portas do 127 havia dado certo e aparecia em novos modelos de outras marcas, como os Volkswagens Golf (1974) e Polo (1975), o Ford Fiesta de 1976 e a versão City do Opel Kadett, de 1975. Portanto, não foi difícil à empresa de Turim definir que a mesma configuração de carroceria seria adotada em seu novo médio-pequeno.

Em 1978 chegava ao mercado o Fiat Ritmo. Desenhadas pelo estúdio Bertone, suas linhas originais causaram polêmica. Os grandes pára-choques de material plástico serviam de base para os faróis circulares e para as esguias lanternas traseiras. Era um espanto a um tempo em que muitos carros ainda usavam meras barras metálicas como pára-choques. Na frente não havia grade em seu formato habitual: apenas uma longa tomada de ar horizontal e algumas estreitas junto ao farol esquerdo. E as maçanetas eram embutidas. Não fosse pelos pára-choques, porém, ele mostraria razoável semelhança de formas com o 127 — e tinha aerodinâmica muito boa para a época, com Cx 0,38.

Se as três ou cinco portas já não eram novidade, a Fiat inseriu outras: o Ritmo trazia pára-choques plásticos que serviam de apoio para os faróis e as lanternas traseiras

As dimensões eram típicas de sua classe: 3,93 metros de comprimento, 1,69 m de largura, 1,40 m de altura, 2,45 m entre eixos. Pesava a partir de 890 kg. Por dentro, a já conhecida fórmula de linhas retas e grande altura resultava em espaço surpreendente em relação ao tamanho externo. O painel era convencional, com linhas retas, e os comandos concentravam-se nas alavancas da coluna de direção (três) e em conjuntos bem ao alcance das mãos. Era um esboço para futuras criações nesse campo, como os "satélites" do Uno e o painel sem botões do Tipo. O compartimento de bagagem levava bons 370 litros. Além de Golf e Kadett, competia com o também alemão Ford Escort e os franceses Peugeot 305, Renault 9 e Citroën GS.

Muitos elementos mecânicos do Ritmo vinham do 128 — que acabaria mantido em produção até 1984 para atender aos que não aprovassem a novidade. Com motor transversal e tração dianteira, seguia uma tendência já consagrada na época em modelos médios e pequenos. Três motores eram oferecidos de início: de 1.116 cm³ e 55 cv, 1.301 cm³ e 65 cv, e 1.498 cm³ e 75 cv, todos alimentados por carburador de corpo simples. Não entusiasmavam pelo desempenho, mas consumiam pouco e atendiam bem à proposta do carro. O câmbio era de quatro marchas, com cinco apenas na versão 1,5, e a suspensão independente nas quatro rodas. Os pneus tinham a medida 145/80-13 e os freios usavam discos à frente e tambores atrás.

Com três alavancas na coluna de direção, reduzia-se o número de comandos no painel e facilitava-se o acesso, o que seria levado adiante pelo Uno e o Tipo

Mais inovador que a concepção técnica do Ritmo era seu sistema de produção: foi o primeiro carro fabricado quase que inteiramente por robôs, o que reduzia os custos e o tempo de construção. No entanto, problemas de qualidade e acabamento, baixa resistência à corrosão, falhas elétricas e fragilidade das caixas de câmbio prejudicaram a imagem do automóvel, a ponto de ser apontados como uma das razões para o abandono da Fiat ao importante mercado dos Estados Unidos. Nesse país, aliás, ele era vendido com pára-choques salientes (e um tanto feios) para atender à legislação de resistência a impactos. E, como no Reino Unido, usava o nome Strada, pelo inusitado motivo de que nos EUA Ritmo era marca de um absorvente higiênico feminino... Continua

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Data de publicação: 21/3/06

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