Quadrado, mas inovador

As formas convencionais do 128 escondiam as primazias de
motor transversal e tração dianteira, pela primeira vez na Fiat

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

A maior empresa automobilística da Itália, a Fiat, com base em Turim, sempre produziu automóveis em larga escala. Mas nem por isso deixou de inovar e de fazer carros muito interessantes e distintos. Na década de 1960 fez a primeira experiência com tração dianteira no simpático Primula, da Autobianchi, uma das empresas do grupo. Foi criado por Dante Giacosa, um engenheiro muito competente que foi o "pai" do Fiat Topolino, do 600 e da minivan Multipla.

Também de responsabilidade de Dante foi o desenvolvimento de mais um bom produto do grupo: para substituir o modelo 1100, já envelhecido, era lançado em março de 1969 o Fiat 128. O sedã de tração dianteira foi considerado por alguns como uma aventura e por outros uma bem-vinda ousadia, pois rompia com o passado dos carros de tração traseira. Apresentado nas versões de duas e quatro portas, o automóvel de dimensões compactas agradou pelas linhas modernas. Eram retas, quadradas, mas bonitas. Um carrinho muito simpático.

Com duas ou quatro portas, o mesmo desenho simples, mas benéfico ao espaço interno e à visibilidade; o modelo inicial era de 1,1 litro e 55 cv

O três-volumes media 3,86 metros de comprimento e tinha ótima área envidraçada. Na grade retangular de fundo preto estavam inseridos faróis circulares. Moderno também era o que estava debaixo do capô: um motor de quatro cilindros em linha em posição transversal, com comando de válvulas no cabeçote acionado por uma correia dentada e cabeçote de alumínio. A cilindrada era de 1.116 cm³, e a potência, de 55 cv a 6.000 rpm, com um carburador de corpo simples. Permitia velocidade máxima de 135 km/h, adequada à proposta.

Por dentro levava com conforto quatro passageiros — o quinto já ia apertado. O painel simples era composto de dois mostradores circulares, velocímetro e marcador de combustível. O volante de desenho simples tinha dois raios e a alavanca de câmbio, com quatro marchas, ficava no assoalho. Em todo 128 a suspensão dianteira adotava o esquema McPherson, com molas helicoidais e estabilizador; atrás tinha feixes de molas semi-elíticas. Como tradição da casa italiana, o carro era muito estável, saindo de frente no limite.

Na mecânica, o conceito de "tudo à frente" e o motor transversal, que logo se espalhariam pela Fiat

Um de seus concorrentes, com medidas de carroceria e motor muito similares, era o francês Peugeot 204. Na mira também estavam o Renault 12, o Simca 1301, o inglês Austin/Morris/MG 1100 e os alemães Ford Escort, Opel Kadett e Volkswagen Typ 3. No final do ano era lançada a perua de três portas. Mantinha a mesma dimensão dos pequenos sedãs, tinha três vidros laterais e a abertura da porta traseira era muito boa. Em 1970, um ano após seu lançamento, o 128 ganhou o prêmio de Carro do Ano, atribuído por jornalistas europeus. Já contava com 250.000 unidades vendidas. Continua

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Data de publicação: 23/8/05

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