

Ainda de 205, vitorioso no Rali
Paris-Dacar de 1987 após se recuperar de grave acidente; a comemoração
junto de Bernard Giroux e Jean Todt


O Peugeot 405 Turbo 16 com que
Vatanen subiu o Pikes Peak, nos EUA, em 1987 e o Subaru Legacy que
assumiu em 1992 no Mundial de Rali


Com o protótipo Citroën ZX Rally
Raid, Ari venceu três provas em 1994 e duas em 1996; embaixo o 206 WRC
que ele pilotou em seu último rali

Momento de descontração com
Colin McRae, piloto falecido em 2007 |
Confirmando a boa fase, Vatanen fazia o segundo lugar no Mil Lagos e no
San Remo, na Itália. O ano de 1981 seria melhor ainda: tornava a ganhar
o Acrópole, o Rali do Brasil e o Mil Lagos. Era campeão mundial, sendo
que o vice ficava com a dupla francesa Guy Fréquelin-Jean Todt. O ano
seguinte não era tão bom para o finlandês, mas em 1983 ele estava com o
Ascona 400 e com o co-piloto Terry Harryman. Na quarta prova do
campeonato, enfrentou e ganhou os 5.209 km do severo Safári, a maior
parte disputada no Quênia. Foi um ano dominado pelo
Lancia 037 e o
Audi Quattro. Interessante foi
Ari ter disputado duas provas tendo como co-piloto a esposa Rita Vatanen.
Ganharam um rali com o Manta 400
em Itäralli, Finlândia, e tiraram quarto lugar numa prova sueca. O ano
de 1984 lhe trazia novidades: começava a pilotar os potentes e perigosos
carros do Grupo B. Estava com um
Peugeot 205 Turbo 16 e, com muita
habilidade, venceu o Mil Lagos, o San Remo e o RAC.
Vatanen começava a temporada de 1985 com o Rali de Monte Carlo. Mesmo
penalizado por não ter respeitado um posto de controle, fez uma
recuperação brilhante numa de suas mais belas vitórias. Além da festa na
chegada, ele e Terry Harryman foram homenageados com os troféus no
palácio do Príncipe Rainier de Mônaco. O campeão estava amadurecido e
reconhecido por colegas de profissão e equipes adversárias. Voltou a
ganhar a prova seguinte na casa dos adversários e vizinhos suecos. Tanto
eles quanto os finlandeses têm o hábito usar o pé esquerdo no pedal da
embreagem e no do freio, aproveitando o direito só para acelerar. No
mesmo ano teve quebras em várias provas, tirou o segundo lugar na Nova
Zelândia e sofreu um sério acidente na Argentina, o que o tirou das
provas por um longo período. Na época a FIA já estava disposta a tomar
providências sérias sobre o Grupo B.
O marcante acidente, que quase lhe
custou a vida, o deixou fora das competições durante 18 meses.
Em 31 de dezembro de 1986 era dada a partida do famoso Rali Paris-Dacar,
com saída na capital francesa e chegada na senegalesa. Junto com 286
competidores, entre carros, motocicletas e caminhões, Ari tinha como
companheiro Bernard Giroux. Com brilhantismo, venceu a prova mais dura
do mundo provando que estava em forma outra vez. Enquanto não estava por
conta da Peugeot, fez o Safári com um Subaru RX e disputou o Mil Lagos
com um Ford Sierra RS Cosworth, tendo
novamente Terry Harryman como navegador. Outra bela façanha foi a subida
de montanha de Pikes Peak, nos Estados Unidos, com um 205 Turbo 16. Fez
mais uma prova com um Sierra entre Hong Kong e Pequim e, para fechar o
ano com brilhantismo, ganhou o Rali dos Faraós, no Egito, onde a final
se dá perto das três pirâmides.
Em 1988 liderava o Paris-Dacar quando teve seu 405 Turbo 16 roubado por
motivos políticos. Mesmo assim, vitórias e conquistas não
faltaram nesse ano: no Rali da Tunísia, no do Atlas (no norte da
África), no Baja Monteblancos (Portugal) e outra vez no dos Faraós.
Também subiu as colinas de Pikes Peak com o 405, mostrando
habilidade fora do comum e batendo recordes. Um belo vídeo da prova é
até hoje muito assistido pela internet.
Em 1989 Vatanen vencia outra vez o Paris-Dacar e o Faraós, sempre ao
lado de Bruno Berglund. Um ano depois, repetia o triunfo no Dacar e
também o Baja Aragon, na Espanha, já com um Citroën ZX — o grupo PSA
passava a dar destaque a outros produtos da linha.
Em 1991, ainda com muito fôlego, tornou a vencer a mais importante prova
de longa duração do mundo, com o ZX Rally Raid, e outra vez no Egito. Junto com o
motociclista Stéphane Peterhansel, é o que tem mais vitórias até hoje no
Paris-Dacar. Naquele ano comprava uma bela propriedade no sul da França,
perto de uma estação de esqui, onde passava a maior parte do
tempo com sua esposa e os filhos Kim, Ria, Tua e Max. Ari já falava
correntemente a língua local.
Fez várias provas do Mundial de Rali de 1992, obtendo o melhor resultado
no RAC com um Subaru Legacy 4WD. No ano seguinte, com o carro
japonês, ganhava o Hong Kong-Pequim com Berglund. Tirava o terceiro na
Argentina em 1994, tendo como navegadora a italiana Fabrizia Pons. Com
esta competente co-pilota, a bordo de um ZX Rally Raid, tirou terceiro
no Rali da Tunísia e ganhou o Atlas, o Baja Portugal e a subida do Vale
do Isere, na França.
Nesse meio tempo, com um Escort RS Cosworth,
venceu o Rali Internacional Pirelli em 1995. De ZX, no ano seguinte, tirava o segundo na Tunísia e no Baja Portugal e ganhava o Baja Espanha e o Master Rali, entre a França e a
Mongólia. De Mitsubishi Lancer Evo III, levou outra vez o Hong
Kong-Pequim. Era um ás das grandes distâncias. Em 1997 obtinha suas
últimas vitórias significativas com carros de corridas: mais uma
vez o Atlas e o Baja Portugal com o ZX, o Master (desta vez entre
França, Itália e países do norte da Ásia) e o Rali dos Emirados Árabes,
tendo como co-piloto Fred Gallagher.
Eleito pelo Partido Popular Europeu ao Parlamento Europeu
em 1990, Vatanen — tal como nas pistas — fez uma bela carreira, sendo
reeleito em 2004 com o apoio de Nicolas Sarkozy. O Rali da Finlândia de
2003 foi seu último válido pelo Mundial, com um Peugeot 206 WRC.
Daquele ano até 2005 teve
três participações no Dacar com um picape Nissan e em 2006 com o Volkswagen
Touareg,
sem grandes resultados. Relembrando o começo de carreira, pilotou seu
antigo Escort RS 1800, com David Richards navegando, no Colin McRae
Forest Stages Rally de 2008, evento em memória do piloto de rali escocês McRae, que morreu no
ano anterior.
Também em 2008 ganhava o prêmio Gregor Grant Award, junto com Stirling
Moss, em reconhecimento a sua carreira automobilística. O prêmio é dado
desde 1989 pela conceituada revista inglesa Autosport a personalidades
do automobilismo mundial. Recentemente se candidatou à presidência da
Federação Internacional do Automóvel (FIA), mas perdeu para o antigo
companheiro Jean Todt.
Os ralis são até hoje provas duríssimas e de alta
precisão, que exigem muito de homens e de máquinas. E Ari Vatanen teve sempre a têmpera necessária para pilotar
nessas condições de uma maneira que raramente é vista.
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