A versão para os Estados Unidos continuava penalizada por enormes para-choques e, para lá, o motor de 1,8 litro seguia com 22 cv a menos


No esportivo GTX (em azul), as rodas que tivemos no Gol GT; a edição Wolfsburg usava motor 1,8 a injeção e foi vendida apenas no Canadá

Os ingleses receberam outra série limitada Storm, com defletor frontal e interior de couro; note os faróis menores junto à grade como os do GTi

Havia três caixas de câmbio manuais: de quatro marchas nos dois primeiros motores, do tipo 4+E no terceiro (com quinta sobremarcha) e de cinco marchas reais no último, além da opção de caixa automática de três marchas nos dois intermediários. Mas o novo Scirocco logo ofereceria algo mais vigoroso: o de 1,8 litro, lançado em 1982 para o GTi, com 112 cv e 15,3 m.kgf. Como se percebe, o objetivo não era aumentar a potência (subiu apenas 2 cv), mas o torque, para deixar o motor mais tratável no uso urbano.

De fato, o pico passou de 5.000 para 3.500 rpm ao lado do ganho de 1,3 m.kgf. Nos EUA eram apenas 90 cv pelo aparato antipoluição. No mesmo ano, em março, a unidade de 1,6 litro e 85 cv dava lugar à de nova geração, igual ao AP-1600 que seria lançado em 1985 no Brasil, com melhor relação r/l para uma operação muito suave em alta rotação; o 1,3 saía do catálogo. Contudo, o 1,6 fornecia modestos 75 cv e 12,4 m.kgf tanto no CL quanto no GL. A redução não durou muito para o acabamento mais refinado, que em junho recebia motor 1,8 com carburador, 90 cv e 14,5 m.kgf.

A impressão da Popular Mechanics com a nova geração foi positiva: "Na estrada, o Scirocco mostra-se fabuloso. Para mim, ele é o padrão para qualquer cupê esporte de tração dianteira no mercado. É justo, silencioso e tem uma combinação maravilhosa de conforto de marcha, sensibilidade da estrada e precisão de comportamento que faz qualquer bom carro ser divertido, ainda que fácil de corrigir em uma direção rápida. É um pouco apertado por dentro, mas uma vez sentado no banco de amplos apoios laterais, ligando o motor de 1,7 litro e segurando o espesso volante, você vai achar difícil ficar dentro do limite de velocidade. O carro quer ser dirigido velozmente."

A Popular Science foi logo a um comparativo com Dodge Challenger, Renault Fuego e Toyota Celica Supra. O VW mostrou-se superior em freios e economia e defendeu-se bem em desempenho, mas deixou a desejar em comportamento, espaço (comparado ao Challenger) e conforto de marcha (diante de Celica e Fuego). "Se você gosta de simplicidade ao lado de um chassi muito eficiente, o Scirocco é sua melhor aposta neste grupo. O carro é ágil e esterça com precisão. É o tipo de carro que agradaria os compradores de antigos carros esporte, ao fornecer diversão sem luxo como um MG TD, com algum conforto a mais e espaço para bagagem. O interior é simples e direto, mas tudo o que você precisa para pura eficiência ao dirigir está lá — direção rápida, câmbio de engates fáceis e curtos, bancos dianteiros bem moldados." Além desses concorrentes, o Scirocco enfrentava na Europa modelos como Ford Capri, Lancia Beta HPE e Opel Manta.

A série especial GTS aparecia em 1983 com faixas decorativas, aerofólio, revestimento em cinza e preto, volante de "quatro bolas" e o típico pomo de câmbio em forma de bola de golfe, também usado no Brasil pelo Gol de mesma denominação. Na Inglaterra surgia o Storm da nova geração com rodas de 14 pol, aerofólio, defletores na cor da carroceria — apenas prata azulado ou marrom escuro — e bancos de couro. Apenas nos EUA, a edição Wolfsburg foi oferecida no mesmo ano; trazia bancos de couro, rodas de alumínio de 13 pol e motor 1,8 com injeção. Fato curioso é que o modelo nunca foi produzido naquela cidade-sede da VW, mas só em Osnabrück.

Outra série, a California, comemorava a produção de 600 mil Sciroccos, com rodas de alumínio de 14 pol e anexos aerodinâmicos. Todos saíram na cor prata. A Karmann elaborou a sofisticada versão Cheetah, em branco pérola, com para-choques e anexos aerodinâmicos na cor da pintura, rodas Lemmerz de origem belga com pneus Michelin TRX, faróis de neblina e teto solar de aço. Por dentro mostrava bancos esportivos e portas revestidos em couro vermelho, ar-condicionado e caixa automática. Após o evento o carro se tornou o meio de transporte pessoal da sra. Karmann. Alterações em toda a linha em 1984 afetavam freios, ar-condicionado e o tanque de combustível, que ganhava capacidade pela adoção de um estepe de uso temporário, bem estreito, no porta-malas. O limpador de para-brisa vinha com dois braços para maior área de varredura.

A revista inglesa VW Motoring, independente do fabricante embora especializada na marca, avaliou em 1984 o GTi 1,8, que oferecia "desempenho de genuíno carro esporte e estabilidade à altura de sua aparência". O motor foi considerado "extraordinariamente suave e flexível, dando respostas muito boas em baixas rotações, assim como uma disposição para girar até 6.500 rpm". Elogios também aos faróis com quatro fachos, os bancos confortáveis e com bom apoio lateral e o prático teto solar, que podia ser erguido ou correr para trás por fora. A revista criticou o peso da direção em baixa velocidade e dos freios e a carga insuficiente dos amortecedores em oscilações maiores. Continua

As preparações
Houve diversas preparações para melhorar o desempenho do Scirocco. A tradicional Öettinger, que surgiu em 1951 como Okrasa fazendo "venenos" para o Fusca, desenvolveu cabeçotes com quatro válvulas por cilindro no começo dos anos 80, bem antes que a própria VW adotasse a solução no GTi.

Nos Estados Unidos, a Callaway aplicou um turbo para chegar a 130 cv, acelerar de 0 a 100 em 7,7 s e atingir mais de 200 km/h, com a injeção Bosch K-Jetronic original do motor 1,6 e um sistema de injeção de água para conter a detonação. Era equipado com rodas Centra ou ATS de 15 pol, pneus Phoenix Stahlflex 195/50 R 15, molas mais firmes e amortecedores Bilstein, estabilizador traseiro, volante Momo revestido em couro e bancos Recaro.

A VW fez seu protótipo do Scirocco Turbo, logo no começo da segunda geração, levando o motor de 1,7 litro a 178 cv e o carro à máxima de 220 km/h. Consumo elevado e dificuldade de tração quando o turbo entrava em ação levaram a fábrica a desistir de uma versão de série. Hoje exposto no museu VW, o carro era prata na parte superior e dourado do friso lateral para baixo, tinha rodas de 14 pol, conjunto aerodinâmico e uma grande tomada de ar abaixo do para-choque para o resfriador de ar.

A atual geração conta com numerosas opções para ganhar potência ou mesmo um ar mais esportivo por meio de empresas como Abt, Öettinger, Rieger (acima), JE Design, H&R e Sportec.

Para ler
VW Scirocco 1974-81 (Brooklands Road Tests) - por R. Clarke, editora Brooklands Books. Mais uma das compilações de Clarke, em que testes, comparativos, dados técnicos e apresentações dos modelos, publicados na época de sua produção, são reunidos. São 25 matérias sobre o Scirocco de primeira geração em 100 páginas.

VW Golf - with Scirocco, Corrado and Karmann Convertible Derivatives - por James Ruppert, editora Crowood. Publicado em 1996, o livro conta a história do Golf nas três primeiras gerações e aborda derivados como o sedã Jetta, os conversíveis e os esportivos Scirocco e Corrado. Inclui informações sobre desenvolvimento, competições e manutenção em 205 páginas em inglês.
VW Treasures by Karmann: Karmann-Ghia, Beetle Convertibles, Rabbit Convertibles, Scirocco - por Jan P. Norbye, editora Motorbooks. Os "tesouros" da VW produzidos pela Karmann estão nas 176 páginas dessa obra de 1985. Embora o Karmann-Ghia mereça o maior destaque, os conversíveis do Fusca e do Golf e os Sciroccos de geração um e dois estão presentes.

Water-Cooled Volkswagen Performance Handbook - por Greg Raven, Motorbooks. Uma das autoridades em preparação de motores VW "a água", Raven escreve sobre as unidades de quatro e seis cilindros que equiparam Golf, Scirroco, Jetta, Passat e Corrado. São 224 páginas e 500 fotos com detalhes das modificações aplicáveis para melhorar seu desempenho. Esta edição é de 1999.

Carros do Passado - Página principal - Escreva-nos

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados - Política de privacidade