Fogo brando

O Renault Fuego, francês que também fez sucesso na Argentina,
demorou a ter um desempenho compatível com seu estilo

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

Na década de 1960 a francesa Renault, que sempre teve produtos variados, não oferecia um esportivo que atendesse ao gosto do público que desejava um carro mais rápido. Quem gostava da mecânica da empresa só podia comprar os esportivos Alpine — e ficava muito satisfeito, desde que pudesse pagar por eles. Nessa época, o único Renault com características esportivas, mas de desempenho modesto, era o Caravelle. O sedã R8, lançado na versão Gordini em 1964, demonstrava ótimas características dinâmicas, mas sua carroceria era comportada e familiar.

Nos anos 70 fizeram sucesso os modelos R15 e R17, derivados do sedã R12. Esses hatchbacks tinham carrocerias esportivas, mas também eram carros familiares. A versão R17 Gordini era apimentada e mostrava desempenho vigoroso. Em abril de 1978 a empresa lançava o sedã R18, um quatro-portas de linhas modernas. Em setembro saía a versão Turbo do mesmo modelo, que agradou bastante. Era a época de sucesso dos turbocompressores na Fórmula 1.

As linhas retas do Fuego, com amplos vidros e frisos pretos na linha de cintura, tinham um aspecto esportivo que não correspondia à baixa potência de algumas versões

Dois anos depois, preenchendo uma lacuna em sua gama de produtos, era apresentado o Fuego. Depois de tanto tempo, era o primeiro carro da marca a não ser identificado por um número, como era tradição. Com linhas dinâmicas e esportivas, o hatch era fabricado sobre a base do R18. A carroceria de três portas, moderna, havia sido elaborada nos estúdios da própria casa. Era atraente, muito aerodinâmica e diferente — difícil de ser confundida. Misturava chapas de aço estampado e componentes em plástico reforçado com fibra-de-vidro.

Na frente, os faróis retangulares faziam conjunto com as luzes de direção. A grade preta tinha frisos horizontais e seu centro portava o losango, símbolo da marca. Largas molduras frisadas, de material plástico, enfeitavam o perfil à altura da base das janelas e davam um toque ainda mais esportivo. A visibilidade era ótima para todos os lados, graças à ampla área envidraçada, e as maçanetas embutidas seguiam o padrão que a Fiat usaria no Uno a partir de 1983. Atrás, a terceira porta abrigava um vidro de boas dimensões. E havia um bom porta-malas para a categoria do veículo. O Fuego media 4,36 metros de comprimento e pesava 1.010 kg.

No interior, painel bem-equipado e espaço surpreendente para os ocupantes do banco traseiro e a bagagem, ao se considerar seu perfil

O motor básico, que equipava as versões TL e GTL, era um quatro-cilindros de 1.397 cm³ e comando de válvulas no bloco, que desenvolvia a tímida potência de 64 cv a 5.500 rpm e o torque máximo de 10,5 m.kgf a 3.000 rpm. Era alimentado por um carburador de corpo simples. Com tração dianteira, rara num carro desta classe, e caixa de quatro marchas (a de cinco era opcional), a velocidade máxima de 158 km/h e as lentas acelerações decepcionavam diante da esportividade do estilo. Os freios dianteiros eram a disco e os traseiros a tambor, com servo de série. A suspensão dianteira era independente e a traseira de eixo rígido, o que era raro num carro francês e não muito apreciado. Mas a estabilidade ainda assim era notável.

Não tardou muito para que a empresa apresentasse uma versão mais vitaminada, a GTS. Debaixo do capô havia um motor de alumínio com 1.647 cm³ e carburador de corpo duplo, que desenvolvia 96 cv a 5.750 rpm. O comando ainda estava no bloco, mas as câmaras de combustão tinham forma hemisférica. Bem mais esperto, sua velocidade final era de 175 km/h e acelerava de 0 a 100 km/h em 13,4 segundos. Nesta versão, equipada com belas rodas de alumínio, os pneus tinham a medida 175 R 13. Continua

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Data de publicação: 25/10/05

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