O pequeno Midget J1 (em
vermelho), com aparência frágil e motor de 850 cm3, e o PA de 1934, de
maior cilindrada e aspecto mais atraente
Duas versões do PB (embaixo uma
de competição): já com as formas que, um pouco modificadas, chegariam
até o fim da série T nos anos 50 |
Um
dos carros mais famosos da história do automóvel, conhecido por milhões
de aficionados mundo afora, o MG da série T é o mais autêntico roadster
inglês de todos os tempos, um carro inconfundível.
Tudo começou em 1924 quando o engenheiro inglês Cecil Kimber, nascido em
1888, fundou com William Richard Morris uma pequena empresa de
automóveis — mas que se tornaria muito famosa —, a MG Car Company Ltd.,
em Cowley, área industrial de Oxford, no sudeste inglês. Um de seus
primeiros automóveis, derivado do Morris Minor, foi o simpático MG
Midget J1 apresentado no Salão de Londres de 1928. Ele seria a base para
sua grande obra-prima. O pequenino tinha motor dianteiro da marca
Wolseley com quatro cilindros em linha, 847 cm³ de cilindrada e potência
de 36 cv. Era alimentado por dois carburadores da inglesa SU (Skinners
Union) e tinha câmbio de quatro marchas e tração traseira.
De aparência frágil esse modelo, que concorria com o
Austin Seven e o francês George Irat,
tinha dois lugares bem restritos, carroceria com chapas de aço bem
planas, para-brisa quase vertical e para-lamas destacados, que cobriam
as rodas raiadas de 19 pol. O longo capô com entradas de ar laterais era
fechado e amarrado por um cinto. Um charme. A grade era um retângulo
vertical com bordas cromadas, no qual estava inserido um escudo
octogonal que seria o símbolo da marca por décadas. Seus faróis
circulares eram apoiados num eixo cromado e presos aos para-lamas. Era
um carro rápido, leve, fácil de conduzir e muito ágil. O prazer em
dirigi-lo era garantido.
Em 1932 ganhava uma versão para competição. Os painéis da carroceria
eram de alumínio, não tinha as pequenas portas de abertura inversa
("suicida") da versão normal e seu motor era equipado com um
compressor Powerplus que lhe rendia 70
cv a 7.000 rpm. Dois anos depois nascia a série PA, de aspecto mais
robusto que a série J, e em 1935 a versão PB, que começaria a dar fama
mundial à empresa de Oxford. Com um motor de quatro cilindros bem mais
evoluído, tinha comando de válvulas no
cabeçote, 939 cm³, dois carburadores SU e 44 cv, que permitiam
velocidade final de 105 km/h.
Era bonito abrir a parte direita do capô e ver o coletor em ferro
fundido com o octógono gravado. Os para-lamas eram integrados à
carroceria. As portas estavam maiores, mas com o mesmo tipo de abertura.
A capota ficava à frente do tanque de gasolina, que recebia o suporte
para a fixação do estepe. O emblema octogonal também estava presente nas
maçanetas cromada das portas e no cubo rápido das rodas. O novo desenho
era leve, atraente e moderno para a época. A carroceria era apoiada
num chassi de longarinas longitudinais e reforços transversais em aço,
com suspensões de eixo rígido e feixes de molas semi-elípticas. Crescia
em relação à série J, com distância entre eixos de 2,22 metros,
comprimento de 3,34 m e peso de 755 kg.
O painel de instrumentos era rico em informações. Havia cinco quadros
com formas octogonais sobre madeira com mostradores da precisa marca
Jaeger. Curioso era que o miolo para a inserção da chave de ignição
estava muito próximo a um apoio cromado para o “equilíbrio” do
passageiro. O grande volante de raios metálicos era em baquelita e a
alavanca de câmbio vinha apoiada num pequeno suporte metálico, junto com
um botão para ajuste da mistura ar-combustível. O banco inteiriço
acomodava bem duas pessoas. Continua
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