Para inglês ter

O Austin Seven representou para a Inglaterra o que o Ford T
foi para os Estados Unidos: o carro que motorizou o país

Texto: Fabiano Pereira - Fotos: divulgação

O Ford Modelo T americano, o Bébé Peugeot criado por Ettore Bugatti, o Fiat 500 “Topolino”, o Volkswagen na Alemanha nazista. O que esses carros têm em comum com o britânico Austin Seven? Em linhas gerais, uma proposta de fabricação em massa, preços competitivos e a capacidade de encantar milhares, às vezes milhões de pessoas, exatamente pela escassez de luxo em contrapartida à praticidade e durabilidade. No panteão desses primeiros modelos que popularizaram o automóvel em seus países, o Seven permanece como um dos mais bem-sucedidos projetos em termos locais e internacionais.

O empresário Herbert Austin vinha produzindo carros desde 1906, um ano após deixar a Wolseley Tool and Motor Car Co., de Birmingham, para fundar sua companhia perto dali, em Longbridge. Até 1914 vários modelos foram oferecidos, a maior parte deles com motor de quatro cilindros, mas com exotismos como um de seis cilindros e 9,7 litros, que rendia 60 cv. Após a guerra, Austin decidiu se concentrar em um modelo só, o Twenty, de quatro cilindros e 3,6 litros. Lançado em 1919, ele seria um fracasso de vendas e levaria a fábrica a sérias dificuldades financeiras.

O Seven era diminuto sob qualquer aspecto, do comprimento de 2,69 metros ao preço de 225 libras à época do lançamento, pouco mais que uma moto com carro lateral

Com o acréscimo do modelo Twelve de 1,6 litro à linha, a situação se reverteu e a Austin decidiu investir num carro ainda menor, mais econômico e acessível, menos sujeito à taxação de impostos e com expectativa de maiores volumes de vendas, a exemplo dos contemporâneos Ford T e Peugeot Quadrilette. A idéia não foi bem recebida. Então já intitulado Sir, Herbert Austin teve de projetar o carro longe do escritório — reza a lenda, em sua mesa de bilhar. A proposta era criar um veículo capaz de ocupar uma posição tão popular no mercado inglês quanto a combinação de moto e carrinho lateral (sidecar) era na época.

O resultado, chamado de Austin Seven, foi lançado em 1922. Ele era minúsculo, mais parecia um brinquedo infantil. Com 2,69 metros de comprimento e 1,90 m de entreeixos, deixaria outro clássico britânico — o Mini, que seria lançado pela mesma empresa 37 anos mais tarde — parecendo um espaçoso carro de classe superior, com seus 3,04 m de comprimento e 2,03 de entreeixos. A princípio, o Seven foi encarado com desprezo e chacota por parte da imprensa e até de funcionários da própria Austin. Mas, custando 225 libras, ele era uma pechincha, apenas 30 libras mais caro que uma moto completa com sidecar.

O furgão derivado do pequeno Austin era uma das várias opções de carroceria, que passavam por sedã, roadster e conversível de quatro lugares

Para colocá-lo em movimento, um motor de quatro cilindros de apenas 696 cm³ e potência de 10,5 cv a 2.400 rpm cumpria a tarefa em um carro de apenas 455 kg. O propulsor tinha comando no bloco, válvulas laterais e refrigeração a água, embora os planos originais de Sir Herbert Austin previssem apenas dois cilindros arrefecidos a ar. Quem o dissuadiu dessa idéia foi o engenheiro Stanley Edge, que prometeu criar um motor de quatro cilindros, mais suave e silencioso, sem que o preço subisse. Continua

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Data de publicação: 15/5/07

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