O bebê mais querido da França

Obra de Ettore Bugatti, o diminuto Bébé Peugeot refletiu
na Europa a popularidade do Ford Modelo T com carisma único

Texto: Fabiano Pereira – Fotos: divulgação

O mundo vivia o limiar de uma revolução. Aquelas carroças sem cavalos, que começavam a tomar os grandes centros, logo deixariam de ser um bem de consumo reservado às classes abastadas. Era o início dos anos 1910 e Henry Ford queria a todo custo abaixar o preço de seu Modelo T, de 780 para 500 dólares. Em 1913 ele conseguiu a façanha, ao instalar uma linha de montagem que agilizava a produção de 20 horas para uma hora e meia, baixando os custos por unidade e popularizando o automóvel. Enquanto isso, na França, uma outra proposta de carro popular surgia com o pequenino Bébé Peugeot.

Responsável por metade da produção francesa de automóveis na França da época, a Peugeot já fazia parte do cenário industrial do país desde o século 18. No século seguinte iniciava a fabricação de ferramentas e utensílios para casa feitos de aço, como lâminas de serra, moinhos de café, pimenteiros, molas, entre outros. Em 1882, interessada pelas precursoras da bicicleta, a família Peugeot começava a produzir um modelo com enorme roda dianteira à frente de uma pequena traseira. O grande incentivador desses novos horizontes a explorar era Armand Peugeot.

O Bébé Tipo 69, lançado em 1905 com motor de um cilindro, já havia mostrado à Peugeot que havia espaço no mercado para carros mais acessíveis

Seu primo Eugène, acionista majoritário da empresa, era contrário às idéias visionárias que ele tentava desenvolver no empreendimento da família. Quando Armand colocou um motor a vapor junto a um triciclo, para a Feira Mundial de 1889, Eugène vetou a proposta. Perto dali, Armand Peugeot começou a desenvolver suas próprias carroças motorizadas. Inspirado pelos projetos de Serpollet (1889) e Gotlieb Daimler (1890), ele apresentou seu primeiro automóvel de quatro rodas com um motor Daimler a gasolina um ano mais tarde.

A outra facção da família manteve a produção de ferramentas e bicicletas e, posteriormente, até motos. Era um indício de que Armand não estava sozinho em sua fé nos veículos automotores. Em 1904 três filhos de Eugène – Pierre, Robert e Jules –, entusiasmados com o trabalho do tio, começavam a fazer seus próprios carros, batizados de Lion-Peugeot. Com a morte de Eugène, as duas marcas se uniriam em 1910. O nome Lion-Peugeot foi preservado, mas logo o “leão” se limitaria ao logotipo.

O primeiro Bébé da era Bugatti, o BP1: dois lugares, 2,6 metros de comprimento, motor de quatro cilindros e 855 cm3, potência de 10 cv

Até então, Armand preferia fazer carros sofisticados. Porém, ele percebeu que havia um grande potencial na crescente popularização do Modelo T americano. Era algo que ele já alcançara de certa forma em 1905, quando lançou seu primeiro modelo Bébé, o Tipo 69. O carro tinha um motor de um cilindro vertical e 652 cm³. Naquele ano, a Peugeot conseguira vender 400 unidades do Tipo 69, um número considerável para a época e a maior produção anual de um único modelo da marca até ali. Mas as renovações anuais da linha dispersaram a idéia. Continua

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Data de publicação: 19/10/04

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