O mundo a suas rodas

Produzido em seis gerações, o Opel Kadett alcançou em duas delas uma
variedade surpreendente de mercados nos quatro cantos do globo

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

O primeiro modelo do Kadett, de 1936: linhas arredondadas, duas ou quatro portas, estepe na traseira e motor 1,1-litro com potência de 23 cv

Estrutura monobloco e suspensão dianteira independente ainda eram novidades; embaixo o Strolch, roadster que foi recriado após 70 anos

Para os brasileiros, o nome Kadett remete a um carro produzido pela General Motors por uma só geração, de 1989 a 1998, e que encontrou relativo sucesso em sua categoria. Na Alemanha, porém, a história é outra: o Kadett surgiu por lá antes da Segunda Guerra Mundial, pela marca Opel, e teve seis gerações até entregar seu posto ao Astra, em 1991 — o que não impediu que continuasse em produção até hoje, com outros nomes e aparências, em mercados menos desenvolvidos.

O primeiro Kadett foi apresentado em dezembro de 1936, três anos antes do Volkswagen, ou Fusca, com o qual concorreria diretamente. A construção monobloco, em vez da carroceria sobre chassi de madeira comum na época, ainda era novidade para os alemães, que haviam visto essa solução pela primeira vez um ano antes, no Olympia da mesma Opel. Ele era oferecido com duas e quatro portas (nesse caso as traseiras abriam-se para trás), em carroceria fastback fechada, e como conversível de duas portas (que mantinha os arcos das janelas laterais, permitindo apenas o recolhimento da capota), sempre com quatro lugares.

Suas linhas simples seguiam os padrões de então, com para-lamas destacados da carroceria, capô alto e estreito com grade vertical, estribos e pequena área de vidros. Os faróis já se integravam ao corpo, deixando para trás a montagem "pendurada" comum poucos anos atrás, e o para-brisa era inteiriço. Na traseira vinha o estepe, à mostra, sendo o acesso ao porta-malas feito por dentro da cabine. Compacto, o carro media 3,81 metros de comprimento, 1,38 m de largura e 1,45 m de altura, com 2,34 m de distância entre eixos, e pesava 757 kg. A designação Kadett 11234 referia-se à cilindrada e ao entre-eixos.

O motor dianteiro do primeiro modelo, herdado do Opel P-4, era um quatro-cilindros de 1,1 litro com potência de 23 cv, suficiente para alcançar quase 100 km/h — desempenho adequado a um carro barato, destinado a facilitar a motorização dos alemães. O câmbio manual, com alavanca no assoalho, tinha três marchas e a tração era traseira. Certa modernidade havia na suspensão dianteira, já independente, enquanto atrás era usado um eixo rígido com feixe de molas semielípticas. Os freios a tambor atuavam nas quatro rodas, que tinham pneus 4,50-16.

Alterações de estilo eram feitas em 1938, como uma grade dianteira mais elaborada. Também nesse ano foi construído o protótipo de um roadster, ou conversível de dois lugares, chamado Strolch — a Opel chegou a elaborar material de divulgação sobre ele, mas a versão nunca chegou à produção. Em 2009 a fábrica, com base em antigos materiais do projeto, decidiu recriar o modelo em exemplar único.

Foram fabricados 107 mil Kadetts até 1940, quando a guerra fez cessar a produção. Seis anos mais tarde, a linha de montagem foi apropriada pelos russos a título de espólio de guerra, o que deu àquela primeira geração uma sobrevida sob o nome Moskvitch 400, com quatro portas e versão conversível. O total fabricado na Rússia, de 247 mil unidades entre 1947 e 1954, superou por larga margem o da Alemanha.

Retorno em família   Mais de 20 anos se passaram até que voltasse ao mercado o nome Kadett — cadete em alemão, a primeira denominação alusiva à Marinha usada pela Opel, seguida pelo Admiral e o Kapitän, ou almirante e capitão, em 1937 e 1938, na ordem. O Volkswagen já era um grande sucesso, dentro e fora da Alemanha, e a Opel precisava de um carro compacto e acessível para competir com ele, em um segmento abaixo dos ocupados pelo Rekord e pelo Kapitän.

Uma nova fábrica foi erguida em Bochum para produzir o que seria conhecido como o Kadett A, a primeira geração da fase em que o nome teve continuidade. Em outubro de 1962 ele estreava com uma pequena família: as versões sedã e perua (Caravan, nome que na Opel foi usado para tal variação dos mais diferentes modelos) de duas portas laterais, a que se seguiria um ano depois o cupê, com vidro traseiro mais inclinado. Todos mantinham os quatro lugares, mas a perua podia vir com um banco adicional no porta-malas, voltado para trás, que levava duas crianças. Continua

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Data de publicação: 24/9/11

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