Com o dinamismo de um atleta

Batizado em alusão às Olimpíadas, o Opel Olympia foi o primeiro alemão
com estrutura monobloco e contribuiu para manter o êxito da marca

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Inovador na construção, embora com mecânica conservadora, ele fez sucesso como carro popular antes que o Volkswagen fosse concluído

A série OL38 trouxe uma grade vertical e arredondada, capô inteiriço e uma versão de quatro portas, em que as traseiras se abriam para trás

Fabricante de máquinas de costuras em seu período inicial — ela existe desde 1863 em Rüsselsheim, no sudoeste da Alemanha —, a empresa fundada por Adam Opel começou a construir automóveis em 1899 e, 15 anos mais tarde, assumia a liderança do mercado alemão de veículos. Nos anos 20 ela foi a primeira marca no país a adotar o sistema de produção em série, o que contribuiu para se tornar também o maior exportador de carros da Alemanha. Tal crescimento chamou a atenção da General Motors, que adquiriu 80% das ações da Opel em 1929 e o restante três anos depois.

A década de 1930 foi um grande período para a empresa, que em 1935 era o primeiro fabricante germânico a atingir a marca de 100 mil carros anuais. Em fevereiro daquele ano, no Salão de Berlim, a linha Opel crescia com a apresentação de um modelo inovador: o Olympia, cujo nome fazia alusão aos Jogos Olímpicos de Berlim que se realizariam no ano seguinte — havia até um logotipo no carro com um atleta arremessando um disco. Pela primeira vez um automóvel alemão de grande volume adotava a construção monobloco toda em aço, introduzida pelo Lancia Lambda em 1922 e que só no ano anterior, 1934, fora adotada por um dos modelos que tornaram esse conceito mais conhecido, o Citroën 7/11 CV "Traction Avant".

A técnica permitiu uma redução de peso aproximada de 180 kg sobre a tradicional carroceria sobre chassi, além de ocupar menos espaço sob a cabine. Quem visse o Olympia, porém, não imaginaria que ele adotasse tal solução, pois suas proporções não eram diferentes das usadas por modelos do mesmo porte com a construção tradicional. Era curto (3,93 metros), estreito (1,43 m) e alto (1,54 m) como qualquer modelo compacto dos anos 30; a distância entre eixos ficava em 2,37 m. Suas linhas simples mostravam uma grade dianteira bem alta, para-lamas destacados da carroceria, para-brisa inteiriço e vidros pequenos e planos. Os faróis circulares começavam a se integrar aos para-lamas, embora ainda parecessem estar fora deles quando o carro era visto de frente, e havia dois capôs laterais que lembravam as asas de um pássaro quando abertos.

Disponível apenas com duas portas, esse Opel oferecia a opção de um recurso frequente na época: um teto de lona que podia ser enrolado na parte traseira, para dar a sensação de conversível, embora permanecessem as molduras das janelas laterais. Ao contrário de muitos carros de seu tempo, o Olympia usava o sentido de abertura de portas comum hoje e não o inverso, conhecido como "suicida". No interior, dois bancos inteiriços acomodavam quatro pessoas sem grande conforto. O estepe vinha em posição externa na traseira, atrás do compacto porta-malas.

Sob os capôs estava um motor de quatro cilindros, 1,3 litro e válvulas laterais, o mesmo já usado desde 1933 pelo antecessor do modelo, chamado simplesmente de Opel 1,3-Liter. A modesta potência de 24 cv a 3.300 rpm, diante do peso de 835 kg, traduzia-se em acelerações vagarosas e em velocidade máxima de 95 km/h. De início com três marchas, a caixa de câmbio manual (com alavanca no assoalho e primeira não sincronizada) passava a ter quatro em 1937, ao mesmo tempo em que o motor crescia para 29 cv. A suspensão dianteira era independente, enquanto a traseira usava eixo rígido e feixes de molas semi-elíticas. Os freios a tambor, de início com acionamento mecânico, ganhavam comando hidráulico também em 1937; os pneus tinham a medida 5,00-16 e o sistema elétrico era de seis volts.

O Olympia foi sucesso imediato: em dois anos a Opel colocou mais de 80 mil deles nas ruas, o que teve papel decisivo da conquista de 42% do mercado alemão pela marca — cabe lembrar que o Volkswagen, que Adolf Hitler idealizou como carro popular para o país, ainda estava sendo projetado e só seria concluído no fim da década. Em 1937 ele evoluía para a versão identificada como OL38. Embora o desenho básico fosse o mesmo, as dimensões cresciam ligeiramente, chegando a 4,02 m de comprimento e 2,43 m entre eixos. A maior diferença visual estava na frente, em que a grade assumia forma arredondada e vertical, em vez da plana e levemente inclinada para trás usada até então, e o capô era um só, aberto para trás no padrão "boca de jacaré". Continua

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Data de publicação: 2/3/10

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