Com a versão 2.3-16, o 190 E ganhava músculos: 16 válvulas, cabeçote Cosworth, mecânica toda revista, 0 a 100 em 7,5 segundos

Lançado após uma disputa entre pilotos renomados, vencida por Senna, o 2.3-1 mantinha o estilo discreto e só ousava um pouco no acabamento

Surgiam também duas variações específicas para o mercado norte-americano, que tinha limites de emissões poluentes mais severos. O motor de quatro cilindros do 190 E 2,3 a gasolina — também tomado emprestado do Classe E — fornecia apenas 113 cv, apesar dos 300 cm³ a mais que o 190 E original, mas em 1984 o alcançaria em potência com 122 cv. Já o 190 D 2,2 a diesel obtinha 73 cv, compensando com a maior cilindrada as perdas com o equipamento antipoluição.

O 190 apimentado   E por que não oferecer — questionava-se a Mercedes — uma versão mais potente, com tempero esportivo? Algo na linha do que a BMW fizera com a série 2002 uma década antes e que voltaria a fazer, com maestria, em 1987 no primeiro M3. No Salão de Frankfurt de 1983 era apresentado o 190 E 2.3-16, que deixava clara a aplicação de quatro válvulas por cilindro ao motor de 2,3 litros. Com preparação pela inglesa Cosworth, que produzia o cabeçote e o enviava à Mercedes para montagem no bloco, esta e outras modificações elevaram a potência para 185 cv a 6.200 rpm (ante 136 cv no Classe E de mercado europeu) e o torque para 24 m.kgf a 4.500 rpm.

Com apenas 50 cv a menos que um Porsche 911 da época e peso de 1.230 kg, o novo 190 acelerava de 0 a 100 km/h em 7,5 segundos e alcançava 230 km/h, números dos melhores para sua categoria. O mercado norte-americano, porém, o recebia com 170 cv e 22,4 m.kgf por conta do controle de emissões. Disponível apenas em prata e num tom azulado de preto, o 2.3-16 vinha com defletor no para-choque dianteiro, saias laterais e traseira e aerofólio sobre a tampa do porta-malas, conjunto que baixava o coeficiente aerodinâmico (Cx) para 0,32 e reduzia a sustentação em velocidade.

Toda a mecânica era revista, da relação de direção mais baixa (direta) ao tanque de combustível ampliado de 55 para 70 litros. O câmbio manual de cinco marchas, fornecido pela alemã Getrag, tinha a primeira para trás e fora do "H" principal, técnica de carros esporte para deixar nesse "H" as quatro marchas superiores, usadas durante a direção com vigor. Já foi assim nos primeiros anos do 911, mas o esquema foi abandonado porque levava motoristas não habituados, como manobristas, a sair em segunda e forçar a embreagem. Uma versão automática de quatro marchas também foi oferecida.

Além de diferencial autobloqueante de série, o 2.3-16 contava com a opção de controle eletrônico de diferencial, que o bloqueava de 15% até 100% para a melhor tração possível — não se tratava de controle de tração por frenagem ou redução de potência, como é comum hoje. A suspensão recebia molas, amortecedores, buchas e estabilizadores especiais, com ênfase na estabilidade, e a traseira vinha com nivelamento automático de altura. As rodas de 15 pol com um desenho clássico na marca usavam pneus 205/55. No interior o revestimento em tecido xadrez e dois instrumentos adicionais no console, abaixo do rádio, davam um ligeiro ar esportivo.

Seu lançamento foi precedido por um programa no circuito de Nardo, no sul da Itália, em que três protótipos com maior potência bateram os recordes de 25 mil quilômetros, 25 mil milhas (40,2 mil km) e 50 mil km com velocidades médias de quase 250 km/h. Mais tarde, em maio do ano seguinte, a fábrica pôs 20 unidades do 2.3-16 no lendário circuito alemão de Nürburgring com vencedores de provas na pista, fosse a de 1.000 km ou o GP de Fórmula 1 — gente do calibre de Jack Brabham, Hans Herrmann, Phil Hill, Niki Lauda, Klaus Ludwig, Stirling Moss, Alain Prost, Keke Rosberg, Jody Scheckter, Ayrton Senna e John Surtees. O vencedor da corrida? Senna, aos 24 anos. Continua

Os especiais
Enquanto preparava os 190 para as pistas, a AMG oferecia versões mais esportivas para a rua, ainda de forma independente da Mercedes. O 190 E 3.2 AMG (fotos acima), lançado em 1992, foi o primeiro modelo da empresa vendido regularmente em concessionárias Mercedes e mantendo a garantia da fábrica. Ele recebia um motor de seis cilindros em linha e 3,2 litros, similar ao do Classe E da época, modificado para render 234 cv e 31,1 m.kgf, o que permitia chegar a 250 km/h e acelerar de 0 a 100 em 6,8 segundos.

Como se vê, é uma longa tradição na empresa aplicar motores de maior cilindrada aos carros da estrela. Se o interior mantinha o ar sóbrio, com apliques de madeira, a parte externa ganhava rodas maiores com o desenho característico AMG, saias laterais e nos para-choques e um discutível defletor incorporado à tampa do porta-malas.
De resto, todos os cromados eram eliminados para um ar menos sisudo. O AMG estava disponível apenas em prata e preto, mas a empresa oferecia tanto o pacote estético quanto o motor 3,2 para quem desejasse aplicá-los a seu 190.

A Carlsson, por sua vez, instalava no 190 E um motor de seis cilindros e 3,5 litros com 250 cv. Nenhum foi tão longe, porém, quanto o 500 E da Brabus, que herdou do Classe S o V8 de 5,0 litros com preparação para render 430 cv. Outras empresas que ofereceram modificações de estilo, rodas especiais e alterações técnicas para o 190 foram as alemãs Zender (abaixo à esquerda) e Lorinser e a japonesa Wald. A também germânica Schulz Design (abaixo à direita) adaptou ao sedã médio uma frente similar à do grande cupê SEC, com faróis menores e ampla grade com logotipo no centro, onde ficava a estrela de três pontas no carro doador.

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