Da prateleira veio o motor V8 360, de 5,9 litros e 250 cv, para fazer do Dakota R/T um dos picapes mais rápidos a seu tempo

Rodas de 17 pol, suspensão recalibrada e acabamento monocromático formavam o pacote da versão R/T, que acelerava de 0 a 96 km/h em 7 s

A cabine dupla ou Quad Cab ampliava o espaço para seis lugares; sob o capô, o mais moderno motor V8 de 4,7 litros substituía o de 5,2 litros

O que não agradou? Mais uma vez, o acesso ao banco traseiro na versão estendida. A Dodge havia estudado uma terceira porta no lado do passageiro, mas optou por não usar para conter o preço. E enquanto gerava família com o nascimento do utilitário esporte Durango (leia boxe abaixo), em 1998 o picape assumia caráter esportivo com a versão R/T, sigla para "road and track" ou estrada e pista, que no passado identificou carros potentes da Dodge. O motor V8 de 360 pol³ ou 5,9 litros do Ram, com 250 cv e 47,7 m.kgf, foi associado ao câmbio automático de quatro marchas, a alterações na suspensão (molas e amortecedores mais firmes, altura reduzida em 25 mm, estabilizadores em ambos os eixos) e rodas de 17 pol com pneus 255/55.

O R/T podia vir com cabine simples ou estendida e mostrava visual atraente, com elementos na cor da carroceria. Na avaliação da revista Truck Trend, "a audição fica satisfeita com o roncar de engrenagens vindo da traseira, o áudio Infinity que é talvez o melhor em um picape e o melhor ronco de escapamento deste lado da Itália, enquanto o olfato ocasionalmente se beneficia do odor de fumaça dos pneus ou dos freios. (...) Ele pode não ser tão rápido quanto parece, mas consegue concluir o quarto de milha [0 a 400 metros] a 135-145 km/h, sempre dando um firme empurrão nas costas quando você calca o pedal. (...) O R/T oferece o picape esportivo mais divertido e emocionalmente satisfatório pelo dinheiro, em especial quando outra pessoa paga seu combustível."

Em um comparativo com Ford SVT F-150 Lightning e Toyota Tacoma TRD, em 2002, o esportivo mostrou bom desempenho na Motor Trend: "São necessárias 1.500 rpm para uma boa arrancada. Mais que isso e você apenas faz os pneus deslizarem." Com 7,1 segundos para acelerar de 0 a 96 km/h, ele perdeu para os 5,2 s do Ford e os 6,1 s do Toyota. Em contrapartida, seu comportamento sobressaiu: "Quanto mais rápido você vai, melhor o R/T responde. Há toneladas de aderência, uma direção rápida, e ele não ameaça rodar no último cone. É muito estável nas retas, faz curvas com facilidade, é extremamente previsível e recebe bem o comando de esterçar pelo acelerador. Com uma suspensão tão segura, esperaríamos um rodar de ranger os ossos; contudo, o Dakota aceita bem pisos ásperos".

Atendidos os amantes de alto desempenho, faltava algo que os modelos japoneses há muito ofereciam: cabine dupla com quatro portas. Essa opção chegou em 2000 com o Dakota Quad Cab, que mantinha o entre-eixos da versão estendida, trocando espaço de carga para os passageiros, e se destacava na categoria pelo conforto dos ocupantes. Junto à novidade, outra sob o capô: a substituição do motor 5,2 pelo V8 PowerTech de 4,7 litros com comando no cabeçote, 235 cv e 39,7 m.kgf que havia feito a estreia no Jeep Grand Cherokee de segunda geração. Disponível com caixa manual ou automática, reunia bom desempenho e consumo mais comedido. A caçamba longa deixou o catálogo nesse ano.

Rodas de 16 pol no pacote esportivo de suspensão e controle elétrico da tração 4x4 no painel, em vez da tradicional alavanca no console, vinham em 2001. Um ano depois, o acabamento SXT com rodas 16 e bancos individuais; em 2003, caixa automática de cinco marchas para o motor V8 e a eliminação do quatro-cilindros. No ano-modelo seguinte o veterano V6 dava lugar ao PowerTech de 3,7 litros, comando no cabeçote e 210 cv que havia aparecido em 2001 no Jeep Liberty (Cherokee no Brasil), uma versão com dois cilindros a menos do 4,7 V8. Era o fim da linha também para o 5,9 V8 e para o R/T, mas uma nova geração já estava na boca do forno. Continua

Os especiais
A própria Dodge apresentou em 2003 uma proposta para deixar o R/T ainda mais "bravo". Com novos cabeçotes, coletores de admissão, comando de válvulas e escapamento, o V8 passava a 300 cv. Tudo podia ser instalado em concessionárias por pouco mais de US$ 3 mil, um bom negócio para quem não estivesse satisfeito com a potência original.

O Dakota teve também versões personalizadas pela fábrica para o Sema Show, evento de carros especiais e acessórios em Las Vegas. Em 2007 a variação MX Warrior (foto), montada com a consultoria de um piloto de motocross, vinha com suspensão elevada, grandes rodas, para-choque redesenhado e decoração em laranja com o tema do logotipo Dodge. Ideal para levar a moto até a pista de cross — não importava o quanto ela estivesse longe do asfalto.
Como utilitário esporte
Embora a Chrysler já contasse com um utilitário esporte renomado no segmento de médio porte — o Jeep Grand Cherokee —, a divisão Dodge não produzia nenhum desde 1993, quando saíra de linha o grande Ramcharger, derivado do picape pesado Ram. Assim, o Dakota de segunda geração serviu como base para a criação do Durango, de linhas imponentes e tração nas quatro rodas em todas as versões.

Havia um sistema igual ao do Dakota, de uso temporário em condições de baixa aderência, e outro opcional para utilização mesmo em piso seco. As três fileiras de bancos acomodavam até oito pessoas. Com motores V6 de 3,9 litros e V8 de 5,2 e 5,9 litros, concorria com Ford Explorer, Chevrolet Blazer, Nissan Pathfinder e Mitsubishi Montero (Pajero no Brasil). Uma versão com tração traseira aparecia em 1999; um ano depois, o motor 5,2 dava lugar ao 4,7 e a suspensão dianteira evoluía.

Em 2004 o Durango passava à segunda geração, que perdia o vínculo com o Dakota para competir com utilitários maiores.
Devolvendo o favor
Se o antecessor do Dakota — o D-50 ou Ram 50 — era um picape Mitsubishi vendido com o logotipo Dodge, a marca norte-americana devolveu a gentileza aos japoneses 26 anos mais tarde.

Lançado em 2005 nos Estados Unidos, o Mitsubishi Raider era fabricado pela então DaimlerChrysler com base no Dakota de terceira geração. Oferecia cabine estendida ou dupla, tração traseira ou integral, caixa manual ou automática e motores V6 e V8, os mesmos de 3,7 e 4,7 litros usados no modelo da Dodge. Havia ainda a opção DuroCross (foto), com acessórios e acabamento mais despojado para o fora de estrada.

As vendas, no entanto, decepcionaram e grandes estoques se formaram da rede Mitsubishi, o que levou a fábrica japonesa a encerrar a parceria em 2009.

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