
A estréia em Paris: muita
curiosidade pelo "guarda-chuva sobre rodas"
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Na maioria dos jornais e
revistas existem os cartunistas com charges de cenas do
cotidiano, críticas e elogios. No Le Monde, no
Paris-Match, no Figaro ou no Nouvelle Observateur,
que são famosos freqüentadores dos quiosques franceses, foram
feitas ótimas charges por cartunistas que exploraram muito o
tema Citroën 2CV. Ele podia ser uma caixa metálica como uma lata
de sardinha, o furgão no papel de Arca de Noé, estar dentro de
uma garrafa em frente a um farol de sinalização marítima, ou
frear muito forte para impedir o atropelamento de patinhos, os
ocupantes quase furando o teto com a cabeça. Original e ingênuo. |
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Traduzido
em mais de 60 idiomas, Tintim foi um sucesso enorme desde seu
lançamento em 1929. Ao todo foram 21 álbuns do escritor Remi
Georges, que usava o pseudônimo Hergé, nascido nos arredores de
Bruxelas, na Bélgica. Nas várias aventuras de Tintim ao redor do
planeta com seu fiel cãozinho Milou, ao lado dos pitorescos
irmãos detetives Dupont e Dupont, podem-se ver vários 2CV. |
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A
guerra acabava em agosto de 1945 e, felizmente, nem todos os TPV foram
destruídos: restou um protótipo. O processo foi retomado e as linhas
revisadas. Três anos após, um dos mais famosos e longevos produtos da
Citroën era apresentado no Salão de Paris no Grand Palais, um enorme
salão de 77.000 metros quadrados, construído para a exposição universal
em 1900 e bem próximo da bela e charmosa Avenida Champs-Élysées. O novo
carro foi chamado de 2CV (Deux Chevaux na pronúncia local) por causa da
potência fiscal. Esse índice era usado na França para enquadramento em
faixa tributária e tinha relação — mas não em proporção direta — com a
potência do motor, que naquele país é indicada em ch (cheval-vapeur) e
não em cv.
Ao lado do Traction, três modelos do carrinho estavam expostos num
espaçoso estande com um "detalhe" muito importante: não estavam
motorizados! O grupo propulsor não estava pronto. O estande ficou
lotado, pois a curiosidade era geral. O presidente da República Vincent
Auriol estava junto de Pierre-Jules Boulanger e outras autoridades.
Misturavam-se com o público e a imprensa, que não se cansava de ironizar
o novo "guarda-chuva sobre rodas", como foi apelidado por sua extrema
simplicidade. Faz parte do folclore que um jornalista presente perguntou
ao pessoal da fábrica se ele já vinha com o abridor de latas, ou se era
um acessório opcional... Gracinhas à parte, o carro era interessante e
não estava a mais de 50 metros de um de seus principais concorrentes: o
Renault 4CV.
O novo produto de Javel tinha quatro portas, sendo que as dianteiras
tinham abertura para frente, tipo suicida. Com linhas muito curvas, a
carroceria de dois volumes usava amplos vidros que permitiam boa
visibilidade. Cheio de detalhes interessantes, atrás tinha um pequeno
vidro oblongo e os das portas dianteiras abriam apenas a metade
inferior, que ficava virada para cima e travada — mais simples e barato
que um sistema descendente.
A economia no projeto não parava por ali. O teto era quase todo de lona,
sendo facilmente removível, e os dois faróis circulares (a idéia de usar
um só não foi adiante) não eram incorporados ao capô, conforme um dos
desenhos finais de Bertoni: vinham apoiados nos pára-lamas e tinham
forma de cone. O capô nervurado mostrava a grade com frisos verticais na
parte inferior. No meio desta, em metal cromado, havia o emblema oval
com a dupla engrenagem ao centro. Atrás, a parte da tampa do porta-malas
também era de lona e no lado esquerdo havia uma minúscula lanterna
circular.
Continua
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