Apesar da frente e da traseira
bem diferentes e de opções como a perua, o Cavalier 1982 não esconde o
parentesco com nosso Monza |
Foi
preciso acontecer a explosão do preço do petróleo, em 1973, e a invasão
européia e japonesa para que as fábricas dos Estados Unidos — e seus
compradores — vissem os carros compactos com novos olhos. No caso das
empresas americanas, qual a chance de vencer os sucessos
Honda Civic e
Toyota Corolla, por exemplo,
com modelos pesados e beberrões? Para a General Motors a resposta para
essa questão, na década de 1980, veio com uma receita tipicamente
européia.
Até o início dos anos 80 os carros compactos (para os padrões dos EUA)
da divisao Chevrolet da GM eram o Vega e o
Monza. Para substituir os dois modelos e
fazer frente à modernização da concorrência, a marca da
gravata-borboleta lançou mão de uma idéia em voga naquele tempo: a do
carro mundial. O escolhido para o segmento foi o projeto "J", que
naquele país recebeu o nome de Cavalier.
Seus traços não são estranhos a nós brasileiros por um bom motivo. Seu
projeto, desenvolvido pela alemã Opel, é o mesmo que deu origem a nosso
Monza. Na Europa ele era a
terceira geração do Opel Ascona,
no Reino Unido chamou-se Vauxhall Cavalier e, na Austrália, Holden
Camira. O modelo americano, porém, ganhou carroceria com desenho
próprio. Lançado em 1981, era um carro prático e bem diferente do
conceito tradicional do país: motor transversal de quatro cilindros e
cilindrada discreta (inicialmente), estrutura monobloco, tração
dianteira.
Mesmo sendo um carro mundial, a Chevrolet modificou bastante as linhas
da carroceria para adequá-lo ao gosto local — o que faz pensar se a
redução de custos esperada em um projeto mundial tenha se concretizado
realmente. A estrutura básica era a mesma do Monza brasileiro, com
linhas retas nas laterais e três volumes bem definidos. A frente ganhava
traços mais conservadores, com faróis recuados em molduras cromadas,
grade de menor altura (compensada pelo capô avançado) e pára-choque que
misturava partes cromadas e pintadas na cor da carroceria, além de mais
robusto para resistir a impactos.
A traseira já lembrava mais a origem do projeto europeu, mas ganhava
lanternas diferentes e, entre elas, uma faixa preta. Além do sedã
quatro-portas havia uma perua, que nunca tivemos aqui, com desenho
elegante na traseira; um sedã duas-portas e um hatchback de mesma
configuração. Os modelos podiam vir em três versões de acabamento. A
mais despojada era a Cadet (exceto para o hatch) e a CL a mais luxuosa.
O meio-termo era a Base.
O motor que equipava o novo carro da marca era o mesmo 1,8-litro usado
aqui, com comando de válvulas no cabeçote
e carburador de corpo duplo, e entregava potência de 89 cv. O câmbio
podia ser manual de quatro marchas ou automático de três, mas no ano
seguinte apareciam a opção manual com cinco marchas e um motor de 2,0
litros e apenas 2 cv a mais. Sem empolgação, os números davam um
desempenho discreto ao carro: levava mais de 16 segundos para chegar a
100 km/h.
Continua
|