Embora lembrasse muito o E21 em
estilo, o E30 estava mais moderno e aerodinâmico; o interior tinha
elementos de desenho típicos da marca |
Mais
que pelos grandes sedãs e atraentes roadsters que ilustram sua história,
a BMW construiu uma imagem de esportividade e refinamento com sedãs e
cupês de porte médio nos quais o motorista se sente o protagonista, não
mero condutor. E uma parcela importante dessa reputação se formou com a
linha E30, a segunda geração do Série 3.
A tradição, na verdade, vem desde antes do uso dessa designação. A linha
New Class (nova classe) lançada em
1961, que teve no 2002 sua versão mais emblemática, foi a primeira vez
em que a Fábrica de Motores da Baviera — tradução do nome Bayerische
Motoren Werke — ofereceu sedãs médios esportivos, modelos que pareciam
pacatos e familiares, mas ofereciam um envolvimento especial a quem os
dirigia. A primeira geração do Série 3, a E21
de 1975, manteve essa proposta e adotou o clássico motor de seis
cilindros em linha nas versões superiores.
Quando chegou a hora de uma reformulação completa, a BMW apresentou a
geração E30, em dezembro de 1981. Suas linhas lembravam tanto as do E21
que muitos poderiam pensar que houvera apenas retoques, mas não era o
caso. Sem intenção de impressionar pelo estilo naquela época, a empresa
de Munique evoluiu o tema do antecessor nas linhas retas e equilibradas,
em que o capô longo e a cabine recuada deixavam clara a disposição
mecânica de motor dianteiro e tração traseira — ao contrário de tantos
carros médios de seu tempo, que vinham passando à tração dianteira em
nome da eficiência e da economia de espaço.
O desenho ficou a cargo do alemão Claus Luthe, que havia concebido
modelos famosos como o NSU Ro 80
e a segunda geração dos Audis 80
e 100. Na BMW, onde trabalhou de
1976 a 1990, ele foi responsável pelo segundo e o terceiro Série 3
(códigos de projeto E30 e E36, na ordem), o segundo e o terceiro
Série 5 (E28 e E34), o segundo
Série 7 (E32) e o cupê
Série 8 (E31).
Os elementos já tradicionais de estilo da marca — alguns vigentes ainda
hoje — estavam presentes no E30, caso da grade preta com quatro faróis
circulares e dois retângulos centrais, conhecidos como duplo rim, e da
quebra da janela lateral traseira apelidada de Hofmeister Kink, que foi
desenhada para o New Class pelo diretor de estilo Wilhelm Hofmeister e,
desde então, adotada em quase todo automóvel da empresa. Amplos vidros,
para-choques de lâmina estreita, lanternas traseiras horizontais e
poucos adornos concluíam o desenho do sedã, que media 4,32 metros de
comprimento, 1,65 m de largura, 1,38 m de altura e 2,57 m de distância
entre eixos.
Também no interior viam-se características comuns na BMW, como painel
com a seção central voltada ao motorista, quadro de instrumentos simples
e bem legível e indicador de consumo instantâneo abaixo do conta-giros.
O E30 trazia sistema de verificação e controle de sistemas e um alerta
para o momento de realizar manutenção.
Quatro eram as versões iniciais da linha, todas com duas portas. O 316
usava o motor M10 de quatro cilindros e 1,8 litro (embora o número
fizesse supor 1,6 litro), com comando de
válvulas no cabeçote e um carburador, que obtinha potência de 90 cv
e torque de 14,3 m.kgf. Acima vinha o 318i, com o mesmo M10, só que
dotado de injeção Bosch Jetronic para extrair 105 cv e 14,8 m.kgf. Como
já acontecia na série E21, havia versões com o motor M20 de seis
cilindros em linha: 320i, de 2,0 litros, 125 cv e 17,3 m.kgf; e 323i, de
2,3 litros, 143 cv e 20,9 m.kgf.
A caixa de câmbio manual Getrag tinha quatro marchas no 316 e no 318i e
cinco nos demais, sendo esta oferecida àquelas versões como opção. Da
mesma forma, o câmbio automático ZF dos dois primeiros usava três
marchas, e o dos demais E30, quatro. Na suspensão, conceitos já
consagrados na marca eram empregados: McPherson na dianteira e braços
semiarrastados na traseira, um sistema independente e de dimensões
compactas.
Continua
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