A ovelha negra da família   Como era difícil mexer numa receita que se revelou tão acertada logo de saída, a empresa tratou de evoluir bem gradualmente o Taurus. Para 1987, o modelo permaneceu intacto. No ano seguinte, um novo V6 de 3,8 litros foi oferecido como opcional nas versões mais sofisticadas, tendo a mesma potência do 3,0, porém com mais torque — 29,7 m.kgf. A perua MT5 saía de linha.

SHO: a versão esportiva usava um V6 da Yamaha com duplo comando, 24 válvulas e 220 cv

Para 1989 é que a potência foi o destaque — ao lado do primeiro milionésimo Taurus vendido. Na nova versão SHO (Super High Output, ou altíssima potência), vinha equipado com um V6 Yamaha de 3,0 litros, duplo comando nos cabeçotes, 24 válvulas e 220 cv. Um dos mais potentes e rápidos carros de tração dianteira feitos em série até então, ele oferecia desempenho em patamar semelhante ao de carros esporte como Mustang GT, Chevrolet Camaro Z/28 e os primos Mitsubishi Eclipse, Plymouth Laser e Eagle Talon em versão turbo. O temperamento forte fazia do SHO a "ovelha negra" da bem-comportada família Taurus.

Além dos brios a mais, do pacote de suspensão esportiva e dos freios a disco nas quatro rodas, o Taurus SHO trazia visual condizente com seu vigor. Os pára-choques tinham a mesma cor do carro e saias. Por dentro, o conta-giros de 8.000 rpm exibia a faixa vermelha a partir de 7.000 rpm — um espanto para os pacatos motores americanos — e havia apenas bancos individuais. O único câmbio disponível era o manual de cinco marchas. Acelerava de 0 a 96 km/h em cerca de sete segundos. O MT5 sedã deixou a linha nesse ano, quando pequenas mudanças na grade, faróis e lanternas foram adotadas.

Embora rápido, o SHO não era ostensivo na aparência, com discretos defletores e saias e rodas de 15 pol, que no modelo 1993 (ao lado) já eram de 16 pol

Na linha 1990 o Taurus já oferecia bolsa inflável para o motorista e novo painel. Freios com sistema antitravamento (ABS) e rádio/toca-CDs também se tornaram opcionais. Um câmbio automático de quatro marchas substituía o de três usado no V6 de 3,0 litros. Para 1991 o ABS já vinha de série na versão LX e o motor quatro-cilindros, fraco para o porte do modelo, ganhava ânimo extra com uma injeção multiponto seqüencial, passando a 115 cv. Um novo pacote, chamado de L-Plus, enriquecia a modesta versão L com ar-condicionado, câmbio automático e travas elétricas. O SHO trocava as rodas de 15 pol pelas de 16 pol e recebia revisões no câmbio e na embreagem, para operar com maior suavidade.

A primeira revisão mais profunda do Taurus só veio em 1992. A reestilização foi evolucionária, deixando-o mais contemporâneo e, portanto, mais afastado da proposta original de um estilo à frente de seu tempo. Faróis e lanternas estavam mais afilados e os pára-choques seguiam a cor do carro em algumas versões. A essa altura, a concorrência já tinha se equiparado à Ford no quesito estético. Era a forma que a Ford encontrara de adaptar o Taurus ao jeito mais espartano do então líder de vendas nos Estados Unidos, o Honda Accord, primeiro modelo de um fabricante estrangeiro a alcançar tal façanha.
Continua

Saudades dos 80
Nostalgia não é um sentimento novo. Só nas últimas décadas já vieram febres retrô dos anos 50, 60 e 70. Algumas delas até voltaram. De uns anos para cá a década mais recordada — e debochada por seus exageros — tem sido a de 1980. A cultura de massa americana é uma das maiores responsáveis por isso e o Ford Taurus não deixa de fazer parte dela.

Além da boa metáfora do momento inserida em De volta para o futuro, filme mais visto em 1985, o cinema exibia com enorme sucesso criações protagonizadas por adolescentes e jovens, cujos atores foram apelidados de brat pack (turma de fedelhos). Entre os mais conhecidos títulos dessa vertente estão O clube dos cinco (The Breakfast Club), com a então ícone da juventude, Molly Ringwald, Os Goonies (The Goonies) e O primeiro ano do resto de nossas vidas (St. Elmo's Fire). E, apesar do espaço conquistado por Silvester Stallone nas bilheterias com Rambo e Rocky IV, havia espaço para filmes verdadeiramente adultos, como A cor púrpura (The color purple) e Entre dois amores (Out of Africa), que ganharia o Oscar no ano seguinte.
Na TV, Cybill Shepherd vivia às turras com o então estreante Bruce Willis em A gata e o rato (Moonlighting). Don Johnson e Phillip Michael Thomas viviam como astros de Hollywood, sempre elegantes, na moda e circulando num Ferrari Daytona, enquanto combatiam o narcotráfico em Miami Vice. A MTV já era uma febre entre os jovens. Um dos clipes mais reprisados na época reunia alguns dos maiores astros da música na época pela campanha USA for Africa. A idéia era ajudar a combater a pobreza no continente negro ao som de We are the world.

Na música — e, em conseqüência, nos clipes — nascia também uma superestrela provocadora e cheia de auto-ironia, a material girl Madonna. Mas era o rock que reinava nas rádios, após a ressaca deixada pela disco music dos anos 70. O mais americano dos ídolos nesse momento foi Bruce Springsteen, com seu álbum Born in the USA, de 1984. Politicamente consciente, ele criticava o próprio American way of life, mas é difícil acreditar que, com tanto sucesso, toda a audiência captasse suas profundas mensagens. Também venderam muito bandas como U2, Dire Straits, Duran Duran, Wham!, Starship, Simple Minds, A-ha, Tears for Fears, que ajudaram a formar o painel de uma geração.

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