Destinos separados

Nascidos juntos, dois médio-pequenos se reencontram
para opor as virtudes dos novos motores de 1,6 litro

No mesmo dia, no mesmo salão do automóvel -- o de Frankfurt, Alemanha, o maior do mundo, em sua edição de setembro de 1997 --, dois carros médio-pequenos europeus viam a luz do dia. No enorme estande da alemã Volkswagen, o Golf de quarta geração; alguns pavilhões adiante, na área da francesa Citroën, o Xsara, sucessor do ZX. Um ano depois ambos estavam disputando mercado em terras brasileiras, nas quais o VW se naturalizou em 1999.

Em 2001, uma nova coincidência uniu dois modelos de mesma idade e perfil diferente: ambos ganharam novos e modernos motores de 1,6 litro, que no Xsara substitui o anterior 1,8 e no Golf mantém a cilindrada, mas com uma série de novidades. Assim, não foi difícil para o BCWS definir este comparativo entre dois hatchbacks de cinco portas com porte (cerca de 4,1 metros de comprimento e 2,5 metros entre eixos), potência (101 cv o VW, 110 cv o Citroën) e preço (Golf, R$ 39.488, e Xsara, R$ 41.680, com todos os opcionais -- veja relação) semelhantes.

A rigor, o concorrente mais direto do Golf 1,6 seria o Xsara GLX, de acabamento mais simples e cujo preço básico está mais próximo ao do VW sem opcionais. Mas, aplicados a este último alguns equipamentos que o Xsara Exclusive traz de série, a diferença é quase eliminada, tornando bastante interessante a comparação.

Concepção e estilo   Nascidos ao mesmo tempo, os dois carros têm propostas algo diversas. Os Citroëns sempre se caracterizaram pelo desenho original, muitas vezes tão ousado que os carros saíam de produção sem ter ficado ultrapassados, como o DS de 1955. Já um Volkswagen segue, por definição, um projeto funcional mas sem grande inspiração em estilo -- até mesmo o supercarro W12 fica devendo o charme e a modernidade que se esperam desse tipo de automóvel.

Assim, não é surpresa que o Xsara pareça mais atual que o Golf. Mas há outro fator: a reestilização frontal aplicada ao modelo 2001, que o aproximou em aparência ao médio-grande C5 e à minivan Xsara Picasso. O resultado foi tão fiel que criou um problema para a Citroën: seu topo-de-linha no Brasil passa por um mais modesto Xsara quando visto de frente... De qualquer modo, os enormes faróis e o nada sutil emblema do double chevron na grade dividem opiniões, havendo ainda quem preferisse o modelo anterior, de faróis afilados e ainda hoje atraente.

Quanto ao VW, tem o mérito de criar imediata identificação com as gerações anteriores, tanto pelos faróis ovalados quanto pelas largas colunas traseiras. Se no Brasil isso pouco representa, na Europa vale muito pela tradição de 27 anos do automóvel (leia história). Os grandes pneus opcionais 195/65-15 (mesma medida do Passat) reforçam o ar robusto do Golf, enquanto os 195/55-15, de perfil baixo, adicionam esportividade e dinamismo ao Xsara. Continua