Na
língua Inuit falada pelos esquimós, Amarok significa lobo. Nome perfeito
para o belo picape de cabine dupla da Volkswagen que, de tão ágil e
fácil de dirigir, em muitos momentos se comporta como um carro de
passeio, ainda que suas generosas dimensões — com 5,25 metros de
comprimento e 1,94 m de largura — sugiram o contrário. Eleito pela
segunda vez o melhor da categoria pelos leitores do Best Cars, na
14ª Eleição dos Melhores Carros,
o Amarok foi colocado em avaliação completa em sua versão de topo, a
Highline, com câmbio manual (a nova
opção com caixa automática ainda não estava disponível).
Ao assumir o volante, poucos quilômetros são necessários para que o
condutor se acostume com seu tamanho e pense que de fato está dirigindo
um carro. O amplo interior é agradável e repleto de itens que tornam a
vida dos ocupantes mais fácil e confortável. A começar pela boa
acomodação oferecida pelos bancos dianteiros que, com ajuste de altura,
assim como o volante regulável em altura e distância, permitem a pessoas
de qualquer estatura encontrar bom posicionamento para dirigir.
Similar ao do Golf europeu, o painel é bem legível e dotado de
computador de bordo e de um interessante indicador para se trocar de
marcha, tanto para cima quanto — o que é incomum — para baixo. Faz
sentido, pois motores a diesel não se tornam mais econômicos quando
trabalham com grande abertura de acelerador e baixa rotação. Assim, a
sugestão de troca pode evitar que o motorista habituado a um motor do
ciclo Otto (a gasolina, álcool ou ambos) submeta o picape a um modo de
direção ineficiente.
Sem pecar por excessos, o interior transmite a sensação de sobriedade e
bom gosto, mas a aparência dos materiais plásticos poderia ser mais
sofisticada para um veículo de seu preço. O ar-condicionado automático
de duas zonas e o revestimento de couro são de série na versão. No banco traseiro, a altura do
assento e o ângulo imposto às pernas dos passageiros estão entre os
melhores do segmento, mas cabe ressalva à posição do encosto, um tanto
vertical.
A versão Highline traz sistema de áudio com uma grande tela de LCD,
sensível ao toque, e abriga seis CDs em disqueteira interna. No modelo
2012 a Volkswagen decidiu atender aos pedidos dos proprietários que
sofriam para estacionar o picape. Agora o Amarok conta com
sensores de estacionamento que, além do
aviso sonoro, acusa na tela a proximidade de obstáculos e outros
veículos quando a marcha à ré é engatada. Faltou o navegador integrado
ao mesmo sistema. Outras ausências sentidas são controles de áudio no
volante e uma simples entrada USB, recursos presentes em modelos bem
mais baratos da marca, como Fox e Gol.
Ainda que picapes do porte do Amarok transmitam a sensação de serem
brutos e nada suaves, a Volkswagen caprichou no comportamento de seu
primeiro modelo na categoria. A suavidade do sistema de direção pode ser
comparada à de um automóvel, enquanto a estabilidade em curvas se mostra
bem superior ao padrão desse tipo de utilitário. Mesmo com todo seu
tamanho — o entre-eixos chega a 3,06 m —, ele não apresentou
instabilidade ou grandes torções em curvas a mais de 100 km/h.
Parte da sensação de segurança se dá pelos largos pneus Continental em
medida 255/65 R 18. De caráter mais voltado ao asfalto que ao
fora-de-estrada, eles ajudam muito o Amarok a se manter "grudado" ao
chão. Outro ponto positivo do modelo está nas suspensões, que se mostram
suaves e progressivas, filtrando com eficiência as irregularidades dos
pisos. O picape comporta-se de forma estável e fácil de controlar também
em frenagens intensas e, como opcional na versão, traz
controle eletrônico de estabilidade e tração.
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